O poker e os e-sports tem muitas semelhanças. Muitos jogadores circulam por esses dois mundos, tanto que um dos principais embaixadores do esporte da mente no Brasil, André Akkari, é um dos sócios da FURIA, uma conhecida equipe que abrange várias modalidades de e-sports. No final do ano passado, o PokerStars anunciou uma parceria com esta organização e trouxe para o lado da espada vermelha alguns streamers.

Daniele Feitosa ganhou o BSOP Ladies em 2019 e hoje é uma streamer da FURIA: (Foto: Divulgação BSOP)
Daniele Feitosa ganhou o BSOP Ladies em 2019 e hoje é uma streamer da FURIA: (Foto: Divulgação BSOP)

 

Daniele Feitosa é uma jogadora de poker do Step Team. Ela conheceu o baralho não tem muito tempo, foi em 2018, através do marido que sempre participou de alguns home game com os amigos. Mesmo com uma carreira tão curta, ela já teve muitas conquistas neste cenário, a última delas veio depois de um convite bem especial.

 

“Dani você está fazendo live?”, foi a pergunta que André Akkari fez para ela através do instagram. A jogadora que mora Itatiba, no interior de São Paulo respondeu que sim e logo depois Akkari disse que ia levar ela para fazer parte da FURIA. “Eu respondi o que? Não entendi... achei que tinha entendido errado né?”, brincou durante a entrevista excluvisa para o Bola Vip.

A parceria deu muito certo, a Dani Feitosa já tinha um canal na Twitch, mas sem dúvida a junção com a poderosa organização fez ela dar um salto nas transmissões. E pensar que tudo isso começou há três anos, depois dela trocar um mercado seguro por outro cheio de dúvidas. No meio disso tudo ainda teve uma viagem pelo Brasil parando em vários clubes de poker.

Confira a entrevista completa com Daniele Feitosa:

Bola Vip: Como e quando conheceu o poker? Quando decidiu que iria se tornar profissional? Teve apoio da família?

Daniele Feitosa: Conheci o poker em 2018 através do meu marido, ele gostava de jogar alguns torneios online no PokerStars e com os amigos dele em Home Game, mas tudo recreativamente mesmo. Eu pedi uma sugestão para um dos amigos dele de um presente de aniversário e ele me falou sobre uma maleta de poker.

Eu comprei o kit e depois de alguns meses ele me ensinou as regras e me interessei pelo jogo. Eu sou engenheira civil, trabalhava em uma empresa que prestava serviço para Sabesp, mas acabou o contrato dessa empresa e todo mundo foi mandado embora. Eu já queria fazer outras coisas, mas não tinha coragem de sair do meu trabalho, só que no último dia de aviso prévio meu chefe me ligou e pediu para eu continuar.

Ele achava que eu ia soltar fogos, mas acabei falando que não poderia ficar, porque eu já tinha o plano de fazer uma “poker tour” com o meu marido. Acabei saindo do trabalho dessa forma, mas meus pais por um bom tempo achavam que eu tinha sido mandado embora, que não tive outra opção, mas eu tive.

Só contei essa história para eles um bom tempo depois. Por mais que eu seja independente e eles não opinem, tem uma certa dificuldade de entender. Saí de uma profissão estável para uma que não tem estabilidade nenhuma. E tem a questão deles falarem; a minha filha joga baralho.

Meu pai é muito religioso, extremamente religioso, já tivemos algumas discussões em relação a isso e essa é a maior dificuldade em relação a minha família. Eles aceitam, mas eu acho que eles não apoiam até hoje. Eles aceitam, toleram, mas não tem aquela animação de falar ahhhh minha filha joga poker. Eles preferiam mil vezes que eu voltasse para meu outro trabalho.

 

BV: O Step Team foi o único time que passou? Como entrou no time? O que mudou no seu jogo? Quais as vantagens de jogar para um time?

DF: Depois que eu saí do meu trabalho fiz um “poker tour” com meu marido. A gente fez um projetinho para já que íamos de carro visitar a mãe dele lá no Mato Grosso, parar nos clubes de poker pelo caminho. Fizemos um roteiro e pedimos apoio pra algumas pessoas, a Cássia que é da ITM Créditos gostou e decidiu apoiar. Esse foi o primeiro contato que eu consegui com o Step Team, porque eles também são sócios da empresa de fichas né.

Na volta desse “poker tour” a gente passou no BSOP Rio Quente, em 2019, e eu acabei cravado o Evento Ladies. Depois desse resultado, quando eu voltei a Cassia e o Gui Moura me convidaram para conhecer o poker online, eu só jogava live até então. Foi assim que entrei para o Step Team, estou lá até hoje, no meu terceiro contrato com o time e foi o único que joguei até agora,

Eu já tinha feito o curso da Inagame do André Akkari, ganhei através de um concurso no Twitter e era relativamente lucrativa no live, mas certamente depois que entrei para o time me aprofundei mais. Estudar com profissionais que jogam todos os dias, usam os softwares de apoio, dá uma visão melhor.

Entrar para um time é ter a segurança da banca. É muito importante não se preocupar com o Bankroll, ter o apoio de pessoas capacitadas para ajudar na evolução, ter um suporte para tirar dúvidas, pertencer a uma comunidade que tem o mesmo objetivo, eu acho que é muito importante para quem está querendo evoluir no jogo.

 

BV: E a Twitch? Como foi a ideia de transmitir o jogo?

DF: A Cassia quem me sugeriu, mas eu tinha acabado de entrar no time, estava aprendendo, tentando desenvolver o jogo, nem conhecia a Twitch, mas vendo outras lives pensei que poderia ser algo legal. A ideia surgiu em agosto de 2019, mas só em dezembro eu comecei a fazer. Demorei porque no começo tudo estava dando errado no time, eu só perdia, também fiquei amadurecendo a ideia, aprendendo a fazer o layout e me preparando psicologicamente para a parte ruim também.

Mas quando eu comecei a transmitir o meu jogo, coincidência ou não, as coisas foram dando certo e me senti bem à vontade, mesmo com as dificuldades de ainda jogar poucas telas, de estar perdendo. Logo na primeira semana eu cravei dois torneios. Fazer a live foi a virada de chave, tanto para minha confiança quanto para me encontrar no que eu realmente gosto de fazer que é jogar e me comunicar com o pessoal.

Só que tem que entender que ser jogadora de poker é uma coisa e ser streamer é outra. São atividades completamente diferentes, eu enxergo dessa forma. Até porque hoje eu entendo que a live tem me ajudado até na parte de autoconhecimento, é algo que diminuiu o meu ROI de certa forma, porque eu tenho que prestar atenção em muitas coisas ao mesmo tempo, acabo fazendo menos volume, jogando menos telas para poder fazer uma live de qualidade, dar atenção ao chat.

 

BV: E a entrada para o time de streamers de uma mega organização como a FURIA, como foi o primeiro contato, o desenrolar da negociação?

DF: Até hoje eu acho muito engraçado, é o sonho de qualquer streamer quando começa a fazer live, entende esse mundo, você sabe quem são os melhores, qual é o topo, as melhores organizações. A FURIA sempre foi um negócio muito legal, mas eu achava inalcançável, eu não tinha tantas visualizações.

Foi muito aleatório, eu acompanho o Akkari nas redes sociais desde que conheci o poker e um dia ele anunciou que o Duzão da banda “De menos é mais” era o novo contratado da FURIA. Eu achei super legal, sou fã, sempre coloquei as músicas dele na minha live, e respondi dizendo isso pro Akkari.

Na resposta ele me escreveu: “Dani, você está fazendo live?” Do nada, não escreveu nada fora isso... Eu respondi, tô... Aí ele me pediu o link, eu mandei e 5 minutos depois ele me escreveu dizendo: Eu vou te trazer pra FURIA... Eu quase cai da cadeira, eu jamais esperava um diálogo desse... Eu Respondi... O que? Não entendi... Achei que tinha entendido errado né?

Conversamos pelo whatsapp e ele me pediu para não divulgar, mas que a FURIA iria fazer uma parceria com o PokerStars e montar um time de streamers de poker. Me contou que o Rafael Moraes e a Lali Tournier iriam participar, me convidou e claaaaaro que eu aceitei, mas antes tive que encerrar uma outra parceria que eu tinha e foi muito acolhedora.

 

BV: Por fim, eu gostaria que você falasse qual é o seu grande sonho no poker?

DF: Eu tenho vários, mas alguns que eu nem sabia que tinha eu realizei. Ganhar um BSOP tão precocemente, eu tinha seis meses no poker apenas. Entrar para FURIA, era algo tão distante. Sempre que me perguntam sobre sonho no poker é com certeza ganhar um bracelete da WSOP.

Eu entendo que esse é um sonho distante, mas vou caminhar nessa direção. Tem o sonho que é o bracelete e um objetivo; ser patrocinada pelo maior site de poker do mundo. Só não sei se quero divulgar qual seria esse site, porque pode complicar em uma série de degraus que eu ainda tenho que subir, mas ai seria cheguei onde realmente eu quero.