Tite deixou o comando da Seleção Brasileira após a eliminação nas quartas de final na Copa do Mundo do Qatar. O treinador estava no comando da equipe canarinho desde 2016, e desde então foram 81 jogos, 60 vitórias, 15 empates, apenas seis derrotas, 174 gols marcados, 30 gols sofridos e um aproveitamento de 80,2%. Apesar dos números positivos, a Seleção sob o comando do treinador foi eliminada duas vezes seguidas nas quartas de final da Copa.

Foto: Thiago Ribeiro/AGIF | Jorge Jesus
Foto: Thiago Ribeiro/AGIF | Jorge Jesus


 
O treinador já havia anunciado que deixaria o comando da Seleção depois da Copa independente do resultado e desde então aumentou a discussão sobre a possibilidade de um treinador estrangeiro assumir a equipe canarinho. A ideia dividiu opiniões, para alguns o simples fato de o Brasil ser o maior vencedor da história das Copas é um indicativo que a equipe deve continuar sob o comando de um brasileiro, para outros as mais de duas décadas fracassando no Mundial é um sinal de que algo precisa mudar e uma dessas mudanças deve ser abraçar um treinador de qualidade independente de sua nacionalidade.


 
 Vale destacar que o boom de técnicos ‘gringos’ que assumiram os clubes brasileiros nos últimos anos e obtiveram sucesso também contribuiu para o interesse em ver um estrangeiro na Seleção.


 
A CBF se mostrou aberta a possibilidade e um dos nomes que ganhou força imediata foi o de Pep Guardiola que parecia ser uma unanimidade até mesmo entre aqueles que preferiam ver um brasileiro no comando da Seleção, porém o salário do espanhol estava fora do orçamento da Confederação Brasileira de Futebol. A partir de então outros nomes surgiram como Jorge Jesus, Abel Ferreira e mais recentemente Carlo Ancelotti, que rejeitou a possibilidade de assumir o Brasil neste momento.

Apesar de toda polêmica envolvendo a possibilidade de um estrangeiro assumir ou não a Seleção, o tema não é novo. Apesar de toda tradição do futebol brasileiro, e de o país ter a fama de melhor do mundo na modalidade esportiva, nem sempre o Brasil encontrou soluções caseiras para o comando da equipe canarinho e três ‘gringos’ já foram escolhidos para a função.


 
1.     Ramón Platero

 

O uruguaio Ramón Platero marcou a história do futebol brasileiro por vários motivos. E o primeiro deles foi em 1922 quando ele ousou treinar Flamengo e Vasco ao mesmo tempo. Não bastando ele realizou a façanha de se tornar o primeiro estrangeiro a treinar a Seleção. Em 1925, o treinador escolhido pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD) para comandar o Brasil no Sul-Americano foi Joaquim Guimarães, todavia o brasileiro assumiu o papel de diretor técnico e coube ao uruguaio assumir o papel de treinador da equipe naquela ocasião.  O resultado geral para a Seleção não foi das melhores, o Brasil goleou o Paraguai, mas também foi goleado pela Argentina. No segundo jogo contra a Argentina o Brasil empatou em 2 a 2, e o resultado rendeu uma confusão generalizada, protestos na Av Rio Branco e o “Palácio do Itamaraty chegou à conclusão de que o futebol não aproximava os povos”, segundo o site da CBF.


 
2.     Jorge Gomes de Lima – Joreca

Natural de Lisboa, Portugal, Joreca era jornalista esportivo, árbitro de futebol, lutador de boxe e fez história como treinador do São Paulo ao conquistar três campeonatos paulistas com a equipe (1943, 1945 e 1946). Assim como Ramón Platero, o português teve uma participação curta na Seleção Brasileira, ele recebeu o convite para comandar a equipe canarinho após ter conquistado o título paulista de 1943. Ele dividiu o comando da equipe com Flávio Costa em duas partidas contra o Uruguai, vencendo com suas goleadas por 6 a 1 e 4 a 0.


 
3.     Filpo Nuñez

 
Se atualmente existe uma enorme polêmica com o simples fato de um estrangeiro assumir a equipe canarinho, imagine a possibilidade de um argentino nessa função. Foi exatamente o que aconteceu em 1965, naquele ano a CBD indicou o Palmeiras para ser o representante do Brasil no festival de abertura do Mineirão e Filpo Nuñez era o comandante do Verdão na ocasião. A Seleção Brasileira venceu o Uruguai por 3 a 0, e os autores dos gols foram Rinaldo, Tupãzinho e Germano. Filpo Nuñez encerrou a participação de técnicos estrangeiros na Seleção Brasileira. Mas 2023 pode reservar um novo capítulo nessa história.