17 anos longe dos playoffs. O Sacramento Kings está próximo de pôr fim a marca de ser o time com o maior jejum nas quatro principais ligas dos esportes norte-americanos. De últimas posições nos últimos anos da Conferência Oeste, o time pegou o elevador e ocupa nada menos do que a 3ª colocação na atual temporada, com 36 vitórias e 25 derrotas. Isso se deve à chegada do técnico Mike Brown e da afirmação da dupla de All-Star De'Aaron Fox e Domantas Sabonis. Conheça mais sobre o Kings, a principal surpresa da temporada da NBA

Sabonis foi eleito como um dos All-Star desta temporada
© Créditos: Carmen Mandato/Getty ImagesSabonis foi eleito como um dos All-Star desta temporada

Mike Brown: mudança de mentalidade com 'tempero' do Golden State Warriors

Principal assistente de Steve Kerr nos últimos três títulos da dinastia do Golden State Warriors, Mike Brown chegou ao Kings nesta temporada. Mas não desembarcou sozinho. Levou dois assistentes do Warriors, como o brasileiro Leandro Barbosa, o Leandrinho. Como principal braço direito, Brown chamou o espanhol Jordi Fernández, de longa trajetória na comissão do Denver Nuggets. Estava criada a espinha dorsal de uma nova cultura em Sacramento, até então considerada como candidata ao play-in

Isso é um dos motivos que explica a mudança da água para o vinho no ataque do Kings, que era voltado em individualidades e arremessos de meia-quadra. Sob a inspiração no jogo de transição do Warriors, há uma movimentação constante tanto da bola como dos jogadores, transformando em um ataque dinâmico e ágil. O resultado veio: melhor ataque da NBA, com média de 120.7 pontos por jogo. O 3º time com mais assistências na temporada, com 27.1, logo abaixo de Warriors e Nuggets. Este é o maior número de assistências da história da franquia em 37 anos em Sacramento. 

Outra marca registrada vista com destaque na campanha: a bola de 3. É comum perceber o ataque procurar um companheiro livre na linha do perímetro para efetuar um arremesso de maior probabilidade. Ou, até mesmo, gastar poucos segundos na posse de bola a fim de converter um chute de 3, na busca de pegar a defesa desarrumada. Explica-se o porquê de ser o 7º time com mais arremessos e mais acertos do perímetro na temporada.  

Sabonis e Fox: All-Star e líderes do Kings. Créditos: Ezra Shaw/Getty Images

Sabonis e Fox: All-Star e líderes do Kings. Créditos: Ezra Shaw/Getty Images

Sabonis e Fox: dupla afinada simboliza momento do Kings

Domantas Sabonis chegou ao Kings após uma ousada troca com o Indiana Pacers, que recebeu o armador Tyrese Haliburton, ainda na última temporada. All-Star, o pivô lituano caiu como uma luva no esquema de Brown: versátil, bom chutador e, em especial, um líder dentro de quadra, ajustando movimentações no ataque, com bloqueios e orientações. Ele somou forças com De'Aaron Fox, consolidado como principal nome da franquia nos últimos anos. 

Em entrevista ao Bolavip Brasil, Lauro Cantarelli, um dos administradores da página do Sacramento Kings Brasil no Instagram, entende que a importância de Sabonis se sobressai quanto ao poder ofensivo de Fox. "Embora Fox seja o melhor jogador do time, ou o jogador que decide os jogos (um dos mais clutch da temporada), o ataque gira em torno do Sabonis. Então, eu poderia dizer que Fox é o melhor jogador, mas Sabonis é o mais importante" analisa. 

Símbolo, Sabonis lidera a NBA em rebotes (12.4) e vive a sua temporada com o maior número de assistências (6.9) da carreira. Ele passou por uma mudança no Kings: não joga mais como um ala/pivô como nos tempos de Pacers, mas como um pivô de origem, o que possibilita também aproveitar o seu potencial perto do garrafão.

Já Fox, que registra 25.4 pontos por jogo, atua em um time competitivo pela primeira vez na carreira e apresenta um nítido crescimento. "A evolução pessoal como jogador, a chegada de outras peças, além da mudança no estilo de jogo potencializam a melhora dele", observa Cantarelli, que destaca a bola de 3 como um dos fundamentos aprimorados. 

Elenco: escolhas certeiras deram sustentação ao estilo adotado

As chegadas de Kevin Huerter, Malik Monk e Keegan Murray se tornaram essenciais para o time encorpar coletivamente e ser mais ofensivo. Huerter, que era do Atlanta Hawks, trouxe a eficiência na bola de 3. Monk, que estava no Los Angeles Lakers, agregou o seu bom poder de fogo. Já Murray, calouro draftado como a 4ª escolha, mostra-se como um ala cheio de predicados. Titular desde 2018, Harrison Barnes traz experiência e encaixe ao estilo aplicado por Brown, visto que estava presente no título do Golden State Warriors, em 2015. 

Junto de Fox e Sabonis, o quarteto se destaca: todos apresentam, ao menos, 12 pontos por jogo na temporada. Isso reflete também por que o Kings lidera a NBA em índice ofensivo quando vence: anota 123.4 pontos. Na rotação, ainda estão presentes Davion Mitchell e Terence Davis, armadores com qualidades defensivas, e Trey Lyles, um ala-pivô que serve como uma espécie de desafogo para Sabonis. 

Momentos de destaque na temporada

Após um começo com quatro derrotas, o Kings saiu do zero contra um dos principais times da Conferência Leste, o Miami Heat. O momento de "virada de chave" aconteceria com a sequência de sete vitórias, com triunfos maiúsculos sobre Golden State Warriors (122-115), Brooklyn Nets (153-121) e Memphis Grizzlies (113-109). Antes do término de 2022, mostrou força ao devolver uma derrota diante do Denver Nuggets (127-126), virando uma placar em que esteve 19 pontos atrás no terceiro quarto. 
Neste ano, duas vitórias na prorrogação sobre adversários diretos no Oeste chamaram a atenção: Dallas Mavericks (133-128) e Los Angeles Clippers (176-175). Esta, inclusive, se tornou a segunda partida com maior pontuação da história da NBA. Kings arrancou um 15-2 no último quarto para forçar a primeira de duas prorrogações. A vitória mostrou os dois lados da moeda do Kings: o ataque avassalador e a fragilidade defensiva, o principal elo fraco do time. Se mantiver a remada da temporada regular, Sacramento chegará como um "atirador de elite" sem nada a perder nos playoffs.