Conheça a história do Maracanã, esse mítico gigante, desde sua construção nos anos 1940

O estádio Jornalista Mário Filho, conhecido como Maracanã, inaugurado em 16 de junho de 1950, foi palco de várias partidas icônicas em finais de Copa do Mundo, Libertadores e Jogos Olímpicos. Mas você sabe como foi o processo de construção e as primeiras partidas que fizeram do Maracanã um templo sagrado para os brasileiros?

Foto: Divulgação/Internet
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Fruto de uma era dourada no Rio de Janeiro, o Maracanã é capaz de reunir os mais diferentes públicos em um só lugar. Desde as elites que antes ocupavam as mesas de estabelecimentos no bairro da Urca (e hoje jogam em cassino online) até o povo mais humilde que lotava as arquibancadas no setor da Geral. 

O Maracanã abraça todo tipo de apaixonado por futebol. A Cidade Maravilhosa mudou e o estádio mudou com ela. Mas uma coisa continua a mesma: a devoção pelo gigante de concreto. Rio e Maracanã viveram o desenvolvimento urbano na mesma intensidade desde 1950. 

A casa do Fla-Flu e de duas finais de Copa do Mundo

Foto: Divulgação/FIFA

Foto: Divulgação/FIFA

Hoje, o Flamengo e o Fluminense têm o Maracanã como casa, e o Flu já experimentou a glória máxima no futebol sul-americano no estádio, em 2023. Além do Tricolor, o Palmeiras também já foi campeão da Libertadores, em 2020, embora com público extremamente reduzido por conta de restrições da pandemia de coronavírus que se abateu sobre o país entre 2020 e 2021.

Outro momento histórico para o futebol brasileiro foi a conquista da inédita medalha de ouro nas Olimpíadas de 2016, contra a Alemanha. A vitória, nos pênaltis, foi uma espécie de troco pela tristeza imposta pelos germânicos em 2014, na semifinal da segunda Copa do Mundo disputada no Brasil. 

Embora tenha a honra de ter recebido duas edições do Mundial, o Brasil jamais foi campeão como sede. Em 1950, foi derrotado pelo Uruguai por 2 a 1. Já em 2014, a queda veio na semifinal, diante da Alemanha, que viria a ser campeã, pelo acachapante placar de 7 a 1. 

O Nascimento do Gigante

Tudo começou em 1938, após visita ao Brasil do então presidente da FIFA, Jules Rimet. O francês veio ao país e aceitou a candidatura local para receber a Copa do Mundo de 1950. Seria o primeiro Mundial após o hiato da II Guerra Mundial. Pedra fundamental das obras colossais que foram feitas em vários estados para estruturar a Copa, o Maracanã pode ser considerado a maior joia desse processo.

A construção do estádio se iniciou em 2 de agosto de 1948, com a certeza de que seria a maior do mundo no setor, com o custo estimado de CR$250 milhões. Após quase dois anos, o Maracanã foi concluído, embora precisasse de alguns retoques finais durante a Copa do Mundo. 

Pouco antes do início do torneio, no dia 16 de junho de 1950, foi realizada a primeira partida no histórico gramado, entre a Seleção do Rio de Janeiro e a Seleção de São Paulo. O primeiro gol registrado em toda a história do Maracanã foi marcado por Didi, para a seleção carioca. Entretanto, os paulistas acabaram vencendo por 3 a 1, de virada. Na ocasião, o estádio ainda levava o nome de Estádio Mendes de Moraes, ou Estádio Municipal do Derby.

Maracanazo: a cicatriz que ficou na pele do povo brasileiro

Construído com objetivos grandiosos, o Maracanã tinha um plano traçado desde o início: ser o palco da maior conquista da Seleção Brasileira em 1950. E o Brasil vinha fazendo sua parte para atender à expectativa, atropelando Suécia e Espanha com duas goleadas. Tudo convergiu para uma decisão inesquecível diante do Uruguai, na qual o Brasil podia ser campeão até mesmo com um empate. 

Cerca de 200 mil pessoas estiveram presentes para testemunhar a final daquela Copa, um troféu que o Brasil ainda não havia conquistado. Contudo, aquele dia de 16 de julho acabou entrando para história como uma tristeza jamais superada. 

O “Maracanazo” foi a decepção que abalou toda uma geração de brasileiros por conta da virada do Uruguai, por 2 a 1. Mesmo saindo na frente com gol de Friaça, o Brasil foi superado pelos vizinhos com gols de Schiaffino e Ghiggia. A desolação nas arquibancadas e tribunas de imprensa foi total e o silêncio tomou conta da nação.

A cicatriz da final de 1950 demorou oito anos para começar a fechar. Em 1958, o time de Didi, Zagallo, Garrincha e Pelé levantou a taça no Mundial da Suécia e redimiu o povo da sua grande tristeza no esporte. Em 1962, a conquista foi renovada no Chile, com um grupo parecido de atletas. Assim sendo, muitos daqueles que viram o Maracanazo tiveram uma redenção (longe de casa) em vida com o bicampeonato. Posteriormente, em 1989, o Brasil conquistou a Copa América contra o Uruguai no Maracanã, em mais uma resposta da seleção canarinha ao carrasco histórico.

A relação entre o Rio de Janeiro e o Maracanã

Ícone do povo carioca desde a sua inauguração, o Maracanã reflete a paixão do brasileiro pelo esporte mais popular do planeta. Respeitado mundo afora por sua grandeza e tradição, o estádio se transformou em sinônimo de Brasil com o passar das décadas.

Aliás, não só pelas amplas reformas estruturais, mas também pelo caráter multicultural do espaço. Shows e festas populares tomaram conta do Maracanã, fazendo dele um cartão postal. Entre os eventos mais marcantes estão a visita do Papa João Paulo II em 1980; o show de Frank Sinatra, no mesmo ano; Desafio de Vôlei entre Brasil e União Soviética, em 1983; além do Rock In Rio II em 1991; além do show de 50 anos de carreira de Roberto Carlos, em 2009. 

O futebol abriu espaço definitivo para outros esportes em 2007, quando os Jogos Pan-Americanos vieram para o Brasil, preparando o terreno para as Olimpíadas de 2016. Se o país e o Rio de Janeiro viveram uma notável evolução e modernização nos últimos 70 anos, o Maracanã não ficou de fora dessa onda, ensinando como se renovar e se adequar aos tempos sem perder a própria identidade.