Seedorf no Botafogo

Após participar de um amistoso entre lendas do São Paulo e do Milan, no Morumbi, em dezembro de 2023, Clarence Seedorf deixou o estádio rapidamente quando questionado sobre o Botafogo, clube em que encerrou sua carreira há 10 anos. Ignorando perguntas sobre a recente perda do Brasileirão e a situação do Alvinegro, o holandês seguiu diretamente para o vestiário, causando certa controvérsia.

RIO DE JANEIRO – RJ – 27/12/2014 – JOGO DAS ESTRELAS, Seedorf durante o jogo das estrelas no Maracana. Foto: Pedro Martins/AGIF
© Pedro Martins/AGIFRIO DE JANEIRO – RJ – 27/12/2014 – JOGO DAS ESTRELAS, Seedorf durante o jogo das estrelas no Maracana. Foto: Pedro Martins/AGIF

Essa postura de evitar falar sobre seu ex-clube já havia chamado atenção dois dias antes, durante a inauguração de um projeto social no Rio de Janeiro. Esses incidentes levantaram dúvidas sobre como anda a relação de Seedorf com o Botafogo.

Essa relação, que antes era marcada por extremo carinho, teve início em 2011. Na época, liderado pelo então presidente Mauricio Assumpção, o Botafogo buscava uma contratação de impacto. Diego Ribas, do Wolfsburg, e Ronaldinho Gaúcho, em negociações com o Flamengo, foram cogitados, mas foi Serginho, ex-lateral do Milan e membro da diretoria do clube italiano, que sugeriu Seedorf.

Com 35 anos e na última temporada de contrato com o Milan, Seedorf poderia ser uma opção viável para o Botafogo, especialmente por sua conexão com o Brasil através de sua esposa brasileira.

Chegada do jogador ao Botafogo

Em junho de 2012, o Botafogo fechou contrato com o holandês Seedorf, visando não apenas os aspectos esportivos, mas também projetos de marketing que poderiam impulsionar a imagem do clube internacionalmente.

Uma parte significativa de sua remuneração estava ligada às campanhas publicitárias que realizasse para o clube, além do salário fixo. No entanto, ao longo de seu período de um ano e meio na equipe carioca, apenas uma propaganda foi produzida.

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Seedorf estabeleceu rapidamente laços de confiança com três indivíduos-chave: André Silva, então diretor de futebol, Anderson Barros, e o treinador Oswaldo de Oliveira. No entanto, todos esses membros deixaram o clube, o que deixou o holandês desconfortável.

Apesar de suas boas intenções, Seedorf causou irritação entre os colegas de equipe ao propor mudanças com muita rapidez. Uma das questões mais delicadas foi a sugestão de alterações no hino do clube – o jogador chegou a se reunir com membros da diretoria, mas posteriormente foi instruído a não mais abordar o assunto.

Saída de Seedorf do Botafogo

Apesar dos desafios financeiros enfrentados, o Botafogo conquistou um impressionante 4º lugar no Brasileirão, assegurando seu retorno à Libertadores após 18 anos. Seedorf foi uma figura central na temporada, contribuindo com 15 gols e nove assistências ao longo do ano.

Entretanto, ao virar o ano para 2014, o Botafogo planejou iniciar a pré-temporada em Saquarema em 7 de janeiro. Seedorf, citando questões pessoais, solicitou uma reapresentação apenas uma semana depois, pedido que foi aceito pela diretoria.

Uma mudança significativa afetou o grupo: Oswaldo de Oliveira, um dos aliados próximos do holandês, não teve seu contrato renovado. Eduardo Húngaro assumiria como técnico para a temporada da Libertadores, indicado por Mauricio Assumpção. Essa decisão desagradou profundamente Seedorf, que percebeu a perda de todos os pontos de apoio internos.

Descontente com as promessas quebradas, Seedorf encarou a saída de Oswaldo como o estopim. Ele optou por aceitar um convite direto de Silvio Berlusconi para assumir como técnico do Milan. Em conversas privadas, deixou claro que teria permanecido caso o treinador continuasse no cargo.