Com a saída conturbada de Vítor Pereira, que rumou ao Flamengo, os olhos do mundo do futebol estão voltados a Fernando Lázaro, que fará sua estreia como treinador efetivado à frente do Corinthians nesta temporada. O comandante, que trabalha há 20 anosnos bastidores do Alvinegro, já teve algumas oportunidades de assumir a equipe nos gramados entre as temporadas de 2021 e 2022.
No entanto, o treinador sabe que não terá vida fácil daqui para frente. Dessa forma, separamos alguns pontos importantes que foram apresentados durante a coletiva de apresentação de Fernando Lázaro, realizada na última quarta-feira (11), para conhecermos as missões, muito além das quatro linhas, que o treinador estreante terá sob o comando do Corinthians. Confira!
Primeira experiência como profissional
Lázaropassou por diversas áreas dentro do Timão, desde aInformática até a parte técnica, quando assumiu como interino em duas ocasiões. Foram dois jogos sob seu comando em 2021, e cinco partidas em 2022. Ao todo, foram seis vitórias e um empate.O primeiro desafio será mostrar que está pronto para assumir uma equipe como o Corinthians, e ele garante que se sente mais preparado para a tarefa.
“É um processo e foi fundamental ter passado pelas experiências. Quando eu fiquei alguns jogos, em 2021, caiu a primeira ficha. Não imaginava ter ficado naquela função naquele momento. Quando chegou o ano passado, um pouco mais longo o período, eu não projetava muitas coisas à frente, sempre passo a passo, mas a partir dali comecei a me visualizar, estava já me preparando. Na época, falei com o Thiago Larghi (hoje auxiliar no Clube), que passou por uma situação parecida (no Atlético-MG). Eu não me sentia preparado (em 2022) como estou hoje“, pontuou o treinador.
Gestão de elenco
Outra ressalva que a torcida do Corinthians faz sobre a estreia do treinador tem origem na proximidade de Lázaro com os jogadores. Apesar de positivo, principalmente se considerarmos a passagem do último treinador, que dividia opiniões no elenco, a relação também carrega alguns ônus, como quando ele precisar eleger os titulares e algum atleta ficar insatisfeito por estar de fora da escalação.
“Não acredito que seja essa a questão, faz parte do futebol, realmente todos querem estar participando e jogando o máximo possível, isso é natural. Primeiro, não acho que não tem que ser amigo, acho que a relação tem que existir da forma que a posição exige, com hierarquia, mas não necessariamente conflituosa. Tem que saber alinhar muito bem isso. O fato de eu ter conhecimento do Clube, dos atletas, funcionários e direção, não deu muita margem para essa confusão (de papéis) e não vai ser problema agora“, afirmou Lázaro.
Filho de peixe…
A questão familiar também pode perseguir o estreante Fernando Lázaro ao logo do desenvolvimento de seu trabalho. Isso porque Zé Maria, ídolo do Clube epai do comandante, também já assumiu a comissão técnica do Timão em um momento da carreira. Em tom de brincadeira, o novo treinador até perguntou sobre o retrospecto do pai.
E nós respondemos por aqui: no total, foram 20 partidas, com sete vitórias, dez empates e três derrotas com Super Zé no comando. Perguntado sobre a pressão de ser “filho de quem é”, ele acredita que a torcida sabe separar as duas pessoas.
“Ele sempre me falou para me dedicar ao máximo, não deixar margem para nada, o que precisa para essa camisa, o quanto é se entregar, dedicação, o que ele sempre foi… São essas referências, mais do que técnico e tático. Esse lado é o Corinthians e isso não muda. É mais nesse sentido (a aprendizagem com o pai)”, iniciou.
“O torcedor e as torcidas, no geral, levam vários aspectos em consideração (para apoiar o treinador), têm clareza também, não vão apoiar só porque cresci no Corinthians e sou filho de um ex-jogador do Clube. São várias coisas, várias experiências, além de um pouco dessa identificação também, é um acúmulo de coisas“, complementou.
Elenco enxuto
Neste momento, o Corinthians possui 26 jogadores (sem contar o zagueiro Murillo, que está nos planos do treinador após a Copinha,eGustavo Mosquito, lesionado) em seu plantel, contando definitivamente com Maycon e Yuri Alberto durante toda a temporada de 2023, além dos novos reforços Romero e Matheus Bidu.Por outro lado, terá as baixas de Robert Renan desde janeiro e Du Queiroz a partir de junho.
Ao longo do ano, o Corinthiansdisputará o Campeonato Paulista, Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores, e o treinador já garantiu que não pretende utilizar rodízio de atletascomo uma ferramenta tática.
“Estamos trabalhando com a ideia de um elenco mais enxuto, com uma estrutura que nos dê segurança e depois pensaremos nas buscas mais pontualmente. Para zaga, estamos bem-servidos. O Caetano fez por merecer voltar aqui, por onde passou, depois vamos ter a incorporação do Murillo. Iniciamos o ano com três zagueiros de Seleção e mais esses dois jovens de bom potencial. Estou satisfeito com os zagueiros que tenho para este início. Mas, claro, vamos sempre ficar de olho para poder dar mais qualidade no elenco“, explicou.
Clube na fila
Por último e talvez a tarefa mais complicada do treinador, devido à cobrança externa, um dos grandes desafios de Lázaro em 2023 serácomandar o Corinthians rumo a um título, algo que não acontece desde 2019, com a conquista do tricampeonato paulista.No ano passado, a equipe chegou perto de levantar a taça da Copa do Brasil, que acabou vencida pelo Flamengo nos pênaltis, no Maracanã.
“Fico feliz com o que teve, mas enxergo diferente. Eu entendo o contexto de ser interino, me permitiu em várias esferas, foi muito importante para a minha formação, mais do que os resultados em si. Agora, estou caminhando para um lugar diferente, muito confiante”, resumiu o treinador. Agora, basta esperar para ver como será o trabalho do ‘homem de confiança’ de Duílio Monteiro Alves e qual será o desempenho corinthiano ao longo da temporada.