Quando o PokerStars anunciou Alejandro “Papo MC” Lococo como um dos embaixadores do site, em agosto do ano passado, o mundo do esporte da mente pensou que era mais uma jogada de marketing da espada vermelha. No entanto, o rapper argentino ganhou fama, títulos e muitas premiações nas mesas de poker. Ele fez duas “deep run” de Main Event da WSOP, além de ter sido destaque em outros torneios.

Alejandro "Papo MC' Lococo é um rapper e jogador de poker argentino (Foto: Danny Maxwell/PokerStars)
Alejandro "Papo MC' Lococo é um rapper e jogador de poker argentino (Foto: Danny Maxwell/PokerStars)

Lococo conversou com o Bolavip Brasil durante o EPT Barcelona. Bastante assediado pela imprensa especializada ele demonstrou uma fala bem mansa e um grande conhecimento dos jogadores brasileiros, citando inclusive o nome de Fabiano Kovalski, mesa-finalista do torneio na Espanha. “Acredito que são muito bons, essa é a verdade. Joguei com o Kovalski na minha esquerda e ele joga muito bem, já joguei com ele online muitas vezes, mas quando estive com ele vi um call incrível, é muito bom”, disse.

Fabiano Kovalski (Foto: Danny Maxwell/PokerStars)

Fabiano Kovalski (Foto: Danny Maxwell/PokerStars)

Segundo o The Hendon Mob, o argentino possui mais de US$ 2,2 milhões em premiações ao vivo. Antes de se tornar embaixador do PokerStars, esse valor era pelo menos quatro vezes menor. A maior recompensa já obtida por ele foi o 7º lugar no Main Event da WSOP, quando recebeu US$ 1.225.000. Em Barcelona ele foi o campeão do Evento #46 (€ 1.050 No Limit Hold´em Hyper Turo) levando € 63.880.

 

Conhecido na Argentina por ser um exterminador de rappers, ele venceu em 2016 a “Batalla de los Gallos”, uma competição de freestyle internacional, mas hoje se dedica muito mais ao poker do que as rimas. Papo MC também já esteve no Brasil, onde em 2018 ganhou o “desafio dos youtubers” no BSOP.

Confira a entrevista completa com Alejandro “Papo MC” Lococo:

Bolavip: Como começou seu amor pelo poker?

Alejandro Lococo: É difícil saber como começou o amor pelo poker. Porque sou muito apaixonado pelo que faço e comecei a jogar poker desde pequeno, de maneira recreativa, com meus amigos, partidas em casa... Mas acredito que faz uns três ou quatro anos que disse: quero fazer isso por toda a minha vida.

Me dei conta que sou muito apaixonado. Que ficava horas falando de poker, assistindo poker, jogando poker e pronto: tudo que eu fazia era poker. Acredito que o poker me trouxe conhecimentos muito importantes para a vida, valores esperados com a decisão que se toma, e isso foi uma das coisas mais importantes que me deu. E isso é o maior ensinamento do poker, que mudou a minha vida, a nível de pensamento.

 

BV: O que te ocupa mais tempo, a música ou o poker?

AL: Hoje o poker. Atualmente disputo a liga mais importante de freestyle de rap, mas só ocorre uma batalha por mês, aproximadamente, e é um dia. E este ano, acredito que todos os meses estive em uma série de poker, são dez séries de poker, onze, porque são quinze dias cada um. Assim, muito mais tempo o poker atualmente.

 

BV: O que é mais difícil, um grande blefe ou fazer rimas?

AL: Em ambos os casos depende do rival. É preciso ver em quem se está fazendo o blefe e contra quem se está rimando. Porque se tem um bom rival é preciso fazer uma rima muito boa, porque pode ter um contragolpe muito forte, e o mesmo acontece se passar um blefe com um jogador muito bom. Acredito que as duas são muito difíceis, não sei na verdade.

 

BV: A que atribui o sucesso recente nos últimos grandes torneios, como a WSOP?

AL: Acredito que estive mentalmente muito forte nestes torneios que são bem grandes, se joga muitas horas, dorme-se pouco. A deep run que fiz no meu primeiro Main Event teve muito a ver com a minha segunda deep run. Quando já se conhece o caminho é mais fácil de chegar.

Na primeira vez que fiz deep run no Main Event passei muitas situações, muitos cenários, que me fizeram aprender lições muito importantes, para conseguir a minha segunda deep run. Acredito que isso foi muito importante.

 

BV: Sobre os jogadores de poker brasileiros, eles possuem alguma característica diferente?

AL: Acredito que são muito bons, essa é a verdade. Não sei se é uma característica em particular, acredito que estudam muito o jogo e que o resolveram bastante. Quando eu jogo poker online e vejo as mesas finais, sempre tem jogadores brasileiros. É muito raro encontrar uma mesa final que não tenha um jogador brasileiro, ou dois, ou três.

 

Acredito que estão em um nível muito alto e é muito difícil confrontar os profissionais do Brasil. Não sei se é uma característica em particular, porque vejo jogadores com estilos muito diferentes. Joguei com o Kovalski na minha esquerda e ele joga muito bem, já joguei com ele online muitas vezes, mas quando estive com ele vi um call incrível, é muito bom.

 

BV: Já esteve no BSOP? Gostaria de voltar?

AL: Sim, mas faz muito tempo. Não estava no nível que estou hoje. Gostaria de voltar e jogar.