A vitória contra o Athletico-PRem Curitiba está na conta palestrina entre os três pontos mais gloriosos conquistados nos últimos tempos. Glória alcançada não como fruto de uma construção trabalhada na técnica e recompensada após o avanço funcional de um time. Não, tal glória se caracteriza por bênção milagrosa, daquelas que se acham um gol em meio a uma partida em que praticamente não levou perigo ao gol adversário.
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Em jogo péssimo protagonizado por ambas as equipes, em que os melhores momentos não foram jogadas, e sim aproximações na área inofensivas, o mantra da parada pandêmica é entoado como justificativa protocolar, para afastaro constrangimento pelo baixo nível técnico apresentado.
Há de se considerar a parada como um elemento determinante do pobre futebol visto na maioria das equipes, de fato, isso nivelou por baixo. No caso do Palmeiras já se tornou inverossímil justificar o recesso como principal fator do que (não) se vê em campo. Os problemas persistem, todas as partidas do Palestra têm sido exatamente iguais.
A crítica nasce de um jogo em que o Palmeiras foi envolvido pelo Athletico em boa parte do primeiro tempo. Acuado, com dificuldades constrangedoras para sair jogando de seu campo, o enquadro paranaense não surtiu efeito pelo curioso fato de o Palmeiras ter um adversário a sua semelhança. Posse de bola inócua com passes que não levavam a nada, mas o fato é que o Palestra parecia enfeitiçado em um jogo pelo seu lado esquerdo, preso no setor do campo em que Rony e Diogo Barbosa eram nítidas fragilidades.
Em time em que o goleiro é o principal destaque por ser o que melhor armajogadas – só porque Felipe Melo estava ausente e não pôde dar seu cartão de visitas com suas bolas longas desde a defesa, alguma coisa não está bem. Aos 35 minutos do 1T, a única jogada de perigo de gol palestrino foi a cabeçada de um zagueiro, por sinal, impedido no lance.
Falar do meia de ligação de plantão virou praticamente um estigma conferido a posição. Não importa quem começa o jogo, em poucos minutos o torcedor pediráou até mesmo implorará por outro, dependendo o nível de desespero do torcedor.
Gabriel Menino atuou mais pelaponta. Pouco contribuiu para armações de jogadas. Após perfeito cruzamento para Rony, viu o camisa 11 desperdiçarbisonhamente
A falta de contribuição dos profissionais do ofício de armar nem sempre encontra auxílio nos talentosos volantes. Gabriel Menino, deslocado pela direita com funções de marcar o avanço do lateral Abner, não teve muita chance de interligar o ataque, Patrick de Paula com a bola no pé demonstrou apenas segurança de recua-la, irritante artifício utilizado pelo Palmeiras em muitos momentos da partida. De maneira deprimente, ao não ter poder de avanço, a única saída era recuar a bola para Weverton, o armador Alviverde no universo paralelo criado pela falta de opções.
Aos 16min do segundo tempo Lucas Lima poderia ter aberto o placar após um improvável passe de calcanhar de Rony, porém, não foi dessa vez que se encontrou uma troca de passes entre os companheiros de setor ofensivo que resultasse em gol. Uma das poucas jogadas sóbrias do camisa 11 não surtiu efeito pois estava impedido ao receber perfeito lançamento de Weverton.
O goleiro Weverton se destaca a cada jogo pelas ligações de diretas que armam possibilidades de jogadas. Uma das poucas armas efetivas do Palestra (Foto: César Greco/Ag. Palmeiras)
A péssima atuação brindada com vitória no último minuto ao menos deixou claro que Bruno Henrique não cabe mais no time titular, não se sabe como ele ressurge, emerge das cinzas para rapidamente voltar ao limbo. Das certezas encontradas, Rony, com o estilo de jogo de quem soca o olhar para o chão e corre sem raciocínio, também deve ser substituído.
Aos meus olhos a vitória foi fundamental para que o Palmeiras ainda não sucumba a uma crise que parece certa se Vanderlei Luxemburgo não fizer esse time convencer em um campeonato extenso que deve ser jogado de maneira intensa para se manter no pelotão da frente da tabela.
Mais uma partida apática e improdutiva de Bruno Henrique, longe do ideal para um titular do Palmeiras(Foto: César Greco/Ag. Palmeiras)
O técnico encontrou respaldo em palavras do próprio presidente do clube, Maurício Galiotte, que em entrevista disse ser inimaginável uma substituição do comando palestrino no atual momento, porém, é a típica blindagem com validade imediata. Àmedida que o time definha tecnicamente, sem proposta de jogo, com nítida falta de aproveitamento dos escassos treinos que tem possiblidade de realizar, seu “pojeto” fica em xeque.
Mais uma vez a argumentação do treinador não colou. Inexplicável e irreal seu apontamento de que agora o time está mais leve, que precisou deixar o time mais fechado. Para Luxemburgo,agora é hora de mudar. Mas como assim, “pofexô”? Em três partidas de Brasileirão, o que temos são exatamente os mesmos vícios da tétrica reta final do Paulistão.
É inegável que a vitória coroou uma equipe apesar depadecerdas mais variadas dificuldades por conta da grossura de muitos. Quem sabe o gol da vitória em Curitiba não confira mais firmeza para Raphael Veiga desempenhar um papel que Lucas Lima busca através de lampejos.
Raphael Veiga faz o gol salvador de uma até então improvável vitória (Foto: César Greco/Ag. Palmeiras)
Abrir a cornetagem em dia de vitória fora de casa soa estranho, parece má vontade, até porque, na objetividade imediatista de muitos, o que vale são os três pontos. No entanto, fechar os olhos para a maneira como se porta o time alviverde nos 90 minutos é antes de qualquer coisa um ato de imprevidência, típico descuido de quem não sabe ou não se importa com um futuro nem tão distante.