Lewis Hamilton revelou que chegou a pensar em deixar a Fórmula 1 após o fim da temporada de 2021, marcado pelo polêmico GP de Abu Dhabi. Na ocasião, Max Verstappen acabou sendo beneficiado por uma decisão da direção de prova e ultrapassou o inglês na última volta para conquistar o título da categoria pela primeira vez. O heptacampeão admitiu que sentiu ser trapaceado e passou por momentos difíceis para lidar com o episódio. 

Hamilton e Verstappen no pódio de Abu Dhabi, em 2021
© Créditos: Clive Rose/Getty ImagesHamilton e Verstappen no pódio de Abu Dhabi, em 2021

"As coisas começaram a se desdobrar. E meus piores medos vieram à tona. Eu estava, tipo, 'não tem como eles trapacearem assim. De maneira nenhuma. Isso não vai acontecer. Certamente não", contou Hamilton, fazendo alusão às regras terem sido alteradas pelo então diretor de prova, Michael Masi. 

Com o safety-car a cinco voltas do fim da corrida, ele permitiu somente que os carros entre os postulantes ao título (Lando Norris, Fernando Alonso, Esteban Ocon, Charles Leclerc e Sebastian Vettel) ultrapassassem o líder e realinhassem nas posições corretas, em vez de todos os retardatários, como diz o regulamento. Além disso, o safety-car deveria continuar na pista por mais uma volta após o realinhamento do grid, o que obrigaria o GP ser encerrado ainda sob bandeira amarela, o que terminaria com o título de Hamilton. No entanto, houve a bandeira verde para a última volta com Verstappen, de pneus novos, logo atrás do inglês. 

"Não sei se consigo colocar em palavras o que senti. Eu me lembro de ficar ali sentado, incrédulo. E entendendo que tinha de soltar o cinto, sair de lá, sair disso, encontrar forças. Eu não tinha forças. Foi um dos momentos mais difíceis, diria, que tive em muito, muito tempo", afirmou o piloto da Mercedes. Perguntado se sentiu roubado, Lewis não utilizou esta palavra: "Sabia que decisões haviam sido tomadas e por quê. Eu sabia que algo não estava certo", enfatizou. Inclusive, ele ficou afastado das redes sociais após o fim da temporada. 

"Com certeza, considerei se queria continuar [na Fórmula 1]", admitiu o heptacampeão. Quem a ajudou foi Mellody Hobson, presidente da Starbucks e também proprietária do Denver Broncos, time da NFL que Lewis se tornou um dos donos há pouco tempo. Ela acabou sendo uma das principais pessoas que convenceram o inglês a permanecer na F1. "Passamos muito tempo conversando. E continuei dizendo a eles coisas, como 'Não tomamos decisões em momentos de grande angústia ou dor. [...] Não há nada a ser feito agora. Portanto, não faça nada", sugeriu a executiva.