O título de campeão paulista 2020 começou a ser disputado em um jogo difícil de assistir, com poucas chances de gol. Ambas as equipes apresentaram um futebol indigno das expectativas criadas para o confronto. As desnecessárias provocações e animosidades vivenciadas pelos rivais nos momentos de preparação para o Derby não se traduziram em combustível capaz de levar a vitória que garantiria certa segurança para o Alviverde defender o resultado no jogo do próximo sábado (08).

Palmeiras ainda busca um padrão de jogo que se traduza em gol
Palmeiras ainda busca um padrão de jogo que se traduza em gol

Em uma mudança de postura, se comparada com a maneira que o Palmeiras atuou nos últimos jogos, no primeiro tempo o Alviverde esperou o adversário em seu campo de defesa. Para focar em palavras que constam no atual vocabulário de Vanderlei Luxemburgo, nada proativo, a estratégia utilizada na primeira etapa pelo técnico ficou no aspecto reativo. Time prostrado na defesa à espera de um contragolpe possível.

E desta forma poucas chances vieram, como no ataque puxado por Luiz Adriano e tabelado com Ramires no começo da partida. Talvez se o atacante não parasse para reclamar, sabe-se lá do quê, o Palestra teria uma chance concreta de abrir o placar logo aos 8 minutos. Aliás, embora tenha cumprido o papel de marcador sem maiores problemas, Ramires só foi reaparecer no jogo aos 46min do primeiro tempo ao perder o que seria a chance mais clara de gol palmeirense. A esperada progressão do meio-campista em armar com qualidade não avançou no primeiro clássico da final.

Weverton, em atuação impecável, que o valoriza ainda mais em sua trajetória palestrina, salvou o Verdão em duas bolas de grande perigo, de Ramiro e Mateu Vital. Bem posicionado, passou segurança a todos em uma noite que o time aparentava esperar o gol do rival.

Luiz Adriano foi inoperante no clássico e irritou demais a torcida do Verdão (Foto: César Greco / Ag. Palmeiras)

Luiz Adriano foi inoperante no clássico e irritou demais a torcida do Verdão (Foto: César Greco / Ag. Palmeiras)

Marcado de maneira extrema, Gabriel Menino não encontrou chance de criação. Com a bola no pé, no mínimo dois marcadores alvinegros o cercavam, contudo, Bastou ao meio campista desempenhar sem maiores problemas a cobertura do setor defensivo, que por sinal esteve bem posicionado. 

Além de Menino, Marcos Rocha também teve que se limitar às jogadas defensivas, praticamente não apoiou o ataque. Patrick de Paula se destacou pela atuação vigorosa. Nulo na armação, com a passividade palestrina coube ao volante dedicar-se aos desarmes e marcação no campo defensivo. 

Da paciência por conta de súbitas parada e retomada da pandemia ao acumulo de desconfianças. Este é o progredir de Rony no Palmeiras. Atuações de despertar a mais pura cabreiragem. Ontem, socado no setor direito, foi nula opção de ataque para o Palmeiras. 

É justo afirmar que ajudou bem na marcação, o que brecou o ímpeto de avanços do time da casa pelo seu lado. Mas seus números no jogo assustam. Perdeu inacreditáveis 22 bolas, cruzou 7 vezes para ninguém e perdeu 12 de 16 duelos pela bola. Porém, uma proatividade mais notável torna perceptível que ao menos algum progresso há, contudo, temos o paradoxo Rony: o jogador que evolui sem nada de objetivo criar.

No segundo tempo, Bruno Henrique deu mais altivez ao Palmeiras, sua entrada inverteu o protagonismo da partida. Era o Palmeiras que pressionava o rival citadino no campo de ataque, dando poucos espaços para construir. No entanto, Willian, ao qual depositei esperanças de ser um elemento que incendiaria o jogo ao entrar no decorrer da partida, nada agregou. Gustavo Scarpa apresenta vontade de jogo, mas abusa da imperícia, erra demais. Além do “paradoxo Rony” temos também o “enigma Scarpa”. Por que o camisa 14 não consegue traduzir em gol ou assistência seu empenho?

De funcional mesmo em Itaquera pelo lado alviverde destaca-se a atuação de Zé Rafael. Verdadeiro cão de guarda, não deixou Fagner solto. Combativo, porém incapaz de armar com qualidade. Às vezes parece faltar fundamento ao camisa 8, mas dentro da missão a ele conferida foi um ponto positivo no  medonho jogo de Itaquera.

Após a esperança causada pela atuação do jogo contra a Ponte Preta, o primeiro Derby das finais deixou uma sensação de que no Palestra ainda não se alcançou a harmonia necessária. Em ano pitoresco em todos os segmentos cotidianos, o palmeirense terá que exercer a peculiar tarefa de ter paciência com o encaixe do time em plena final contra o maior rival. Fundamental, a montagem do time repleta de experiências nessa reta final de Paulista deixou claro que a construção de elenco almejada não só refletirá no resultado do regional, mas no restante do ano.