Brasileiro é o inventor do spray de barreira

Uma tecnologia aparentemente simples, como o spray utilizado nas partidas de futebol, tornou-se indispensável. No entanto, a espuma que delimita a posição dos defensores na cobrança de falta levou anos para ser aprovada pela International Board (IFAB).

NEWCASTLE UPON TYNE, ENGLAND – AUGUST 17:  Referee Martin Atkinson sprays his magic free kick line spray during the Barclays Premier League match between Newcastle United and Manchester City at St James' Park on August 17, 2014 in Newcastle upon Tyne, England.  (Photo by Stu Forster/Getty Images)
© Getty ImagesNEWCASTLE UPON TYNE, ENGLAND – AUGUST 17: Referee Martin Atkinson sprays his magic free kick line spray during the Barclays Premier League match between Newcastle United and Manchester City at St James' Park on August 17, 2014 in Newcastle upon Tyne, England. (Photo by Stu Forster/Getty Images)

Heine Allemagne, natural de Minas Gerais, é o criador dessa inovação. Seu experimento alcançou reconhecimento global e foi utilizado em uma Copa do Mundo. “Sinto-me realizado. É muito gratificante ver o spray estrear em um Mundial aqui no Brasil. Poderia ter acontecido antes, mas o importante é que se concretizou”.

Para divulgar o projeto, Allemagne viajou pelo mundo. Segundo seus cálculos, investiu mais de R$ 2 milhões para participar de congressos, reuniões da FIFA, CONMEBOL e eventos relacionados ao futebol.

“Vivi o futebol de uma maneira que poucas pessoas têm a oportunidade de vivenciar. Conheci indivíduos influentes, como João Havelange, que era um contato meu. A partir daí, fiz novas conexões e participei dos bastidores do futebol”, relata Allemagne.

Mas como surgiu a invenção?

Heine Allemagne estava assistindo a um confronto entre Brasil e Argentina em 1999, quando uma observação de Galvão Bueno durante a transmissão chamou sua atenção. Enquanto o árbitro tentava organizar uma barreira desobediente, Galvão comentou: “Quero ver o cidadão que vai manter a barreira no lugar”.

Esse comentário foi o gatilho para Heine dedicar-se a um projeto inovador: a criação de um spray, semelhante aos usados para barbear, mas cuja espuma desaparecesse minutos após a aplicação. Esse spray poderia ser utilizado pelos árbitros para fazer marcações temporárias, incluindo a definição do espaço de 9m15 entre a barreira e a bola em cobranças de falta.

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Heine uniu esforços com um laboratório no Paraná e, em outubro de 2000, submeteu o pedido de patente para a “composição espumosa em spray para demarcar e limitar distâncias regulamentares nos esportes”.

No entanto, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial só avaliou o requerimento em 2008. Após a Spuni atender às exigências apontadas, o INPI finalmente aprovou o pedido em junho de 2009 e concedeu a patente.

Saiba mais sobra a batalha na justiça

Heine Allemagne e sua empresa, a Spuni Comércio de Produtos Esportivos, alcançaram mais uma vitória significativa nos tribunais: um juiz da 25ª Vara Federal do Rio de Janeiro negou o pedido da FIFA e reconheceu Heine como o inventor do spray utilizado por árbitros de futebol.

A decisão, assinada pelo juiz Eduardo André Brandão de Brito Fernandes, foi proferida na última quinta-feira (21). No processo movido em agosto de 2019, a FIFA alegava falta de atividade inventiva e solicitava a anulação da patente brasileira. Contudo, ainda é possível recorrer da decisão.

Este não é o primeiro embate legal entre Heine Allemagne e a FIFA. Desde 2017, a FIFA é ré em outro processo iniciado por Heine no Rio de Janeiro. Nesse caso, ele acusa a entidade máxima do futebol de agir com má-fé.

Com isso, busca uma indenização de US$ 40 milhões (aproximadamente R$ 206 milhões na cotação atual) pelo uso não autorizado de um produto patenteado por ele.

Veja a reação da galera