O poker como esporte da mente é uma atividade relativamente nova no Brasil. Embora o mais famoso dos jogos de baralho exista a muito tempo, ele era visto antes como um jogo de azar, com muito preconceito na sociedade. Quem nunca ouviu que um parente já perdeu uma fazenda no poker? O que as pessoas se esquecem é que se alguém perdeu essa grana toda, teve quem ganhou também.

Vencendo o preconceito com o poker para se tornar um jogador profissional

Um dos principais jogadores do país, Rafael Moraes, sócio do 4 Bet Poker Team e dono de grandes forras como o título no The Venom de 2019 onde levou US$ 960 mil poderia nem ter se tornado profissional. “Meu pai sempre me apoio, mas a minha mãe ficou muito preocupada pois o sonho dela, e o meu, era que eu me tornasse engenheiro e entrasse no mercado de trabalho”, disse em vídeo no canal dele no Youtube.

Outro profissional tupiniquim que revelou ter sofrido preconceito no começo da carreira foi Thiago Decano. O campeão mundial em 2015 quando venceu o Evento #38 WSOP em Las Vegas também já comentou em vídeo no canal dele sobre o assunto. Em 2007 quando ele decidiu se profissionalizar trabalhava em um banco e teve que mostrar números para os pais de que ganhava quatro vezes mais com o baralho.

Se o preconceito já acontece com os homens que se iniciam na profissionalização, imagina com as mulheres? Uma das pioneiras no cenário brasileiro, Gabriela Belisária, primeira mulher campeã de uma etapa do BSOP, não tinha o apoio dentro de casa. Ela já revelou em entrevistas que ao sair de casa para ir jogar ouvia da mãe que estava torcendo para ela perder.

Muito desse preconceito é enraizado ainda no imaginário da sociedade que visualiza o poker como um ambiente escuro e esfumaçado, com bebidas alcóolicas por toda parte. A teledramaturgia brasileira também não contribui para desmistificar isso, afinal, quando o esporte foi retratado na novela “A força do querer” a personagem Silvana (Lilia Cabral) foi retratada como uma viciada que colocou em risco todo o patrimônio da família.