Com três vitórias seguidas, o Brasil permanece invicto no Mundial de vôlei feminino. Contra a República Tcheca, um pequeno susto na estreia. No clássico contra a Argentina, mostrou evolução, apesar de cometer alguns erros. Contra a Colômbia, o time brasileiro embalou e apresentou o seu melhor nível na competição. O que faz, afinal, a Seleção ser considerada uma das candidatas a subir no degrau mais alto do pódio? Confira a nossa análise!
Elenco renovado e com boas opções
Com o fim dos Jogos de Tóquio do ano passado, houve a saída de algumas jogadoras veteranasda Seleção, casos deFernanda Garay, Natália eCamila Brait. Para ocupar essa lacuna, otécnico José Roberto Guimarães promoveu a estreia de jovens na Liga das Nações deste ano, como aconteceu com Kisy,Júlia Bergmann eJulia Kudiess. Destas, somente Bergmannnão está no Mundial, que decidiu terminar a sua faculdade nos Estados Unidos. No elenco, existe a mescla com nomes já consolidados, comoGabi, Carol,Carol Gattaz e Pri Daroit. Isso possibilitou que Zé tenha à disposição boas condições de rodar o timemantendo o mesmonível de jogo.
Neste Mundial, a lesão de Rosamaria, que era titular nos amistosos de preparação, gerou espaço para Pri Daroit, um dos principais nomes do Brasil até então. Eficiente no ataque, a ponteira tem alcançado dois dígitos de pontuação a cada jogo. Outro exemplo está na posição de líbero:Natinha entrou no lugar de Nyemedurante o jogo contra a Argentina e não saiu mais. A qualidade no passe é um de seus trunfos para adistribuição de bola de Macris ser eficaz aoacionar as atacantes.
Zé Roberto: inteligência na leitura de jogo
Vôlei brasileiro e Zé Roberto são, praticamente, sinônimos. Desde 2003, otécnico de 68 anos está à frente da Seleção feminina e acumula uma série de conquistas, como o bi olímpico em 2008 e 2012. Experiência e competência são aspectos que sobram no currículo do treinador. No Mundial, ele não conduz somente uma renovação, mas continua à beira da quadra bastante atuante. Em dois momentos, observou uma queda de desempenhono começo dos terceiros sets contra Argentina e Colômbia. Pediu tempo, chamou a atenção e não deixou o jogo sair de controle. Resultado: viradas e vitórias brasileiras. Além disso, soube manusear o elenco colocando todas as jogadoras em quadra em alguma das três partidas dando ritmopara um torneio longo – que pode chegar a 12 jogos.
Referência, Gabivive o auge da carreira
24 pontos na estreia, 15 contra as argentinas e outros 19 frente a Colômbia. Gabi fez um hat-trick ao terminar os três primeiros jogos como a maior pontuadora brasileira. As atuações não são por acaso. Sobrando, a camisa 10 é um dos principais nomes da atualidade e tornou-se referência dentro da Seleção, assumindo o posto de capitã após a aposentadoria de Natália. Pelo seu clube, oVakifbank, da Turquia, conquistou tudo o que tinha direito na temporada, incluindo a Champions League, torneio que saiu como o prêmio de MVP.
Para Daniel Bortolleto, editor-chefe do siteWeb Vôlei, não há uma dependência da ponteira no time brasileiro.”Não vejo uma dependência da Gabi. Só enxergo a Gabi sendo uma das principais jogadoras do mundo e, por conta disso, ela será cada mais vez utilizada. Para mim, não seria uma dependência, não”, avalia Bortoletto, em entrevista ao Bolavip Brasil.
Saque: fundamental para o sucesso brasileiro
Com Carol e Carol Gattaz na rede, o bloqueioé uma das principais armasdo time brasileiro no Mundial. Para o fundamento ter oêxito que se espera, o saque deve estar calibrado para atrapalhar o passe adversário, provocando erros.”O Brasil temum pontoque se funcionar muito bem ele pode ganhar detodo mundo: o saque. Muitas vezes, quando o saque não está eficiente, o time complica jogos que, em tese, não deveriam se complicar, além determais dificuldades para superar equipes melhores.Osaque precisa ser eficiente, sobretudo para os grandes jogos”, comentaBortoletto.
Contra a Colômbia, os dois fundamentos estavam afiados: houve 13 pontos de bloqueio (5 somente de Carol, especialista) e 7 pontos de saque (3 de Gabi). Apesar do time colombiano estar em um patamar abaixo, o “vizinho”venceu a Seleção no Sul-Americano de 2021 e busca uma das quatro vagas em disputa à próxima fase.
Após três rodadas ganhando ritmo, o nível dos adversários sobe: os últimos jogos do Brasil no grupo D são contra Japão (na sexta) e China (no sábado). Depois, o time começa a sua trajetória na segunda fase, onde irá enfrentar equipes do grupo A, reencontrando a Itália, algoz na decisão da Liga das Nações há dois meses.