Em meio à pandemia do novo coronavírus, muitos times do futebol brasileiro vivem a expectativa de retomar as atividades visando o retorno dos campeonatos estaduais. Clubes com Inter, Grêmio e Flamengo já estão treinando com bola em seus respectivos Centros de Treinamento. O Campeonato Carioca, inclusive, deve começar no próximo dia 14 de junho.
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Nesta terça-feira (26), quem se juntou à Palmeiras, Botafogo e Fluminense foi o Corinthians. Agora, os quatros são os líderes dos clubes que estão contra o retorno imediato do futebol. O presidente do São Paulo, Leco, apoiou a carta publicada por Andrés Sanchez, mandatário corintiano, que repudiou uma possível volta às atividades futebolísticas.
“Depois de 23 mil mortes causadas pela Covid-19, todo debate é menor. Por isso, em nome do Corinthians, manifesto antes nossa solidariedade a cada brasileiro afetado por doença, luto, ou prejuízo profissional. Tudo isso importa.
E é legítimo que o futebol – como qualquer setor – procure saídas junto ao governo federal e a seus respectivos estados, prefeituras e federações, a fim de impedir um aprofundamento da crise na atividade. É preocupante, porém, que o Brasil viva um cenário muito diferente daqueles países que retomam suas ligas. A queda de receitas já obrigou muitos clubes a executar cortes e demissões. O Corinthians tem adotado medidas de austeridade, como a redução temporária de salários e jornada, apoiada na MP 936. Fazemos e refazemos as contas diariamente, mas somos realistas: trata-se da pior epidemia no país nos últimos 100 anos, e nenhuma atividade econômica sairá dessa sem transformações inevitáveis.
No Corinthians, não será diferente. O que não muda é o nosso compromisso com um futebol forte como carro-chefe e a parte social como tradição, e é para isso que estamos trabalhando. Como também vemos o clube como um veículo capaz de impactar mais de 30 milhões de torcedores via mídias digitais, levamos informação útil e iniciativas solidárias, com o sonho de terminar a pandemia sem nenhum torcedor a menos.
Somos testemunhas dos elogiáveis esforços da CBF, da Federação Paulista de Futebol e de outros clubes. Mas é preciso repensar, de forma ampla, o papel do futebol e sua influência nesse jogo.
Na Alemanha, houve diálogo intenso entre todos os agentes políticos e esportivos, e um princípio foi claro para a Bundesliga: o futebol não pode se antecipar ao controle da pandemia. Quando a sociedade confiou no sucesso do combate alinhado entre governo e estados alemães, a Bundesliga finalmente retomou seus jogos em sincronia, no último dia 16. Houve responsabilidade com seu produto, seus astros e seu público.
O futebol brasileiro, porém, caminha para outra direção.
Se o combate ao vírus não tem alinhamentos entre os governos, no futebol as reações estão ainda mais fragmentadas. Com decisões facultadas aos Estaduais, criam-se ruídos. O futebol perde muito como produto quando transmite que, para a bola rolar, basta decidir qual clube está mais pronto, ou qual estado está mais disposto a riscos, enquanto se somam mais de mil óbitos por dia.Em 2020, a Série A tem 20 clubes de nove estados, cada um com panoramas distintos da doença. Isso pede um trabalho mais coordenado entre governos, clubes e federações. Num esporte coletivo, não dá para jogar sozinho. Sem isso, qualquer retorno apenas adiará a próxima pausa forçada, em que os clubes vão, de novo, agonizar. Como negócio sustentável, o futebol só poderá voltar depois de uma articulação eficiente, focada tanto no bem-estar das pessoas quanto na segurança da Saúde nos estados envolvidos.”
Corinthians não deve retornar aos treinos antes do aval dos orgãos públicos de saúde. Foto: Daniel Augusto/ Agência Corinthians
De acordo com Sanchez, o “futebol não pode se antecipar ao controle da pandemia”. Mesmo com o impacto financeiro que o clube tem passado nessa pandemia, o mandatário afirmou que antes de pensar em um retorno, é preciso salvar vidas. Por fim, elogiou a postura da FPF e da CBF, que se posicionaram sobre a volta do esporte mais amado pelos brasileiros.
Enquanto espera o aval dos órgãos de saúde para retomar ao futebol de maneira segura, a diretoria do Timão segue adotando medidas para aliviar a crise financeira que se agravou ainda mais com a pandemia do Coronavírus. Foi necessário reduzir os salários de jogadores, comissão técnica e funcionários, além de suspender o pagamento de ajuda de custos a atletas amadores do clube em diversas modalidades para controlar as despesas.