Em compasso de espera por novas auroras, a torcida do Palmeiras acompanhou a 4ª derrota consecutiva do Alviverde no Campeonato Brasileiro. Com um time modesto, certamente muito mais humilde quanto a dinheiro e estrutura, o Fortaleza venceu o Verdão por 2 a 0, no último domingo (18), na base da organização. Simples assim, um padrão capaz de compensar a falta de nomes badalados com bom posicionamento e objetividade. 

À espera de novos tempos
À espera de novos tempos

No dia de vácuo no comando técnico do time, o elenco alviverde mostrou que contribui bastante para a crise. Afinal, o desempenho desastroso de alguns jogadores, expondo suas limitações, deficiências e até mesmo desconexão com os propósitos de um time do tamanho em que jogam, deixou claro que o problema não estava apenas no atraso do antigo comandante.

Lucas Lima o pior do Palmeiras na partida do Castelão. Miguel Ángel Ramírez fará o camisa 20 jogar bola? (Foto: César Greco/Ag. Palmeiras)

Lucas Lima o pior do Palmeiras na partida do Castelão. Miguel Ángel Ramírez fará o camisa 20 jogar bola? (Foto: César Greco/Ag. Palmeiras)

 

Atuação comprometedora como a de Lucas Lima no Castelão aponta que o caminho está em uma reformatação geral. O jogo contra o Tricolor do Pici foi para ver como pensam futebol os elementos que estavam na "barca" de Luxa só que agora sem o comando do Profexô. Porém, a bizarra proposta de jogo se manteve: time espaçado, lento no passe e convidativo para que o adversário desenvolva o modelo ofensivo que melhor lhe convém. 

Na letargia ao assistir as jogadas adversárias, o Palmeiras viu a construção da jogada do primeiro gol do Fortaleza de maneira impassível. Passivo, o Palestra ficou na deprimente esperança do VAR salvar um gol resultante da inoperância de reação. O segundo gol tomado dá o tom patético de um elenco que não se acerta.  Não fosse Weverton, o desastre teria contornos de tragédia.

Weverton realiza defesa à queima-roupa. Decisivo para evitar uma goleada. (Foto: César Greco/Ag. Palmeiras)

Weverton realiza defesa à queima-roupa. Decisivo para evitar uma goleada. (Foto: César Greco/Ag. Palmeiras)

A zaga começa a entrar no mesma vibração do ataque, haja vista o destempero incomum de Gustavo Gómez no lance da expulsão. De fato, um jogo em que toda sobrecarga de time que não consegue buscar a vitória recaía no capitão paraguaio, atleta que é exemplo raro de excelência técnica no time do Parque Antártica.

Com um olho no jogo com o Fortaleza e outro nas notícias que davam conta da viagem do diretor Anderson Barros ao Equador, palestrinos acenderam a esperança de que o técnico Miguel Ángel Ramirez assumirá o acéfalo Palmeiras. O espanhol é bastante incensado nos últimos tempos como técnico revelação justamente por focar na formação da categoria de base, bem como por apresentar modelos de jogos ofensivos, justamente o que o presidente Maurício Galiotte procura.

A dúvida que fica é se Miguel Ramírez, com seus 35 anos recém completados, terá suporte emocional para aguentar a pressão que jamais teve no Independiente Del Valle. Ele já deixou claro que, para seu planejamento dar certo, precisa de tempo para prosperar. A cultura do futebol brasileiro decreta que três derrotas consecutivas, ou uma sequência de atuações que não convencem são o suficiente para ser declarada guerra entre opinião pública e projetos de treinadores.

Miguel Ángel Ramirez terá grandes desafios para colocar Palmeiras nos eixos. (Foto: Juan Mabromata/Getty Images)

Miguel Ángel Ramirez terá grandes desafios para colocar Palmeiras nos eixos. (Foto: Juan Mabromata/Getty Images)

O jovem e já aclamado técnico terá como desafio arrumar um time inexpressivo no posicionamento tático e com diversos jogadores que romperam com boas atuações há um tempo significativo. O espanhol fará Lucas Lima lembrar que é jogador profissional? Dará mais aprimoramento para Raphael Veiga? Terá paciência para transformar a correria de Rony em algo produtivo? Estes e outros enigmas que cercam o confuso Palmeiras se destacam com a proximidade do acordo entre treinador e o Palestra.

O Verdão passa por um momento de expurgos. Pessoas, que já prestaram bons serviços, fechando seus ciclos no Alviverde, pessoas que não desempenharam bem até aqui começam a ficar sem ambiente para continuar. Normal, coisas da vida, das trajetórias, é o Palmeiras trocando a pele. O desafio para os próximos jogos é brecar o tsunami que varre a paz e joga o Palmeiras cada vez mais longe do G4.

É necessário atenção para que o universo Palmeiras (torcida, direção e plantel) não gerem a espiral do caos, que coloque o Palmeiras em queda vertiginosa. Novos tempos se aproximam, paciência e resiliência são as palavras que devem nortear o Mundo Verde.