Neste domingo (28), eu começo a escrever o “Pega a visão”. Sempre após os jogos, vou analisar o que o Vasco apresentou. E, claro, começamos com o primeiro jogo após a paralisação.
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A ansiedade da torcida vascaína era grande para ver o que o novo técnico Ramon Menezes aprontaria no primeiro jogo à beira do gramado. E o que se percebeué animador. O Vasco venceu um fraco Macaé por 3 a 1, mas o resultado importa pouco em comparação ao que foi visto dentro de campo. Explico os motivos.
O primeiro é que o time de Abel Braga não poderia ser chamado como tal. Era desorganizado, fraco defensivamente e dependente dos gols de Cano. A campanha até então no Campeonato Carioca mostrava isso. Já com Ramon Menezesos jogadores pararam, finalmente, de fazer aquele costumeiro gesto de abrir os braços pedindo opção. Foi visto um 4-2-3-1 com muita aproximação, toque de bola e movimentação para fazer as variações darem certo.
Vinícius foi a grande surpresa de Ramon na escalação – no lugar de Bruno César – e não decepcionou (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)
Com a bola foi sintomático ver a diferença de um técnico que conhece o elenco que tem para o anterior, que se mostrava perdido nas opções. Pikachu ganhou liberdade para fazer a dobradinha com Vinícius. Deu muito certo. As melhores jogadas saíram pelo setore a origem dos gols e do pênalti sofrido foram por ali. Ramon perdeu Marrony, mas deixou claro que sabia que Vinícius era o melhor substituto.
Do outro lado, Henrique praticamente não passava da linha do meio-campo e, com isso, o comandante evitou que as deficiências ofensivas do lateral aparecessem, dando condições também para a parte defensiva, muitas vezes atuando como terceiro zagueiro, se sobressair. Potencializando virtudes e minimizando falhas.
A zaga com Graça e Castanera o óbvio para a torcida e Ramon escutou. Também funcionou e os dois demonstram uma tranquilidade imensa para sair com a bola.
Andrey, que é o melhor jogador do Vasco ao lado de Cano, continuou com sua boa fase e fez um jogo praticamente perfeito. Viradas de bola, compondo o meio e chegando para chutar de fora da área em momentos certos. Saída de bola com qualidade.
Já Fellipe Bastos também estreou bem em 2020. Deu uma assistência que poucos esperavam pelas circunstâncias do lance e surpreendeu na volta. Se continuar fazendo o simples, consegue, pelo menos, ser um jogador útil, mesmo que, para mim, tenham outros melhores na posição. Porém, no Vasco ideal, a vaga que ele atuou nesta partida é de Guarín, que pode encorpar de vez a equipe.
Benítez deve ser peça constante no tim titular do Vasco de Ramon Menezes (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)
Benítez não fez nada genial, mas mostrou que estava no jogo. Fez boas tabelas e até arriscou chutes de fora da área. Precisa entrar em forma para que o corpo responda às ações que a cabeça pede.
Talles, voltando de lesão e também da paralisação, não foi bem, mas mostrou o talento de sempre quando tocava na bola. Precisa de mais companhia na esquerda, já que Henrique tem feito o papel defensivo. Ramon Menezes vai precisar acertar neste ponto e creio que uma aproximação de Benítez no setor pode ajudar.
No ataque, Vinícius fez um belo jogo e é realmente diferente no “um contra um”. Se continuar amadurecendo no quesito inteligência, tem tudo para substituir uma lacuna que Rossi deixou quando saiu. Tem até mais potencial para isso.
Germán Cano fez mais do mesmo: gol. Três, por sinal. Das11 bolas nas redesdo Vasco em 2020, oito foram do argentino. O camisa 9que a torcida sempre pediu. Ótimo atacante e um dos pilares desse time. Nem sombra tem.
O gol sofrido foi numa falha de Fernando Miguel, que tinha acabado de fazer uma defesa impressionante. A saída das balizasé um problema vascaíno há muito tempo. Tem que ser resolvido com urgência.
As substituições não surtiram muito efeito. Bruno César, Marcos Jr. e Raul pouco fizeram e o time caiu de rendimento, algo totalmente esperado por conta do longo tempo parado. Mas foi interessante ver Cláudio Winck apoiando e Pikachu de ponta. Alternativa quando Vinícius ou Talles não estiverem rendendo o esperado. Lucas Santos também entrou bem pela esquerda.
Por fim, foi possível ver uma equipe organizada e preenchendo espaços. A verdade é que assistiu-seum jogo-treino. O Macaé já era fraco antes da pandemia e ficou mais ainda após. Já o Vasco ficou melhor. Os elogios são válidos, mas não dá para tirar os pés do chão. Foi só um passo minúsculo no trabalho que o clube precisa fazer para enfrentar grandes clubes. Mesmo com um retorno totalmente precipitado, pelo menos o torcedor pôde sentir um pouco de alegria com o que foi mostrado.