Com a derrota para o Coritiba no Allianz Parque chegou ao fim a 5ª passagem de Vanderlei Luxemburgo pelo Palmeiras. A tragédia foi anunciada em cada jogo onde se via a distância da filosofia Luxemburgo da eficiência necessária para o comando de um grande clube. Na verdade, ao voltarem as atividades após a parada, constatou-se a defasagem do futebol palestrino em um misto de conceitos equivocados do treinador, com certa limitações do elenco. Todos tem sua parcela de participação no caos em que se transformou a trajetória Alviverde em 2020.

Chega ao fim a 5ª Era Luxemburgo no Palmeiras
Chega ao fim a 5ª Era Luxemburgo no Palmeiras

A dificuldade em elaborar um padrão de jogo que configurasse o Palmeiras como ofensivo, resultou em um time previsível e altamente dependente da defesa para se manter competitivo. Quando o setor defensivo não pôde contar com sua força máxima, ruiu qualquer pilar capaz de evitar revés.

A saga da inoperância contou com todo o receituário capaz de provocar colapso em um time de futebol: teimosia em escalações (insistência em Rony, confiança sem fundamento em Ramires); Demora de percepção em eleger o melhor caminho (a angustiante indefinição entre Raphael Veiga e Lucas Lima); Falta de timing para utilizar Wesley. Tais exemplos, entre vários, podem ser o tripé que de maneira triste fez definhar o treinador mais vitorioso da história do clube em um atestado de incompetência, ineficiência e atraso.

Na partida de ontem contra o Coxa, confusão e transe definiram o Palmeiras. Com Luiz Adriano totalmente desconectado e Felipe Melo em nítido declínio, o Alviverde foi envolvido por um time que não ganhava há 5 rodadas e já frequentava a zona de rebaixamento. Tomou três gols daqueles em que se percebe a passividade incapaz de prover reação.

Em um lampejo de criação de jogadas chegou ao único gol, feito por Veron, único jogador que demonstrava intensidade. O camisa 27 fez seu 3º gol no campeonato após um passe magistral de Patrick de Paula, jogador que parece uma ilha isolada no circulo central. Na sucessão de equívocos de Luxa em sua última partida no comando do Palestra, Patrick foi substituído incompreensivelmente.

A vitória contra o Ceará foi como aquele recuo que o mar dá antes de levantar o mega tsunami, a embusteira calmaria que precede a tormenta, a tempestade. Antes da partida com o time do Nordeste, uma sucessão de agoniantes empates pelo Brasileirão, ao vencer o Ceará, criou-se a expectativa do ponto de virada. Porém, na sequência vieram três derrotas que expuseram todos os vícios e falhas de um time preso a falta de propostas criativas de jogo.

O “canto do cisne” de Luxa no Palmeiras foi melancólico, ao mesmo tempo em que ficou claro que o pofexô parou no tempo, também ficou nítido que o time alcançou seu teto evolutivo. Assim como o treinador não conseguiu prover repertório tático, os jogadores levantam desconfianças de que atingiram seu limite. Está aí uma dúvida que só o próximo treinador poderá reverter. É evidente que o comandante que vem já chega com a missão de extrair do elenco uma produtividade que foi rara de ser encontrada até aqui.

Toda mudança, quando executada e encarada sem medo é o gatilho para uma janela de oportunidade. Espera-se na verdade uma mudança de postura de todos, promissoras metodologias não serão implementadas se os jogadores não  se dispuserem a imergir no novo, na busca em aprimoramentos que a nova maneira de enxergar e jogar o futebol exigem.

Há de se respeitar o passado vencedor de Vanderlei Luxemburgo no Alviverde, bem como, seu importante e recente trabalho de jogar luz na base do Palmeiras. A esperança real na juventude verde que ascende para o time principal é de certa forma inédita, e Luxa faz parte dessa construção. Na partida de ontem, no Allianz Parque, foi constrangedor vê-lo fechando seu ciclo no clube na beira do gramado, gritando em vão, sem sentido para o caos que se instaurara. Lembrou os violinistas do Titanic tocando suas últimas melodias em meio a um naufrágio.

A torcida do Palmeiras é grata ao Profexô por tudo que construiu e aos momentos épicos que conferiu ao Palestra. Estamos falando aqui do técnico mais vencedor da história do clube, o maior vencedor do Paulistão e o número 1 em títulos Brasileiros. Se despede com números razoáveis para um ano atípico e com o time bem encaminhado na Libertadores. Mas não encaixa mais, a hora é de reformatar e colocar o Palmeiras no rumo da modernidade, na vanguarda campeã que sempre caracterizou o Alviverde de Parque Antártica.