O Palmeiras chega a sua 49ª final de Campeonato Paulista em uma competição que ficará marcada na história do futebol como inédita devido ao hiato de 100 dias causado pela pandemia do novo Coronavírus. A gravidadeda situação e os sérios desafios que ela impôs exigiram do clube uma súbita resposta para seguir em busca do título com uma série de indefinições na composição do elenco.
Despedida de Dudu, imbróglio com contrato de Gustavo Gómez e uma série de desconexões com o time em campo. Para trombar seu maior rival citadino pela 12ª vez em finais do Estadual, o Alviverde de 2020 precisou fazer de três partidas emuma espécie de pré-temporada express. Foram 270 minutos para recuperar ritmo de jogo, observar a melhor opção em um confuso meio de campo, bem comoconferir objetividade ao time.
A partida deste domingo (02) pelas quartas de finalcontra a Ponte Preta, a quarta após a retomada, mostrou aspectos de grande evolução quanto a postura palestrina. O destaque fica por conta da promissora dupla de meio-campistasque começa a surgir. Patrick de Paula e Gabriel Menino realizaram um jogo para fazer o torcedor esquecer da improdutividade recente.
Ambos lideraram o Palmeiras no caminho da classificação e no reencontro com um futebol agradável de ver. Patrickdemonstrou parecer um veterano, com toque de bola preciso e cobertura combativa, esteve praticamente onipresente tanto na meia cancha defensiva, quanto ofensiva. A consistência de sua atuação é traduzida pelo domínio nos espaços que ocupou.
Na verdade, o autor do gol que deu o passaporte para a final foi coroado com um poder de concentração e comprometimento conferido nas três partidas anteriores, quando era uma ilha de personalidade cercado por um Palmeiras que procurava equilíbrio.
Gabriel Menino, sem dúvida, o protagonista da partida enquanto esteve em campo. Futebol agressivo, de visão apurada, capaz de viradas de jogo inteligentes. O pivôparticipante de ligações bem arquitetadas, mas desperdiçadas pelos atacantes, registrou 31 passes certos de 33 executados. Seguro na proteção ao meio de campo, conseguiu trocar bolas com o ataque, quase marcou um golaço de voleio após concluir uma jogada que teve início com roubada de bola sua.
Para as duas joias da base brilharem no meio campo, Ramires apresentou um futebol que complementou o dia inspirado das revelações. Experiente, deu suporte àmolecada, com bolas de qualidade para que realizassem a interligação, bem como uma presença positiva no ataque.
Além da boa bola jogada, esse trio ainda surtiu o efeito de mexer com o brio dos jogadores que estão àdisposição para atuar pelo setor: Zé Rafael entrou bem, com melhor clareza nas jogadas que puxava e Bruno Henrique nitidamente mais ligado. BH claramente entrou no jogo para brigar pela posição. Com uma atuação antenada, enfim rendeu. Nessas horas que se percebe que a pré-temporada express foi um caminhar em progressão, o protagonismo de Gabriel Menino e Patrick de Paula são frutos de uma construção.
O setor de ataque desapontou, mas houve algum avanço com melhor desempenho de Rony. Faltou o gol, aliás parece ser daqueles casos de atacantes que precisam desencantar, entretantoesteve mais bem posicionado, com infiltrações mais objetivas e uma melhor participação. Já Luiz Adriano e Willian são pontos de dúvida. Oprimeiro com atuação discreta faz o papel de chamar a marcação. Bigodeé visto constantemente indo buscar o jogo, mas não conclui. Poderia dar um poder de fogo maior ao se dedicar às conclusões. Aguardemos, pois o meio de campo começa a se encontrar e essa bola vai chegar.
Com a entrada de Gustavo Scarpa mais propositivoe com mais consistência no apoio ao ataque, Willian pode perder o lugar no time, afinalo caráter brigador e presente em ambos os lados do ataque parece que não é o bastante para resultar em finalizações objetivas. Com o decorrer da partida, Bigode perde o ímpeto e vai se apagando até nada criar. Se Scarpa calibrar mais a pontaria, pode ser uma ótima opção para iniciar a partida, contudoo rodízio de meias percebido no laboratório de Vanderlei Luxemburgo pode se resumir a um revezamento entre Scarpa e Willian.
Luxa evocou o velho Profexô na partida contra a Ponte, basicamente só faltou o terno e a metralhadora de “baralhos” à beira do gramado. Em pé praticamente o tempo todo, jogou junto com um time lapidado a toque de caixa. Com isso, o Palmeiras e toda palestrinidade chegam ao Derby decisivo do histórico Paulistão com mais segurança. Certamente serão 90 minutos que projetarão o Alviverde para o resto da atípica temporada que vem por aí.
