Protesto antes da semifinal estadual

As jogadoras do Avaí Kindermann entraram em campo neste domingo (12) exibindo uma faixa com a mensagem “Paguem nosso salário”, antes da vitória por 3 a 0 sobre o Marcílio Dias, pela semifinal do Campeonato Catarinense Feminino. O protesto, pacífico e simbólico, ocorreu diante do público presente e chamou atenção para a crise financeira vivida pelo elenco, que denuncia atrasos salariais desde o início de outubro.

Jogadoras do Avaí. Foto: Lua Matias/Avaí F.C
Jogadoras do Avaí. Foto: Lua Matias/Avaí F.C

O ato foi um desdobramento da nota pública divulgada pelas atletas no dia 4 de outubro. No documento, o grupo expressou “profunda indignação” e exigiu “respeito e igualdade” no tratamento do futebol feminino. “Não estamos pedindo um favor; estamos demandando que nossos direitos sejam garantidos”, afirmaram as jogadoras, em trecho do comunicado. A manifestação reforça o desgaste da relação entre o elenco e a diretoria do clube.

Mesmo com o cenário de instabilidade, o Avaí Kindermann manteve o foco dentro de campo e garantiu vaga na final do Campeonato Catarinense. A vitória sobre o Marcílio Dias foi tranquila, com atuação segura e superioridade técnica das Leoas. O time enfrentará o Criciúma na decisão estadual, mas a tensão nos bastidores segue como pano de fundo. O protesto reforçou a força coletiva das atletas, que decidiram não silenciar diante da situação.

Protesto de jogadoras do Avaí. Foto: reprodução/Redes Sociais

Nota das jogadoras expõe desvalorização

Na carta aberta, as atletas destacaram que o atraso salarial “reflete um descaso histórico com a modalidade”. O texto enfatiza que o futebol feminino “tem crescido e provado seu valor”, mas ainda carece de “profissionalismo e respeito equivalentes aos dedicados ao masculino”. A nota também cobrou medidas concretas da diretoria do Avaí, pedindo “pagamento imediato dos salários atrasados, transparência e garantia de que o problema não se repetirá”.

A manifestação repercutiu fortemente nas redes sociais, com torcedores e torcedoras expressando apoio ao elenco. Hashtags como #PaguemNossoSalário e #RespeitemAsLeoas ganharam visibilidade, pressionando o clube por uma resposta oficial. Até o momento, a diretoria do Avaí Kindermann não se pronunciou sobre o caso. O episódio reacende o debate sobre as condições de trabalho e o cumprimento de direitos no futebol feminino brasileiro.

A nota finaliza com um apelo contundente: “Nosso talento é incontestável, nossa paixão é inabalável, e nossa luta por um futebol feminino digno e profissional continua.” As jogadoras reforçam que a busca por igualdade não é apenas simbólica, mas uma necessidade urgente. O caso do Avaí Kindermann expõe uma ferida ainda aberta na modalidade: a precarização estrutural e o desrespeito contratual enfrentado por muitas atletas no país.

Reflexão sobre o futuro da modalidade

O protesto das Leoas ecoa além das quatro linhas, servindo como alerta para clubes e federações. A profissionalização do futebol feminino exige compromissos reais com gestão, pagamento e respeito. Enquanto o Avaí Kindermann segue em busca do título estadual, as jogadoras continuam em outra disputa por dignidade, justiça e cumprimento de direitos básicos. Como disseram na faixa exibida: “Paguem nosso salário”.