Semifinalista na disputa da canoagem slalom nos Jogos de Tóquio, Pepê Gonçalves contou ao Bolavip Brasil nos últimos dias sobre as peculiaridades do ciclo olímpico que se fechou — o qual classificou como “muito cansativo”, dadas às restrições causadas pela pandemia da covid-19 –, os aprendizados e novos planos, visando as Olimpíadas de Paris 2024.

Após ciclo olímpico atípico, Pepê Gonçalves visa Paris 2024 de olho no Slalom Extremo
Após ciclo olímpico atípico, Pepê Gonçalves visa Paris 2024 de olho no Slalom Extremo

Em entrevista realizada via e-mail, o atleta — que se sagrou campeão mundial no Slalom Extremo, categoria que vai estrear na cartela de esportes olímpicos em 2024, nos Jogos de Paris — nos falou um pouco sobre os percalços do ciclo encerrado e do “percurso” até a busca por uma medalha inédita para o Brasil na canoagem na próxima edição das Olimpíadas. A seguir, você pode conferir a íntegra da entrevista feita com Pepê:

Como você classifica este último ciclo olímpico? A pandemia impactou demais a sua rotina de treinamento?

Eu diria que foi um ciclo muito cansativo, foram cinco anos de treinamento e muita dedicação, mas com aprendizados e conquistas valiosas. Com a pandemia, precisei focar na parte mental, além de adaptar meus treinos com a academia que montei em casa, e passeios de bike em rodovias desertas, também aproveitava o rio de Piraju para remar sozinho. Apenas no final de abril, tive a oportunidade de embarcar para Praga e treinar com o auxílio de Vávra Hradilek, um renomado atleta de Canoagem Slalom. Mas mesmo com todos os impactos, acredito que dei o meu melhor durante a competição e sou grato por ter representado o Brasil na competição.

Quais “lições” tirou deste ciclo olímpico?

Tudo que aconteceu neste ciclo olímpico me fez mais maduro e experiente. Consigo compreender que tem muitas coisas por trás do resultado e não é uma prova que me define. Com tudo que realizei até aqui, percebi a importância de continuar sonhando e nunca desistir de concretizar o que quero, meu foco agora é Paris em 2024 e vou seguir dando o meu melhor, como sempre fiz.

Como você enxerga o novo ciclo olímpico que se inicia até Paris 2024, considerando os avanços de vacinação, o desenrolar da pandemia? Acredita que a rotina de treinamento vai ficar mais normalizada?

Acredito que com a vacinação, é possível um preparo melhor para todos os atletas. Sem o isolamento, podemos participar de mais campeonatos e treinar em locais que antes não era possível devido à pandemia, garantindo uma performance melhor até Paris 2024.

(Foto: Miriam Jeske)

(Foto: Miriam Jeske)

Como está a agenda neste novo ciclo? Quais os principais campeonatos — além da Copa do Mundo de Canoagem — que estão em andamento ou por vir?

Durante o mês de setembro participei da Copa do Mundo da Canoagem, na França, e do Campeonato Mundial Mundial Da Canoagem Slalom, na Eslováquia. Neste último, tive um imprevisto nas semifinais, ao atravessar a primeira baliza da etapa quebrei uma das pás do meu remo, o que me fez seguir em desvantagem aos demais adversários, mas ainda sim, consegui alcançar a 5ª colocação na categoria Slalom Extremo, além de chegar na final inédita ao Brasil com a categoria K1 Masculino, conquistando a 10ª colocação.

Fiquei muito feliz com este resultado e para os próximos dias vou participar por conta própria do Mundial de Kayak Extremo, na Áustria. Por ser um campeonato de ondas gigantes da canoagem, é o campeonato mais respeitado do mundo. Também tenho planos de fazer uma expedição em um rio local da África, considerado um dos mais fortes e temidos do mundo.

Quais as suas expectativas para este novo ciclo, visando Paris 2024?

Quero continuar participando dos campeonatos e fazer algumas expedições para ganhar novas experiências. Acredito que até lá, tenho tempo para me aperfeiçoar e espero garantir mais alguns títulos durante as competições. E claro, em Paris, quero conquistar o ouro inédito pro meu país. Estou animado para a estreia do Slalom Extremo nos Jogos, meus resultados foram positivos disputando na modalidade, e por isso, quero dar o meu melhor em Paris.