Ivy Faria, filha de 16 anos do ex-jogador e atual senador Romário (PL-RJ), divulgou nesta terça-feira (17/08) uma carta aberta ao Ministro da Educação do governo Jair Bolsonaro (sem partido-RJ), Milton Ribeiro.
Nesta semana, em entrevista para a TV Brasil, o político afirmou que crianças com deficiências como a de Ivy “atrapalham, entre aspas”, o aprendizado de outros alunos sem a mesma condição na sala de aula no cotidiano das escolas.
“A professora não tinha equipe, não tinha conhecimento para dar a ela atenção especial”, disse Ribeiro na entrevista, que revoltou Romário e fez com que Ivy se manifestasse através de sua conta no Instagram, onde disse estar “muito triste” com o Ministro.
Ela começou: “Seu Ministro da Educação, aqui é a Ivy. Eu estou muito triste com senhor. Sabe, eu tenho síndrome de Down, sou uma pessoa com deficiência, e sou estudante. Estudo para ter um futuro e ajudar o meu país. Eu não atrapalho ninguém. Frequento uma escola regular, onde há jovens com e sem deficiência. Cada um aprende no seu tempo, ninguém é igual”.
A minha presença e a de outras pessoas com deficiência não é ruim, muito pelo contrário, desde a escola, meus coleguinhas aprendem uma lição que parece que o Sr. não teve a oportunidade de aprender: que a diversidade faz parte da natureza humana e isso é uma riqueza. A fala do senhor revela muita falta de educação, como pode achar que a deficiência torna alguém incapaz de estudar? A deficiência não nos torna incapaz de nada, basta que tenhamos oportunidade.
Em seu texto, diz que há “um monte de gente com deficiência formado na universidade e trabalhando para Brasil”, como advogados e relações-públicas. “Seu Ministro, uma criança com deficiência em sala de aula contribui mais com a educação deste país do que o senhor neste ministério”, encerrou.
O pai de Ivy também reagiu às declarações do Ministro para a TV Brasil. “Somente uma pessoa privada de inteligência, aqueles que chamamos de imbecil, podem soltar uma frase como essa. Eles existem aos montes, mas não esperamos que estes ocupem o lugar de ministro da Educação de um país”, afirmou o ex-atleta no Twitter.
Ribeiro, por sua vez, usou a mesma rede social para rebater: “É muito deselegante quando um representante do parlamento se dirige desta maneira a um ministro de estado”, alegando que sua fala foi tirada de contexto.