O ano de 2019 foi um dos piores, se não o pior, de toda a história do Cruzeiro. Muitos jogadores que fizeram histórias e foram importantes para o Clube, depois daquele ano tiveram mudança de relação e de tratamento com a torcida cruzeirense. Um deles foi o volante Henrique, que é um dos atletas com mais jogos na história da Raposa, mas depois daquele ano viu sua relação com parte da torcida mudar.
Em carta publicada ao “The Players Tribune”, Henrique comentou sobre o ano de 2019 e todos os problemas que a Raposa enfrentou naquela temporada. Ele fez uma revelação e deu uma declaração polêmica detonando alguns atletas daquele elenco. O medalhãorelembrou uma derrota do time para o Grêmio, em que jogadores não se mostraram descontentes em ser goleados dentro de casa.
“O futebol é um elástico. Você tem de manter ele esticado o tempo todo. Se afrouxar, pelo menor tempo que seja, você perde a força e aí o risco é grande, porque é necessário gastar muita energia até esticar de novo. Foi o que aconteceu. O Cruzeiro afrouxou o elástico dentro e fora de campo. Em mais de 10 anos, eu nunca tinha tido salário atrasado, por exemplo. O Cruzeiro era um clube bem estruturado, mas, de repente, estava muito fragilizado e sem forças para reagir”, relatou o ex-capitão celeste.
“Dentro de campo, nunca vi tanta falta de compromisso por parte de alguns atletas. Lembro do dia em que perdemos de 4 a 1 para o Grêmio, em pleno Independência. No fim do jogo, eu estava morrendo de raiva por dentro, mas tinha jogador do nosso time dando risada com os adversários, num clima tranquilo, como se a gente tivesse vencido a partida. Aquilo foi muito decepcionante.Trocar camisa, cumprimentar um ex-companheiro que está do outro lado? Beleza, isso é normal. Mas levar de 4 a 1 em casa e os caras saírem dando risada? Aí eu não podia aceitar”, revelou Henrique.
“Confesso que perdi a calma em várias ocasiões. Sei que o capitão do time precisa ser político, fechar os olhos para algumas coisas. Porém, eu estava no meu limite. Fui pro embate, confrontava outros jogadores, e acabei absorvendo para mim toda a carga negativa dos maus resultados. Foi um ano tão desgastante que dessa vez, no jogo do rebaixamento, nem consegui esperar chegar no vestiário. Comecei a chorar em campo mesmo, de tanta tristeza e revolta. A torcida do Cruzeiro não merecia isso”, concluiu o medalhão.