Elizângela Salles, mãe de Douglas Souza, ponteiro da Seleção brasileira de vôlei cujas postagens nas redes sociais têm repercutido nos últimos dias, desde que chegou na Vila Olímpica, no Japão, falou da sexualidade do filho, da apreensão que o preconceito e a perseguição que o atleta sofre há um tempo lhe causam e do quão orgulhosa está dele, pela segunda participação nos Jogos Olímpicos.

O ponteiro da Seleção brasileira de vôlei. (Foto: Getty Images)
O ponteiro da Seleção brasileira de vôlei. (Foto: Getty Images)

Na última edição dos Jogos Olímpicos, no Rio, em 2016, Douglas já vinha sofrendo ataques nas redes sociais. Ele tinha 20 anos, havia sido convocado, mas ficou no banco. Isso mexeu com ele, conforme o relato dado pela mãe em entrevista ao Extra, mas em compensação ele tomou a decisão de assumir sua sexualidade no mesmo período.

“Ele não tinha me contado ainda, mas sou mãe, já sabia. Quando percebi os ataques e o vi muito tristonho, escrevi para ele, dizendo que era para se jogar, se divertir, pois não sabia se era a primeira e última Olimpíada. Que o fato de ser gay não diminuiria todo o sacrifício que ele fez para estar onde estava e que não fazia a menor diferença para mim. Depois disso, ele abriu um sorrisão”, disse Elizângela ao Extra.

Porém, ele falou sobre o assunto primeiramente com o pai, quem Elizângela definiu como uma pessoa compreensiva, aberta ao diálogo.

Para além da dificuldade de ser atleta

Na entrevista, a mãe de Douglas Souza também falou sobre as dificuldades que a família passou para que o filho pudesse realizar o sonho de ser atleta, de modo que ela, que hoje é ex-esteticista e cuida apenas dos assuntos de casa, já havia chegado a ter três empregos para que o atleta jogasse vôlei.

Hoje, após todas essas barreiras financeiras, somadas às de distância causadas pelos deslocamentos para treino e cumprimento de temporadas completas de jogos, quem banca as contas da família é o próprio Douglas, que aos 25 anos joga pelo Taubaté e faz sua segunda participação nos Jogos Olímpicos pela Seleção brasileira.

No entanto, ele ainda enfrenta uma grande dificuldade: a do preconceito e perseguição sem sentido devido à sua sexualidade. Ainda em entrevista ao Extra, ela pontuou que “a única coisa que me faz sair do sério é ver as pessoas atacarem meu filho por ser gay. Se ele fica no banco ou o time perde, tem sempre um para fazer uma piadinha. Nunca foi fácil para ele, na verdade é duas vezes mais difícil. Ele está entre os 12 que foram convocados. É o único que representa a comunidade LGBT ali. Não é fácil. Então, quando vejo alguém ofendendo eu dou umas xingadas. Douglas não gosta que eu faça isso. Mas sou mãe, né?”.