Gerson é o coringa de um Flamengo que dominou o futebol sul-americano em 2019 e que foi destaque no mundo da bola. A admiração de Jorge Jesus, o desempenho influente no encaixe de um time histórico, os elogios de Tite e a idade (23) são alguns dos fatores que deixam as portas abertas para um retorno à Europa. O jornalista Eric Faria, da TV Globo, informou que Chelsea e Borussia Dortmund estão muito interessados no meia brasileiro e devem apresentar propostas oficiais até o dia 20 de junho. Antes disso, o Lille e o Tottenham, de José Mourinho, já tentaram a contratação do jogador.
O Rubro-Negro pagou 11,8 milhões de euros (R$ 49,7 milhões) em julho do ano passado e deve receber propostas na casa de 35 milhões de euros (R$ 198,1 milhões) na janela de transferências de verão. A sua multa rescisória é de 70 milhões de euros (396,2 milhões de reais), mas o provável valor oferecido é muito relevante dentro de um cenário de Pandemia Global e crise econômica. Um ano se passou e estamos vendo uma valorização de quase 300% que é, facilmente, entendida quando analisamos o seu rendimento.
Ainda não existe nada de concreto, mas o interesse de clubes poderosos já provoca uma reflexão interessante sobre o futebol do camisa 8 da Gávea. Gerson já teve uma primeira passagem pela Europa, atuando por Roma e Fiorentina, mas não conseguiu ter a sequência necessária para explodir na Itália. Amadureceu, aprendeu e evoluiu, mas o rendimento foi irregular e sem muito brilho. O contexto da primeira passagem é explicado com a expectativa alta, a dificuldade de adaptação de um jovem atleta e o contato com técnicos que não conseguiram extrair o máximo do seu potencial. Longe disso.
A verdade é que o casamento com um clube organizado como o Flamengo foi o ideal para a sequência de carreira e o contato com Jorge Jesus foi fundamental para a explosão de Gerson. O técnico português conseguiu elevar o patamar de um jogador que sempre foi visto como uma grande joia e que era monitorado pelo Barcelona na época de Fluminense. O Mister enxergou o talento do meia, transformou a promessa em realidade e o mostrou para o mundo. Sorte a nossa.
Ele não é chamado de “The Joker” por acaso. Gerson já retornou ao Rio de Janeiro com o status de trunfo tático pela possibilidade de exercer diferentes funções em campo e por representar um salto técnico no setor. O apoiador pode atuar como segundo homem de meio-campo, primeiro, meia mais avançado, meia pela direita puxando para a canhota e até meia pela esquerda. A versatilidade foi desenvolvida no Velho Continente, mas ele precisava de uma mente que soubesse explorar toda a sua qualidade e, assim, receber o reconhecimento necessário. Isso aconteceu de maneira imediata com Jorge Jesus e o sucesso do coletivo tem ele como um dos protagonistas no 4-1-3-2/4-2-3-1 utilizado pelo Flamengo.
Números soltos não bastam, mas se tornam fundamentais quando utilizados para retratar a importância de determinado jogador em uma equipe. É o caso de Gerson e o aplicativo Sofascore levantou as estatísticas do meia nas seguintes competições: Brasileirão 2019, Libertadores 2019, Supercopa do Brasil e Recopa Sul-americana.
– 39 jogos
-2.286 ações com bola
– 4 gols
– 4 assistências
– 87% de aproveitamento nos passes
– 59/76 dribles certo (78%)
– 52 desarmes
– 32 interceptações
– Quase 60% de duelos ganhos
O resultado deixa claro que se trata de um atleta com relevância em todas as ações, com ou sem bola. É o termômetro da construção ofensiva, sempre está muito com a bola nos pés e dita ritmo, tem liberdade para avançar, ocupa bem os espaços do campo, intensidade sem bola e boa capacidade de marcação. É a típica peça que é importante em todas as fases do jogo e que entende o que o treinador deseja. Faz a engrenagem funcionar, tem físico para pressionar o adversário, organiza time, tem o passe de ruptura e potencializa os seus companheiros.
É um pacote completo, raro e valioso. Gera jogo com elegância, domina o meio-campo com maestria, mas com a velocidade que o jogo atual pede. A Roma contratou um ‘camisa 10 clássico’ em 2016 e, hoje, o Gerson pode ser um ótimo exemplo do meio-campista ideal que o futebol moderno necessita. Representa a evolução de uma função quase que extinta no esporte. Por que buscar o eterno camisa 10 romântico se você pode ter uma peça capaz de exercer todas as funções de meio-campo e que te possibilita variações? Estou falando de um jogador que já está pronto para contribuir com a camisa amarelinha e que deve ser o futuro da Seleção no setor, ao lado de nomes como Fabinho, Arthur, Matheus Henrique e Bruno Guimarães.
Para você, Gerson é o melhor meio-campista em atividade no Brasil?
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É natural que um jogador desse porte desperte o desejo de clubes europeus e é normal que o Flamengo tente segurá-lo até conseguir um retorno financeiro considerável. Afinal, idolatria, 5 títulos, identificação e rendimento encarecem o preço do produto. O clube carioca se organizou na parte administrativa, se tornou uma potência financeira e esportiva, mas me parece difícil segurar o camisa 8 por muito tempo na Gávea. Ele alcançou um nível de atuação alto e tem o aval de um Jorge Jesus respeitado no Velho Continente. A Europa já olha, de novo, com carinho para Gerson e me parece que ele está preparado para o desafio agora. É acima da média, aliou o dom do brasileiro com a mentalidade europeia e uma saída é questão de tempo e dinheiro.