Bastidores da final Olímpica no Maracanã

Rogério Micale, primeiro treinador a ser campeão Olímpico com a Seleção Brasileira de futebol, concedeu entrevista ao Bolavip Brasil antes do início dos Jogos Olímpicos de Paris. Durante a conversa, o treinador de 55 anos comentou sobre os bastidores da conquista de 2016.

Rogério Micale na final Olímpica de 2016 entre Brasil x Alemanha
© Getty ImagesRogério Micale na final Olímpica de 2016 entre Brasil x Alemanha

Segundo Micale, os bastidores da final contaram com um misto de vontade de fazer história e quebrar a sequência de vitórias da Alemanha no futebol. Além disso, o treinador comentou como foi lidar com o Maracanã lotado.

“Em relação à final, realmente tinha muita pressão. Também estávamos nos cobrando para ganhar, pelo momento que a Alemanha vivia. Eles estavam ganhando tudo e a gente não podia deixar escapar dentro da nossa casa. Uma vitória sobre eles era muito importante para nós do futebol brasileiro.” disse o treinador antes de dizer como foi lidar com a pressão da final em casa.

“Existia uma pressão sim, até por tudo que aconteceu em 2014 com a Seleção principal pela goleada que sofremos. Então, eu tinha uma preocupação de não sair atrás por ter um desequilíbrio emocional da torcida. Não sabíamos como a torcida ia reagir, estava preocupado em relação a isso, mas também tínhamos muita vontade de ganhar e era um momento importante para o grupo.”recordou Micale

Momento delicado na fase de grupos e talentos do time

Na sequência, o treinador comentou sobre os dois primeiros jogos que a Seleção empatou. Até a última rodada,muitas dúvidas foram criadas, já que o Brasil não conseguia desenvolver um bom futebol. O treinador comentou sobre o que pensou no momento.

“Em relação aos 2 empates foi difícil para nós devido às críticas em função das pessoas acharem que seria mais fácil. “Mas era um grupo de jogadores que ainda não tinha atuado junto e demora um pouco para ter entrosamento. Por ser a Seleção Brasileira em casa, cria-se a expectativa de ganhar, sempre.” recordou antes de citar o momento mais delicado da Seleção Brasileira.

Sentirá falta da Seleção nos jogos Olímpicos?

Sentirá falta da Seleção nos jogos Olímpicos?

0 PESSOAS JÁ VOTARAM

“Como não veio o resultado, as vaias vieram cedo, com 15 ou 20 minutos, e trouxeram um nervosismo a mais. Eram jogadores jovens vestindo a camisa da Seleção pela primeira vez e outro com poucos jogos pela Seleção. Então, eu achei desmedidas as cobranças, como acontece no Brasil por causa do imediatismo. Às vezes, as coisas não funcionam assim, mas conseguimos reverter.”

Micale também comentou sobre o ataque formado por Gabriel Jesus, Gabigol, Luan e Neymar. Segundo o treinador, todos os atacantes já tinham talento mesmo muito jovens, mas ainda estavam surgindo, por isso existia instabilidade em alguns momentos.

Eram grandes jogadores, mais jovens. Jesus com 18 e Gabigol com 19 anos. Na verdade, atletas que estavam se destacando nos clubes, mais jovens, foram importantes. Hoje são jogadores consolidados, mas na época estava surgindo e ainda estavam se tornando o que viriam ser”, disse antes de descrever a mudança que levou o Brasil a mudar de postura na competição.

“Luan, um jogador interessantíssimo, na primeira formação tinha o Felipe Anderson e o Neymar, Gabigol e Gabriel Jesus. Depois mudava para formação com Luan entrando caso tivesse a necessidade de virar um jogo, sempre fazia os 15 minutos finais e o Luan pedindo passagem para se tornar titular e vimos a necessidade no terceiro jogo colocamos e a equipe deslanchou e era um poderio de finalização muito grande com esse quarteto, foi muito bom trabalhar com todos eles”

Carreira após o ouro no Rio de Janeiro

Com o decorrer da entrevista, o treinador comentou sobre a sequência da carreira após a conquista da Seleção Brasileira nas Olimpíadas. Segundo o treinador, financeiramente o prestígio aumentará.

Pós-Olimpíada saí das categorias de base e fui para equipes principais, a questão financeira melhora por que você está treinando a equipe principal . Pós-Olimpíada a questão da medalha me dá retorno até hoje principalmente fora do país, fazem quatro anos que estou fora do Brasil e uma medalha muito valorizada fora do país e eu peguei o início da fase de desvalorização do treinador Brasileiro Pós-Copa do Mundo.

Teve uma onda muito forte que o treinador Brasileira estava desvalorizado isso até hoje é forte no Brasil e tivemos que buscar mercados alternativos e para mim a medalha foi muito importante por abrir portas fora do país.

Qual é o sonho do Micale 8 anos depois

Atualmente, Micale está comandando o Egito sub-20, o treinador estará na olimpíadas de Paris e revelou qual é o sonho da sua carreira após oito anos da conquistar a medalha de ouro com o Brasil:

“Depois de oito anos estou retornando aos Jogos Olímpicos, não é fácil classificar, é mais complexo que a Copa do Mundo por ter 16 Seleções. Estou indo pela África e tem mais jogos, o primeiro sonho foi realizado e agora é tentar uma conquista de medalha pelo Egito que seria inédito, assim como foi no Brasil. E continuar minha carreira fora do país e trabalhar onde as pessoas querem que você esteja. Então hoje eu trabalho fora do país por causa de tudo que eu narrei nas perguntas anteriores” finalizou.