Em 1983, o Grêmio escreveu um dos capítulos mais importantes de sua história ao conquistar, pela primeira vez, a Taça Libertadores da América. Mais do que um troféu inédito, o título representou uma mudança de patamar para o clube, que passou a se firmar como potência sul-americana.

Hugo de León com a taça de campeão da Libertadores de 1983.
© Foto: Divulgação/GrêmioHugo de León com a taça de campeão da Libertadores de 1983.

O caminho até esse feito começou no ano anterior, com o vice-campeonato brasileiro de 1982, contra o Flamengo, que garantiu ao Tricolor Gaúcho o direito de disputar a principal competição da América do Sul.

Campanha histórica e caminho até a glória

A campanha gremista foi marcada pela consistência. Na fase de grupos, o Grêmio caiu em um grupo que incluía o recente carrasco Flamengo, além dos bolivianos Bolívar e Blooming. O Tricolor conquistou cinco vitórias e empatou uma única vez, justamente contra o Rubro-Negro, em Porto Alegre. Esse desempenho colocou a equipe como líder da chave.

A classificação levou o clube gaúcho para um triangular, diferente do sistema atual de mata-mata. Na segunda fase, encarou Estudiantes (Argentina) e América de Cali (Colômbia). O Grêmio se impôs diante dos argentinos, com uma vitória e um empate, e somou mais uma vitória contra os colombianos, além de uma derrota fora de casa.

Equipe do Grêmio campeã da Libertadores de 1983. Foto: Divulgação/Grêmio

Com isso, garantiu a liderança do grupo e a sonhada vaga na final. A decisão foi contra o temido Peñarol, do Uruguai, que já havia vencido a Libertadores quatro vezes e conquistado o Mundial de Clubes três, o último deles no ano anterior.

O primeiro jogo foi em Montevidéu, no mítico Estádio Centenário, onde o Grêmio arrancou um empate por 1 a 1, com gol de Tita, enquanto Morena marcou para os uruguaios. A grande noite da consagração veio no dia 28 de julho de 1983, no Estádio Olímpico Monumental, diante de um público histórico de 80 mil torcedores. O Imortal venceu o Peñarol por 2 a 1, com gols de Caio e César, enquanto Morena voltou a marcar pelos visitantes. O apito final transformou o Olímpico em um mar de celebração e orgulho: o Grêmio era o campeão da América.

Impacto duradouro e nascimento de um gigante

A conquista da Libertadores de 1983 foi um divisor de águas na história do Grêmio. O clube passou a ser reconhecido não apenas como um grande do futebol brasileiro, mas como uma força respeitada em todo o continente. O título também abriu caminho para a conquista do Mundial Interclubes, vencido sobre o Hamburgo, da Alemanha.

Além disso, a campanha revelou ídolos eternos, como Renato Gaúcho, Hugo de León, Tita, Mazaropi, Tarciso e o técnico Valdir Espinosa. Esses e outros nomes foram imortalizados na memória do torcedor e ajudaram a construir uma cultura de ambição e conquistas que marcaria as décadas seguintes do clube.

Por tudo isso, a conquista da Libertadores de 1983 não representou apenas mais uma taça na galeria. Ela marcou o início de uma nova era, em que o Grêmio se juntou a Santos, Cruzeiro e Flamengo, até então os únicos brasileiros campeões, e comprovou que podia ser protagonista nas maiores competições do continente.