O Palmeiras entrou no estádio Defensores Del Chaco, em Assunção, para enfrentar o Guaraní com o objetivo de vencer e garantir a vaga nas oitavas de final da Libertadores, mas foi incapaz de achar o caminho do gol. Constatação tão clichê quanto apontar os frequentes pecados da bola cometidos pelo Alviverde. São notórios e recorrentes os problemas. Ainda que dos males o menor – porque não foi derrotado -, o invicto que não ganha tem a sina de empatar.
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Não perder tem muito do mérito de uma zaga de responsabilidade e qualificada – uma das melhores do país. A falta de ofensividade é compensada com a solidez da zaga, frase pronta e de efeito assim como a popular “o medo de perder tira a vontade de ganhar” que tem instigado provocações ao seu autor, Vanderlei Luxemburgo.
Gustavo Gomez fez uma partida sublime. O zagueiro paraguaio do Palestra forma uma segura e competente zaga com Felipe Melo (Foto: César Greco/Ag. Palmeiras)
Time que encontra sobriedade apenas na zaga fica fadado a ter dificuldades em vencer, e exposto a questionamentos incômodos quanto a medos e incapacidades. Seria injusto afirmar que, do meio para frente, o Palmeiras não funciona, pois acompanha-se um progresso, nomes já foram positivamente destacados e lugares promissores encontrados. É inegável que, por exemplo, achamos um Gabriel Menino como talento que pulsa e se afirma, ou que Lucas Lima encontrou seu papel a desempenhar. Mas a dificuldade de continuidade no padrão de jogo compromete esse avanço ou, ao mínimo, levanta dúvidas como se há um limite para as melhoras, ou seja, consegue voar além do teto, o Palmeiras 2020?
Na partida contra o Guaraní, além da habitual dificuldade em encontrar o gol, o Palmeiras encontrou um adversário de forte marcação que complicou a saída de bola alviverde, bem como promoveu um paredão paraguaio rígido. Muito presente na partida, Matias Viña buscou ofensividade pelo seu setor, e foi muito combativo da defesa.
Recuado, o Palmeiras não foi capaz de aproveitar os arranques de Viña e Menino, que, assim como Zé Rafael, fizeram uma partida intensa, com importantes desarmes, porém não conseguiram compactar o time. Mesmo bem posicionado na defesa, o Palestra padeceu pelos grandes espaços que foram de fácil preenchimento pelo Guarani.
Lucas Lima teve atuação apagada contra o Guarani do Paraguai (Foto: César Greco/Ag. Palmeiras)
Ataque Inerte
Lucas Lima realizou uma partida náutica, jogou a âncora no campo de defesa, aproveitando a tendência retraída do time e “boiou” a maior parte do jogo. É aí que voltamos à frase de Luxa, pois se é claro que não falta vontade para ganhar, já que ao menos não há falta de brio, o mesmo não se pode dizer sobre o medo de perder, pois a postura retraída indica que se joga com o que, talvez, seja o receio excessivo de um revés. Isso reflete nos atacantes isolados na frente, como é o caso de Luiz Adriano, que ontem teve Gabriel Veron como companheiro de solidão. O craque, que estreou como titular, já sofreu com a falta de conexão com o setor criativo do time.
Patrick de Paula fez falta no Defensores Del Chaco, principalmente na saída de bola e no respeito que impõe na meia cancha palestrina, mas Danilo está no mesmo caminho de personalidade. Compôs bem a dupla com Gabriel, tem um toque de bola refinado e um ímpeto digno de quem sobe ao time principal para agregar e potencializar ainda mais uma característica formadora que marca o Palmeiras nos últimos tempos.
Sobre ausências e presenças no time, a torcida viu o que, talvez, seja a formação desejada. Veron iniciando a partida, Patrick substituído com qualidade, miolo de zaga titular e impecável, as duas laterais bem cobertas. Frustra ver que o ataque almejado não é municiado e o time não encontre gols e vitórias.
Gabriel Veron fez sua primeira partida desde o início. Parou no paredão do Guarani e não conseguiu repetir as recentes atuações ofencivas e eficientes (Foto: César Greco/Ag. Palmeiras)
Obviedades
O medo de perder também se escancara quando, em entrevista coletiva ao final do jogo, o Profexô louva o empate, dando a entender que, sim, seu time joga pelo empate. Só faltou perguntar, “E daí?”. É fato que a situação do Verdão na tabela da Libertadores é de certa vantagem, uma vitória ontem carimbava o passaporte para a próxima fase, mas o que espanta são as tendências gaúchas que Luxemburgo apresenta. O estrategista, que se caracterizou por times ofensivos, hoje pena para ver seu time encontrar as redes adversárias e se apoia na consistência do sistema defensivo para garantir pontos.