A semana no Barcelona começou de maneira sombria. Nesta segunda-feira(1), o clube foi alvo de busca policial após a deflagração do “BarçaGate”, operação que investiga fatos ligados a indícios de suposta administração desleal e corrupção privada, praticadas na gestão do ex-presidente Josep Maria Bartomeu, que dirigiu o clube de janeiro de 2014 até outubro de 2020, quando renunciou ao cargo. 

Foto: Getty Images (Photo by Gonzalo Arroy)
Foto: Getty Images (Photo by Gonzalo Arroy)

Logo pela manhã, Bartolomeu foi preso juntamente com o atual CEO do Barça, Òscar Grau; o diretor jurídico, Romà Gómez Pontí; e o ex-assessor presidencial Jaumes Masferrer. Entretanto, segundo informações da imprensa espanhola, apenas o ex-presidente e seu então assessor, Masferrer, permaneceram presos e passarão a noite detidos. A informação é do Globoesporte.com.

Ao ser interrogado, Bartomeu exerceu o direito do silêncio referente aos questionamentos da inquirição. O fio condutor das investigações centra o foco nos contratos em que a gestão do ex-presidente fechou com a empresa 13 Ventures, para que se desenvolvesse trabalhos voltados à coleta de dados e administração das redes sociais do clube catalão. A empresa especializada foi um dos endereços em que nesta segunda-feira, aconteceram as buscas policiais, juntamente com o Camp Nou e as residências de Bartomeu e Masferrer.

O escândalo estourou quando a rádio Cadena SER, da Espanha, denunciou as práticas de Bartomeu. O caso que mais alarmou foi a contratação da empresa citada, para promover a difamação de personalidades do clube, como os astros Messi e Piqué, além de nomes gigantes da história do Barça, como Xavi, Puyol e Guardiola. A suposta movimentação criminosa de Bartomeu tinha objetivos políticos, contudo, também mirou seus ataques aos candidatos na eleição presidencial que ocorre no clube, Joan Laporta e Víctor Font, o pleito acontece no próximo domingo(7).


Não são só os ataques, sempre negados pelo ex-presidente, as únicas irregularidades investigadas: os contratos feitos com a empresa têm fortes indícios de superfaturamento. Tal conclusão foi constatada após comparação dos mesmos serviços com empresas que atuam no mesmo mercado. Na contratação dos serviços, foram pagos 1 milhão de euros por ano à empresa, divididos em cinco parcelas de 200 mil euro. Para burlar a apreciação dos conselheiros, Bartomeu supostamente teria manobrado as parcelas para que fossem cobradas no orçamento de diferentes departamentos do clube.

A polícia começou a investigar o “BarçaGate” em abril de 2020, pois as denúncias se agravavam juntamente com a situação financeira do clube. O caso também colocou o clube em uma tormenta institucional, na época,  seis diretores se demitiram do estafe de Bartomeu. O escândalo caiu nos gramados, quando entre agosto e setembro de 2020, a espiral da crise fez com que Messi declarasse publicamente a intenção de deixar a equipe.

O anúncio do “fico” do craque argentino veio em uma entrevista na qual Messi não poupou críticas ácidas a Bartomeu. Ao acusar o dirigente de faltar com a palavra, um levante no clube foi feito com o objetivo de tirar o então presidente do cargo. Com a pressão, Bartomeu deixou o Barça em  27 de outubro, depois de seis anos no cargo.