O Futebol feminino vem passado por grandes transformações nos últimos anos. A CBF criou um regulamento determinando que todas as equipes da primeira divisão do Campeonato Brasileiro Masculino precisam ter um time feminino adulto e, pelo menos, uma categoria de base. Medida que se baseou na postura inicial da CONMEBOL, que impôs a necessidade de ter esses times femininos para os clubes estarem habilitados a participar da Libertadores e Copa Sul-Americana. Estes são apenas alguns dos métodos encontrados para a expansão da modalidade.

Foto: Rodrigo Gazzanel/ SCCP | O Corinthians venceu o Brasileirão, a Libertadores e o Campeonato Paulista
Foto: Rodrigo Gazzanel/ SCCP | O Corinthians venceu o Brasileirão, a Libertadores e o Campeonato Paulista

Além disso, o novo Ranking Nacional de Clubes do Futebol Feminino, divulgado pela CBF na última semana, trás a tona a realidade da modalidade no país, que tem o Corinthians como uma das grandes referências e vê os clubes nordestinos perdendo cada vez mais o seu poder de competitividade nos torneios de futebol feminino que, consequentemente, estão “despencando” no ranking nacional.

A exigência da CBF, por exemplo, foi fundamental para que os clubes que estão na Série A pudessem dar um salto e entrarem para na parte mais alta do Ranking Nacional de Clubes do Futebol Feminino, principalmente porque existe um esforço dos clubes em manter as equipes masculinas em alto padrão de investimento, porém, alguns clubes encaram o futebol feminino como uma despesa extra. A pouca visibilidade, os anos de preconceito e a proibição fizeram com que a modalidade esportiva precisasse passar por um longo processo de evolução e conquistas.

Foto: Thiago Ribeiro/AGIF | Flamnego amplia o investimento no futebol feminino

O Corinthians virou um case de sucesso na modalidade esportiva, o clube paulista se manteve na liderança do ranking após conquistar as três principais competições da temporada: o Brasileirão, a Libertadores e o Campeonato Paulista. O clube assumiu a liderança de forma inédita no ano passado. A equipe virou o time a ser batido e, inclusive, venceu nos três últimos anos o campeonato estadual, além de demonstrar uma certa hegemonia na modalidade. O Alvinegro Paulista conquistou nos últimos anos três Libertadores e três Brasileiros.

O Flamengo, que é um dos maiores clubes da América no futebol masculino, vê a equipe feminina ficar atrás de alguns outros clubes brasileiros. Neste ano, por exemplo, a equipe parou na nona posição do Campeonato Brasileiro e não avançou para a fase do mata-mata. Mas o clube carioca vem demonstrando irá adotar uma postura mais agressiva no mercado da bola feminino e investir pesado na contratação de jogadoras. No ranking atual divulgado pela CBF, o Flamengo é o quinto colocado.

Foto: Rebeca Reis/AGIF | Em 2019, o Internacional estava entre os sete clubes da Série A que tinham o futebol feminino estruturado

Ferroviária, Avaí/Kindermann e Santos seguem respectivamente as “Minas da Fiel” e o Flamengo fecha o top 5. São José, Internacional, Minas Brasília, Grêmio e São Paulo completam como as 10 equipes mais bem posicionadas no ranking. Por isso, o Internacional e o Grêmio são uma prova de que o investimento no futebol feminino produz resultados, ambas as equipes são novas no Top 10 do ranking da CBF, e este é fruto de uma boa gestão e do investimento na modalidade. Em 2019, ambos os clubes gaúchos estavam entre os sete clubes da Série A que tinham o futebol feminino estruturado e pagavam salários às atletas e tinham categoria de base.

Porém, existem ainda aquelas equipes que entraram na contramão, é o caso dos clubes nordestinos que despencaram no ranking e atualmente não contam com nenhuma equipe no Top 10, pela primeira vez. O Ceará é a exceção positiva, que conquistou 836 pontos neste último ano e assumiu a 29 ª colocação após saltar oito posições. Nos últimos anos, o Vitória era o único que ainda integrava a lista principal, mas se tornou um dos exemplos de como o baixo investimento impacta nos resultados. O clube passou a sofrer com salários atrasado, o rendimento caiu e o rubro-negro baiano deixou a Série A2 de 2021 ainda na primeira fase. Apesar disso, ainda é o melhor colocado da região, sendo atualmente o 14º do ranking, seguido por Sport (17º), São Francisco-BA (23º) e Tiradentes-PI (24º).

O Bahia, outro clube de maior expressividade, ocupa a 26ª colocação, eapós ser rebaixado para a Série B do Campeonato Brasileiro, decidiu suspender as atividades do futebol feminino até o mês de abril. A decisão foi comunicada às jogadoras por meio do vice-presidente do clube, Vitor Ferraz, no CT Evaristo de Macedo. Na ocasião, o clube emitiu uma nota oficial comunicando o encerramento e justifica a decisão “em razão da ausência de competições até maio de 2022, somada à queda de receitas na ordem de 50% do orçamento tricolor para 2022”. Recentemente, várias atletas deixaram o Bahia, inclusive artilheira Gadu, e a lateral-direita Nine, que chegou a ser convocada para seleção de base, fez os seus agradecimentos e se despediu das Mulheres de Aço.

Confira o Ranking Nacional de Clubes 2022:

• 1º lugar: Corinthians (11.360)
• 2º lugar: Ferroviária (8.952)
• 3º lugar: Avaí/Kindermann (8.632)
• 4º lugar: Santos (8.568)
• 5º lugar: Flamengo (8.112)
• 6º lugar: São José (7.624)
• 7º lugar: Internacional (7.128)
• 8º lugar: Minas Brasília (6.696)
• 9º lugar: Grêmio (6.632)
• 10º lugar: São Paulo (6.600)
• 11º lugar: Palmeiras (6.360)
• 12º lugar: Iranduba (6.340)
• 13º lugar: Ponte Preta (6.300)
• 14º lugar: Vitória-BA (6.068)
• 15º lugar: Cruzeiro (5.528)
• 16º lugar: Audax (5.056)
• 17º lugar: Sport (5.004)
• 18º lugar: Napoli-SC (4.496)
• 19º lugar: Botafogo (4.404)
• 20º lugar: América-MG (3.960)
• 21º lugar: Foz Cataratas-PR (3.936)
• 22º lugar: ESMAC-PA (3.788)
• 23º lugar: São Francisco-BA (3.784)
• 24º lugar: Tiradentes-PI (3.700)
• 25º lugar: Real Brasília-DF (3.680)
• 26º lugar: Bahia (3.520)
• 27º lugar: UDA-AL (3.456)
• 28º lugar: Náutico (3.428)
• 29º lugar: Ceará (3.284)
• 30º lugar: Vila Nova-ES (3.240)
• 31º lugar: Atlético-MG (3.196)
• 32º lugar: Fluminense (3.008)
• 33º lugar: Vitória-PE (2.912)
• 34º lugar: Vasco (2.896)
• 35º lugar: Chapecoense (2.844)
• 36º lugar: Oratório-AP (2.736)
• 37º lugar: Botafogo-PB (2.636)
• 38º lugar: 3B Sport-AM (2.380)
• 39º lugar: CRESSPOM-DF (2.344)
• 40º lugar: Fortaleza (2.332)
• 41º lugar: Athletico (2.320)
• 42º lugar: Real Ariquemes-RO (2.284)
• 43º lugar: São Raimundo-RR (2.280)
• 44º lugar: Aliança-GO (2.132)
• 45º lugar: Pinheirense-PA (2.060)
• 46º lugar: Atlético-AC, Atlético-GO, Brasil de Farroupilha-RS, Santos Dumont-SE, SERC-MS e Toledo-PR (2.052)
• 52º lugar: Portuguesa (2.020)
• 53º lugar: Bragantino (2000)
• 54º lugar: Rio Preto-SP (1.880)
• 55º lugar: Cruzeiro-RN, Operário-MT e São Valério-TO (1.596)
• 58º lugar: Duque de Caxias-RJ (1.408)
• 59º lugar: Mixto-MT (1.372)
• 60º lugar: Lusaca-BA (1.264)
• 61º lugar: JC Futebol-AM (1.240)
• 62º lugar: América-RN, ASSERMURB-AC, Canindé-SE, CEFAMA-MA, Criciúma, Juventude Conquista-BA e Paraíso-TO (1.140)
• 69º lugar: Juventus-SP (1.104)
• 70º lugar: Auto Esporte-PB, Goiás e Juventude Timonense-MA (912)
• 73º lugar: Taubaté-SP (828)
• 74º lugar: Caucaia-CE (736)
• 75º lugar: Porto Velho-RO (708)
• 76º lugar: Moreninhas-MS e Sampaio Corrêa (684)
• 78º lugar: Embu das Artes-SP (488)
• 79º lugar: São Gonçalo-CE (464)
• 81º lugar: Clube Jaó-GO, Comercial-MS, Gurupi-TO, Porto Clube-RO, Santana-AP e União-RN (456)
• 87º lugar: Tuna Luso-PA (276)
• 88º lugar: Viana-MA (272)
• 89º lugar: Adeco-SP (264)
• 90º lugar: JV Lideral-MA (256)