A oposição do Conselho Deliberativo do São Paulo protocolou, na manhã desta terça-feira, o pedido formal de destituição do presidente Julio Casares. O movimento marca uma escalada inédita da crise política que se intensificou nos bastidores do clube nas últimas semanas.

MG – BELO HORIZONTE – 04/02/2024 – SUPERCOPA 2024, PALMEIRAS X SAO PAULO – Julio Casares Presidente do Sao Paulo durante partida contra o Palmeiras no estadio Mineirao pelo campeonato Supercopa 2024. Foto: Gilson Lobo/AGIF
© Gilson LoboMG – BELO HORIZONTE – 04/02/2024 – SUPERCOPA 2024, PALMEIRAS X SAO PAULO – Julio Casares Presidente do Sao Paulo durante partida contra o Palmeiras no estadio Mineirao pelo campeonato Supercopa 2024. Foto: Gilson Lobo/AGIF

O documento foi assinado por 57 conselheiros, número superior ao mínimo exigido pelo estatuto, e foi divulgado publicamente pelos líderes da oposição. A expectativa interna já era de que o pedido fosse formalizado ainda no início desta semana, diante do ambiente de forte desgaste da atual gestão.

Agora, a petição será analisada pelo plenário do Conselho Deliberativo. A oposição acredita que o presidente do órgão, Olten Ayres, deve acatar o pedido e convocar uma reunião extraordinária nos próximos dias para discutir o futuro do mandatário tricolor.

Pedido é direto e não prevê afastamento temporário

Inicialmente, a oposição cogitava solicitar apenas o afastamento temporário de Casares. No entanto, diante do agravamento do cenário político, a estratégia foi alterada para um pedido direto de impeachment, sem etapas intermediárias.

O Morumbi vivencia uma crise sem precedentes – Foto: Marcello Zambrana/AGIF

O pedido não envolve o vice-presidente Harry Massis Júnior, que assumiria automaticamente a presidência em caso de destituição. Massis está no cargo desde 2021, é sócio do clube há mais de seis décadas e é visto como nome de transição em caso de mudança no comando.

A avaliação dos opositores é de que não há mais ambiente político nem governabilidade para a permanência de Casares à frente do clube. Internamente, o movimento ganhou força após a divulgação de áudios envolvendo dirigentes e o avanço de investigações fora do Morumbis.

Crise política e acusações pesam contra a gestão

O pedido de impeachment se apoia na acusação de “administração temerária”. Entre os principais argumentos apresentados estão o descumprimento recorrente do orçamento, o crescimento da dívida — que superou R$ 968 milhões ao fim de 2024 — e negociações de jogadores consideradas abaixo do valor de mercado.

Também pesam denúncias relacionadas à suposta comercialização ilegal de ingressos de camarotes em eventos no estádio e investigações policiais que apuram possíveis desvios de verbas em negociações de atletas, envolvendo dirigentes e empresários ligados ao clube.

A oposição entende que o conjunto dos fatos compromete a credibilidade institucional do São Paulo e exige uma resposta imediata. O clube, agora, entra em uma fase decisiva nos bastidores, com potencial impacto direto no planejamento esportivo e administrativo da próxima temporada.