Fifa fecha patrocínio com empresa estatal Saudita

Um grupo de mais de 100 jogadoras do futebol mundial enviaram uma carta à Fifa e seu presidente, Gianni Infantino, pedindo a rescisão do contrato de patrocínio da Aramco, empresa da Arábia Saudita.

Presidente da Fifa, Gianni Infantino. Foto: Robert Cianflone/Getty Images
© Getty ImagesPresidente da Fifa, Gianni Infantino. Foto: Robert Cianflone/Getty Images

O acordo da estatal petrolífera e da entidade máxima do futebol tem vínculo assinado em abril, com duração de quatro anos. Os valores giram em torno de 100 milhões de dólares por ano (cerca de R$ 570 milhões).

Assim, o contrato dá direito à Aramco vincular sua imagem à Copa do Mundo masculina de 2026 e também ao próximo Mundial feminino, que acontece no Brasil em 2027.

O documento é assinado por nomes como Vivianne Miedema, capitã do Manchester City; Jessie Fleming, capitã da seleção do Canadá, e Becky Sauerbrunn, a zagueira da seleção dos Estados Unidos.

Carta das jogadoras à Fifa

As jogadoras afirmam que a empresa representa um país que desrespeita a igualdade de gênero e os direitos humanos: “Pedimos à Fifa que reconsidere esta parceria e substitua a Saudi Aramco por patrocinadores alternativos cujos valores estejam alinhados com a igualdade de gênero, os direitos humanos e um futuro seguro para o nosso planeta. Também propomos a criação de um comitê de revisão com representação de jogadoras, para avaliar as implicações éticas de futuros acordos de patrocínio e para garantir que eles estejam alinhados com os valores e objetivos do nosso esporte”.

O texto também traz como exemplo diversos casos de violação cometidos pelo governo da Arábia Saudita, aos direitos das mulheres e à liberdade de expressão cometidos:

“Este é um regime que, em janeiro de 2023, condenou Salma al-Shehab, uma estudante de doutorado de Leeds (Reino Unido), higienista dental e mãe de dois filhos, a 27 anos de prisão, seguidos de 27 anos de proibição de viajar, por retweetar mensagens a favor da liberdade de expressão. É um regime que só permitiu que as mulheres dirigissem em 2018 e, mesmo assim, prendeu as mulheres que lutaram por esse progresso, submetendo-as a assédio sexual e tortura durante os interrogatórios. As que foram libertadas ainda estão sob proibições de viagem e enfrentam restrições à sua liberdade de expressão, incluindo a ativista dos direitos das mulheres Loujain Al-Hathloul e sua família”.

Príncipe da Arábia Saudita, Mohammed Bin Salman Al Saud, e presidente da Fifa, Gianni Infantino. Foto: Pool/Getty Images

A carta também cita a pouca presença de mulheres no conselho da Fifa: “As decisões recentes da Fifa são tomadas por um Conselho de 37 membros, dos quais apenas 8 são mulheres (22%). Essas são decisões feitas por homens privilegiados o suficiente para não serem ameaçados pelo tratamento que as autoridades sauditas dão às mulheres, à comunidade LGBTQ+, a migrantes, minorias ou àqueles cujos presentes e futuros estão mais ameaçados pela mudança climática.”

Fifa responde carta das jogadoras

Em resposta, a Fifa falou ao jornal inglês The Guardian sobre a importância do patrocínio da Aramco e destacou a importância do patrocínio para os investimentos na categoria.

“As receitas de patrocínio geradas pela Fifa são reinvestidas no jogo em todos os níveis e o investimento no futebol feminino continua a aumentar, incluindo para a histórica Copa do Mundo Feminina de 2023 e seu novo e inovador modelo de distribuição“, disse a entidade.