Domingo (23)é dia de clássico paulista pelo Brasileirão. Palmeiras e Santos se encontram para o nomeado Clássico da Saudade, assim chamado por ser o jogo entre as equipes que na década de 1960 reuniam elencos titânicos no gramado. De um lado um Rei, do outro, umDivino, camisas 10 com tonelagens de futebol e criação.
Porém as saudades que envolvem o Palestra nesse jogo são mais recentes. Saudade preocupantecomo a angústia de ver o time sem atuar de maneira convincente há muito tempo. Em novejogos, a “involução” fica mais aparente e o Palmeiras se mostra distante de uma mínima organização tática capaz de fazer gols. Falta sincronia para as peças do atual plantel, bem como harmonia entre setores que precisam alinhar ações ofensivas.
A partida válida pela 5ª rodada do Campeonato Brasileiro acontece no Morumbi e marca o retorno do Palmeiras ao estádio do rival do Jardim Leonor depois de 13 anos. A saideira alviverde de jogos como locatário da casa são-paulina trás bons agouros. Naquele jogo em 2007, o Palestra de Caio Junior e Valdívia venceu outro rival, o que tem sede na Marginal Tietê, por 1 a0, gol de Nen.
O Palmeiras volta a alugar o Morumbi depois de tanto tempo por um motivo que parece roteiro de filme de ficção científica futurista. O Allianz Parque recebe evento para transmissão da final da Champions League no mesmo horário do duelo contrao Santos. A partida europeia fez o mandante se deslocar de seus domínios para buscar sua primeira vitória em clássicos no ano.
Não que seja um dado de total negatividade, já que em cincojogos foram quatroempates e uma derrota, mas não são esses os incômodos dados que preocupam, já que empatar clássico não é uma anomalia. O que preocupa são números que colocam o Verdão como o 19º clubeem grandes chances de gol criadas, com apenas DUAS anotadas. Isso mesmo, o penúltimo colocado entre os concorrentes. Ou o 17º colocado na média de finalizações, com apenas oito certas ao alvo.
Dados da pobreza do trabalho que se observam em campo, com nuances de time mal treinado e um monte de meias que criam menos oportunidades que o goleiro Weverton. Simplesmente sinistro e bizarro. Fazer a correlação entre a postura ofensiva do time com o mau aproveitamento em clássicos já faz sentido, pois os tais empates citados foram todos de 0 a 0. O Palmeiras só marcou em clássicos no salvador gol de Luiz Adriano na final do Estadual contra o maior rival.
Palestrinos chegam ressabiados para o confronto contra o time praiano. Os desfalques de Felipe Melo, ainda em recuperação, eMatias Viña,também lesionado, se somam ao pesadelo dos meias inoperantes. É surpreendente ver Vanderlei Luxemburgo pendurado na dependência de volantes, muitas vezes escalando trêspara começar a partidaquando os times de sucesso que comandou no passado contavam com meias que se destacavam pela ofensividade criativa.
Luxemburgo, bastante criticado e se equilibrando em um título paulista que tem data de validade como um possível “carteiraço” blindador de cornetagens, brada que chegou a hora de mudar. Depois de uma série de apostas mal sucedidas, laboratórios improdutivos, é bom que o Profexô esteja apto a barrar quem já deu claras provas de que não renderá.
Depois das péssimas atuações de Rony, chegou a hora de mexer na posição. Para isso, tem o veloz Wesley, que pouco foi testado, e a possível volta de Gabriel Veron, recuperado e disponível. Aesperança de melhoras para as linhas de frente do Palmeiras volta a pulsar na massa palestrina.
Luxa está com a ideia fixa de que seu dever é tornar o time “mais leve”. Na cabeça dele, Lucas Lima e Raphael Veiga são os incumbidos da tarefa, ao menos é o que indicam suas entrevistas que propaga. Acho que no peneirão de Luxemburgo são os aprovados nos testes do horror.
O “leve” do Pofexô significa mais aberto, menos recuado. Na prática, com a bola rolando, fica difícil de compreender essa pérola do luxemburguês, pois em qualquer das alternativas lançadas como desenho tático valeu-se da mesma ineficácia. Após a retomada dos jogos, das nove pranchetas de Luxa até aqui ele só alterou a formação tática no último jogo na Arena da Baixada, quando deslocou Gabriel Menino para direita e colocou Bruno Henrique como volante ao lado de Patrick de Paula.
No 4-4-2 da leveza, ficou com Lucas Lima a função de ser o garçom para Luiz Adriano e Rony. No entanto, o que se viu foi Bruno Henrique não dando conta e Gabriel Menino contribuindo pouco com a criação, claramente desconfortável em uma função com que não está acostumado. E dá-lhe Rony desconexo e Luiz Adriano correndo atrás de zagueiro. Em nome da prudência, o camisa 11 deve sair, já está constrangedor. Vamos de Willian Bigode em um primeiro momento, conservadorismo que ao menos dáuma ponta a mais de confiança.
O pitaco da coluna sobre a escalação do Palestra para o “Clássico da Saudade”: