Em entrevista ao jornal “Le Parisien”, o ex-lateral Patrice Evra, com passagens pela seleção francesa e pelo Manchester United, tratou de temas diversos do futebol. Ele lançou recentemente a sua autobiografia “I love this game” (“Eu amo esse jogo”, em tradução livre) e aproveitou o momento para responder questões dos leitores do jornal.

Patrice Evra jogou pela seleção francesa (Foto: Wagner Meier/AGIF)
Patrice Evra jogou pela seleção francesa (Foto: Wagner Meier/AGIF)

Um dos temas foi justamente a homossexualidade dentro do ambiente do futebol masculino e Evra não se acanhou em tratar do assunto. Ele contou que esse é realmente um tabu dentro dos clubes e que alguns jogadores já tinham lhe dito que eram homossexuais, mas tinham medo das represálias ou das reações dentro do próprio vestiário.

“Quando estive na Inglaterra, levaram uma pessoa para que falasse à equipe sobre a homossexualidade. Alguns dos meus companheiros disseram nessa conversa: ‘Vai contra a minha religião, se houver um homossexual neste vestiário, tem de deixar o clube’”, começou Evra.

“Nesse momento, eu disse: ‘Calem-se todos’. Conseguem imaginar? Já joguei com jogadores que eram homossexuais… Um a um, se abriram comigo porque tinham medo de falar sobre o assunto de outra forma. Existem pelo menos dois jogadores por clube que são homossexuais. Mas no mundo do futebol, se você revela isso, está acabado”, concluiu o francês.

Rangnick conseguirá fazer um bom trabalho a frente do United?

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Na conversa, Evra não revelou por qual time inglês jogava na ocasião. Ele atuou pelo Manchester United de 2006 a 2014, antes de sair para a Juventus, e voltou à Inglaterra em 2018, quando jogou algumas partidas pelo West Ham. Hoje, não existem jogadores gays na Premier League, mas os clubes estão trabalhando para promover a inclusão por meio de campanhas.

O técnico do Liverpool, Jurgen Klopp, já tratou do assunto em entrevistas e faz parte da campanha. Segundo ele, a sua própria visão mudou muito com o tempo e que passou a entender os problemas que pessoas homossexuais passam na vida, especialmente em ambientes esportivos.

“Eu sou o exemplo perfeito de como o nível de conhecimento e percepção muda. Eu tenho 54 anos e passei por muita coisa, mas muitos problemas eu nunca tive. Eu tenho muitos amigos gays, mas nunca tinha pensado em como foi para eles contar aos pais e a todas as outras pessoas [que eram homossexuais]. É um tipo de desafio que não deveríamos ter e por isso estou dentro da campanha”, contou, em novembro do ano passado.

O futebol masculino só tem um jogador que é homossexual assumido: Josh Cavallo, de 22 anos, que joga no Adelaide United, da Austrália. Ele, inclusive, sofreu com gritos homofóbicos na semana passada, em jogo contra o Melbourne Victory. Cavallo usou as redes sociais para repudiar a ação homofóbica.

“Eu não vou fingir que não vi ou ouvi as manifestações homofóbicas no jogo. Não existem palavras para falar o quão desapontado eu estou. Isso não deveria ser aceito e nós precisamos passar a encontrar os responsáveis por esse tipo de atitude. Eu nunca vou me desculpar por viver a minha verdade e quem eu sou fora do futebol”, escreveu.