Os jogos olímpicos de Tóquio estão chegando ao fim. O mundo inteiro pode acompanhar verdadeiras histórias de superação e controle mental, duas características fundamentais também no mundo do poker. E se tem um jogador brasileiro que é especialista nessas técnicas é Alexandre Mantovani, mais conhecido no cenário mundial do esporte da mente como “Cavalito”.

Alexandre Mantovani durante o PCA/PSPC 2019 (Foto: Carlos Monti/PokerStars)
Alexandre Mantovani durante o PCA/PSPC 2019 (Foto: Carlos Monti/PokerStars)

Em entrevista exclusiva ao Bola Vip, o jogador que já teve até uma escola de poker chamada Poker Mind School disse que sempre foi um apaixonado por todo tipo de esporte. Alexandre garantiu que se o poker fosse um esporte olímpico o Brasil seria um dos favoritos por medalha, no entanto, ele não acredita na inclusão do mesmo como uma das modalidades.

“O poker é um esporte da mente e não tem nenhum desse tipo nas Olimpíadas. O xadrez não faz parte dos jogos e é mega tradicional, disse Mantovani quando questionado sobre a tentativa da IFMP (International Federation of Match Poker) da inclusão do Match poker como esporte olímpico”.

Mas nem só de Olímpiadas foi o papo com Alexandre Mantovani, ele falou também sobre o sucesso dos brasileiros no começo da WSOP Online do GGPoker e revelou que não deve ir disputar a série presencial este ano em Las Vegas. O motivo você confere nas linhas abaixo.

Confira a entrevista completa com Alexandre Mantovani

Bola Vip: Como está sendo a sua relação com os jogos olímpicos desse ano? Quais lições de superação você tira de Tóquio 2020?

Alexandre Mantovani: Eu sempre fui ligado aos esportes desde pequeno. Minha mãe trabalhava o dia inteiro, então eu praticava natação, judô, futebol, vôlei, quase todos os dias. Eu gostava muito de assistir e torcer também, é o momento que me sinto mais patriota, tento me inteirar e entender dos esportes que não são tão tradicionais.

Quero ver como posso contribuir com eles, porque muitos atletas desse meio são profissionais, mas precisam de outros empregos para se sustentar, o que é muito triste. Toda vez que um brasileiro ganha uma medalha nesses esportes não tradicionais, pode ter certeza que ele merece mais do que todo mundo.

Eu acho que a mentalidade deles bem invejáveis. A questão da superação, do treinamento, as olímpiadas são uma escola muito grande. Infelizmente em Tóquio os jogos estão sendo de madrugada e sou uma pessoal matinal, mas conversei com meu treinador mental e ele falou: cara, os jogos só acontecem a cada quatro anos, então não se culpe e aproveite.

Alexandre Mantovani em ação durante etapa do BSOP (Foto: Carlos Monti/Divulgação BSOP)

Alexandre Mantovani em ação durante etapa do BSOP (Foto: Carlos Monti/Divulgação BSOP)

BV: Você acha que um dia o poker pode fazer parte de uma Olimpíadas?

AM: Seria muito legal, e óbvio que o Brasil chegaria com um dos favoritos, mas acho improvável. O poker é um esporte da mente e não tem nenhum desse tipo nas Olimpíadas. O xadrez não faz parte dos jogos e é mega tradicional. Se acontecesse eu acharia fenomenal e com certeza gostaria de fazer parte de uma seleção dessas, mas antes de mais nada eu teria que trabalhar muito pra conseguir superar tecnicamente os jogadores que estão na minha frente.

Alexandre Mantovani no PCA/PSPC 2019 (Foto: Carlos Monti/Divulgação PokerStars)

Alexandre Mantovani no PCA/PSPC 2019 (Foto: Carlos Monti/Divulgação PokerStars)

BV: Nesse começo de WSOP Online no GGPoker o Brasil está arrasador, quais jogadores do nosso país podem conquistar braceletes?

AM: Não é nenhuma surpresa em série online o Brasil chegar, chegando. Fiquei muito feliz pelo bracelete do João Simão, não sou muito próximo dele, mas até mandei uma mensagem. É um exemplo de superação. Está há muito tempo no jogo, perdeu amor pelo esporte um tempo, passou por fases difíceis e conseguiu se reinventar.

De certa forma eu me identifico com isso porque estou vivendo um momento parecido na minha carreira. O bracelete é o sonho de qualquer jogador, e o Simão é tão referência quanto o Akkari e o Decano e ainda não tinha conquistado a joia. Isso com certeza fortalece o esporte no Brasil.

Eu acho que não seria nenhuma surpresa se o Yuri ganhasse o terceiro dele esse ano. Um jogador que não se fala muito, mas eu acho que é um dos melhores do Brasil é o Aurélio, eu boto fé nele. Tem também os brasileiros que fizeram mesa final no The Venom (Eduardo Silva e Felipe Ketzer), o Luiz Duarte, o Pedro Padilha…

Cara, é muito difícil falar nomes porque o Brasil é muito forte e cada vez maior o número de jogadores, são muitos com condições, vou ficar horas citando eles. O que eu tenho certeza é que muitos braceletes vão vir, o meu palpite é pelo menos quatro.

Nota da redação: Além do título de João Simão, Thiago Crema venceu o Evento #4 e o Brasil já possui dois braceletes na série.

Alexandre Mantovani não vai para WSOP em Las Vegas esse ano (Foto: Divulgação/BSOP)

Alexandre Mantovani não vai para WSOP em Las Vegas esse ano (Foto: Divulgação/BSOP)

BV: E sobre a WSOP presencial, em Las Vegas, você vai encarar?

AM: A WSOP esse ano eu vou passar. Me dói o coração porque eu gosto muito da série. Vegas me pegou mesmo eu gostei de todas as vezes que eu fui. Mas a situação do Coronavírus não está resolvida, tem uma restrição bem grande de viagem para os Estados Unidos, antes precisa passar 14 dias no México ou na Costa Rica.

Eu estou em um período de reconstrução na minha carreira, baixei meus limites, seria uma viagem financeiramente acima do que gostaria, além disso, a minha esposa ainda não tem visto americano e os consulados estão fechados. Casamos faz um mês e não quero ficar longe dela por um longo período.

São vários critérios que me fizeram ficar e colocar volume no online. Me concentrar e ano que vem estar pronto pra enfrentar a maratona de Vegas do jeito certo. Muitos dos problemas que eu tive na minha carreira e das coisas que eu sofri nesses últimos anos foi querer dar passos maiores do que a perna.

BV: Para finalizar, me fala como foi o trabalho com a Poker Mind School?

AM: Esse foi um projeto que fiz com a minha esposa (Thais Dresch). Queríamos criar uma escola de poker que trabalhasse tanto a parte técnica do jogo quanto o Mind Set e ela é treinadora mental especialista em jogadores de poker, especializou nisso fazem três anos através do método De Rouseos, do Instituto Atleta Campeão.

Achamos que uma escola com essa abordagem seria legal então criamos uma plataforma “gameficada” bem futurista, com vídeos curtos, aprendizado interativo, joguinhos para o aluno, mas acabou não dando certo, não atraindo a atenção das pessoas.

Naquele período eu estava passando a maior downswing da carreira e isso pode ter impactado. As pessoas podem ter pensado: não quero aprender com um cara que tá perdendo tanto né… Decidimos não dar continuidade com a segunda fase do projeto né, lançamos três módulos de nove e paramos, seguimos com as nossas carreiras. Agora eu decidi baixar meus buy-ins e voltar pra Twitch, estou bem feliz com a forma que as coisas estão indo.