O Flamengo, principalmente nos últimos anos, esteve acostumado a estar no topo e brigar por diversas competições, mas neste ano, a realidade tem sido diferente. Em uma das temporadas mais turbulentas, o Rubro-Negro perdeu 5 das suas últimas seis partidas e parte dos sócios e até mesmo ex-mandatários parecem ter perdido a paciência.

Thiago Ribeiro/AGIF – Landim foi alvo de fortes críticas no Flamengo.
Thiago Ribeiro/AGIF – Landim foi alvo de fortes críticas no Flamengo.

Isso porque, nesta sexta-feira (24), foi divulgada uma carta que foi assinada por: 3 ex-presidentes do Flamengo, 246 pessoas de grupos políticos (Flamengo sem Fronteiras, Frente Flamengo Maior e SóFla), 6 Beneméritos, 4 Ex candidatos a presidência do Flamengo e 14 Ex Vice-presidentes.

Os nomes de peso tornam as reivindicações da carta ainda mais difíceis de serem ignoradas por Rodolfo Landim, presidente do Flamengo. Dentre as exigências que são feitas no longo texto, palavras fortes são usadas para descrever ogerenciamento atual do Rubro-Negro, chamado de“viciada em amadorismo”.

O Conselho de Futebol, em vias de esvaziamento, mostrou-se omisso e despreparado, formado por amadores que podem gostar, mas não entendem de futebol.Não pode ser chamado nem de “Conselho”, nem “de Futebol”. Até esta semana, a função do minúsculo “conselhinho” era servir de instrumento de influência do presidente do Conselho de Administração sobre o Departamento de Futebol“, diz um trecho da carta.

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Veja a carta na íntegra, disponibilizada pelo portal Globo Esporte:

OFLAMENGOPRECISA AVANÇAR – UM CHAMAMENTO À DIRETORIA DOFLAMENGO

Falamos ao Conselho Diretor na condição de integrantes do corpo social do Clube de Regatas doFlamengo. Somos de diferentes correntes políticas, inclusive egressos da situação e mesmo de nenhuma corrente. Somos sócios contribuintes, sócios Off Rio, sócios patrimoniais, sócios proprietários, eméritos, beneméritos, grandes beneméritos, ex-vice-presidentes e ex-presidentes. Antes de tudo, somos da torcida: estamos pelo Rio de Janeiro, pelo Brasil, pelo mundo, dentro e para muito além dos muros da Gávea.

Testemunhamos nos últimos anos como o Clube conseguiu vencer obstáculos até então considerados intransponíveis e se reerguer. Com muito sacrifício, e notável colaboração da torcida e do quadro social, o Clube recuperou credibilidade, diminuiu seu endividamento e voltou a ser potência.

Números em uma planilha não podem expressar o que aconteceu de mais importante no Clube nesse período: resgatou-se o amor-próprio e o orgulho de ser rubro-negro. Em um esforço conjunto da Nação, oFlamengorestaurou a própria dignidade. De cabeça erguida, pôde investir em infraestrutura, no aperfeiçoamento dos processos de gestão e nas competências profissionais.

OFlamengose consolidou como um modelo, o Clube Cidadão. Em 2019, a competência doFlamengocidadão foi recompensada com a chegada de Jorge Jesus, que materializou uma temporada de sonhos.

Lamentavelmente, junto com o vitorioso técnico, o profissionalismo, a competência e a transparência também deixaram oFlamengo. O Clube Cidadão, cumpridor das leis e dos contratos, respeitoso com o associado e consciente do seu papel na sociedade brasileira, foi, aos poucos, se perdendo.

Fora das quatro linhas, oFlamengoretrocedeu. Abandonando de forma voluntária alguns princípios consagrados na administração: moralidade; publicidade; impessoalidade; eficiência.

Com a criação de novas vice-presidências, ressuscitaram uma prática já extinta noFlamengo, a de inchar o quadro do Clube para acomodar aliados, entre amadores e profissionais.

Para cumprir acordos políticos, iniciou-se um processo de perseguição e demissão de funcionários competentes, substituídos por cabos eleitorais sem experiência comprovada.

Desde a escolha da agência de propaganda (a mesma que fez a campanha para a chapa vencedora) até a contratação como diretor de um lobista envolvido com um grupo dedicado à intimidação de jornalistas. Hoje, a impessoalidade passa longe da Gávea.

A conveniência e a conivência políticas também provocaram o prejuízo de milhões na malfadada negociação do contrato com a TV Globo no Campeonato Carioca, cujo desdobramento foi a implosão da relevância do torneio como produto.

O Departamento de Futebol é o mais impactado pelos retrocessos na gestão. O gerente de Futebol, responsável pela contratação de Jorge Jesus, foi demitido e substituído pelo primo de um dirigente. A contratação de profissionais de baixa qualidade ou sem experiência por “quem indica” tornou-se rotineira.

O fim do contrato de consultoria da Exos e a perda do legado construído pela Double Pass se somaram à defasagem da remuneração dos profissionais do Departamento de Futebol em relação a outros clubes. Perdemos profissionais para rivais. Alguns deles na Série B.

A falta de critérios é evidente na contratação e demissão de sete técnicos que geraram gastos de quase R$ 30 milhões apenas em rescisões, assim como na renovação de atletas com baixos níveis de rendimento e idades avançadas. Resultado de um processo de tomada de decisão que a cada dia se mostra disfuncional. Não é por acaso o arquivamento das propostas de profissionalização do Clube. OFlamengoestá viciado em amadorismo.

O Conselho de Futebol, em vias de esvaziamento, mostrou-se omisso e despreparado, formado por amadores que podem gostar, mas não entendem de futebol. Não pode ser chamado nem de “Conselho”, nem “de Futebol”. Até esta semana, a função do minúsculo “conselhinho” era servir de instrumento de influência do presidente do Conselho de Administração sobre o Departamento de Futebol.

Restam, ainda sem explicação, a tentativa de se comprar um clube em Portugal e a abertura secreta de uma empresa nos EUA em nome doFlamengono nome de dois vice-presidentes, sem qualquer consulta prévia ou aprovação pelos conselhos do Clube. OFlamengose tornou um inimigo da transparência.

A prática política da Diretoria reproduz em muitos aspectos o que há de pior nos piores governos: a sede por sabotar a democracia. Arrogância na condução dos processos contra o Clube, perseguição aos sócios de oposição, aumentos abusivos das mensalidades e subsequente limitação no número de sócios Off Rio, ocasionando a redução do quadro de sócios e do colégio eleitoral.

Pior, oFlamengobrigou na justiça para descumprir a lei, atuando contra o direito dos associados, garantido pela Lei Pelé, de votar à distância na eleição do Clube. E ainda tentou expulsar do quadro social um ex-presidente por conta do que fala – e não pelo que fez ou deixou de fazer.

Os atuais presidentes do Conselho Diretor e do Conselho de Administração se ausentam em momentos difíceis. O presidente do Conselho Diretor não fala à torcida quando a corda aperta. Age como se estivesse mais preocupado em gerir a própria imagem do que a do Clube. E, nisso, descumpre a promessa de campanha de cobrança constante. Já o presidente do Conselho de Administração, figura pública nas horas de vitória, some nas horas de crise, como se esperasse no banco de reservas.

Provado está que as ações dos dirigentes fora das quatro linhas se refletem de forma direta no rendimento doFlamengoem campo – campo, aliás, que mal temos, dada a crônica má qualidade do gramado do Maracanã. Como torcedores e sócios, é nosso desejo que 2019 não seja apenas um cometa que atravessou a órbita doFlamengo, sem data prevista para o seu retorno. Ainda restam 30 meses de gestão e os retrocessos não podem mais ser ignorados. Se esses retrocessos forem corrigidos, ainda há tempo para que oFlamengoretorne ao caminho das vitórias.

Esta carta é um chamado à ação para a Diretoria. Nós, a exemplo de vocês, só aceitamos o “vencer, vencer, vencer”. Nós, a exemplo de vocês, almejamos estar à altura da obra de engrandecimento do Clube iniciada por nosso presidente histórico José Bastos Padilha. Somos todosFlamengo, e o que nos une está acima das disputas de poder. Acreditamos que oFlamengonão possa ser governado sozinho.

Aos vencedores nas urnas, a liderança dos conselhos. A quem não venceu, a colaboração e cobrança pela governança do Clube. Sem oposição e sem independentes, sem a cooperação desses no controle e na melhoria dos processos e do regramento interno, oFlamengonão cresce. UmFlamengoreservado a alguns poucos coroados, sem disposição para sequer dialogar, é umFlamengonecessariamente menor.

Por isso, cobramos: a revisão e a redução imediata do papel dos amadores nos departamentos ligados às vice-presidências de Futebol e Esportes Olímpicos; a contratação de um diretor de Futebol profissional de nível internacional, à altura do investimento no Futebol; a extinção e não-reconstituição do Conselho de Futebol; a reconstituição de uma comissão técnica permanente no Futebol; a revisão independente do trabalho do Departamento Médico no Futebol; a revisão independente da atuação da empresa encarregada da manutenção do gramado do Maracanã; a revisão do reajuste imposto em agosto de 2020 aos sócios contribuintes Off Rio; o apoio do Conselho Diretor à derrubada do teto numérico à expansão da categoria Off Rio; o apoio do Conselho Diretor à colocação em pauta das propostas de profissionalização do Clube, a começar pelo Futebol; o apoio do Conselho Diretor à reforma eleitoral com direito assegurado a votar à distância por meio online e de forma presencial via urna eletrônica; a implantação de uma estrutura profissional de atendimento ao torcedor rubro-negro visitante, ligada ao Departamento de Marketing e Comunicação. Cobramos, sobretudo, o apoio do Conselho Diretor à imediata e ampla reforma estatutária doFlamengo, conforme compromisso assumido de forma pública durante a campanha pelo presidente eleito. Essas são medidas urgentes.

Vivemos um momento decisivo na história do futebol brasileiro, de mudanças que se anunciam profundas na governança dos clubes. Para fazer frente ao desafio que vem de fora, oFlamengodo amanhã precisa de sócios, e não de súditos. Sem perseguições. Com reformas. Para seguir líder.

Uma vezFlamengo, sempreFlamengo.