Novos ares já começam a ventilar os lados da Academia de Futebol. Mudanças singelas e importantes, como o simples deslocamento de Felipe Melo para a esquerda ou a escalação de Zé Rafael como volante trouxeram ao Palmeiras a consistência encontrada na vitória contra o Atlético-GO pela 18ª rodada do Brasileirão.

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A organização no posicionamento destacou Felipe Melo. O capitão enfrentou uma queda de rendimento em paralelo com a onda de empates e derrotas, foi questionado sobre sua idade, sua capacidade de marcação. “Felipe Melo, cara de pau, na marcação distanciamento social”, assim cantou a torcida em recente protesto.

Após muitas críticas Felipe Melo volta a ter uma boa atuação no Brasileirão. Um dos melhores em campo diante do Athlético Goianiense(Foto: César Greco/Ag. Palmeiras)
A resposta do camisa 30 veio em melhora clara de performance em Goiânia, onde realizou desarmes, interceptações de jogadas e eficientes passes dados, com acertos de 94%, segundo o “SofaScore”. Já o recuo de Zé Rafael para a volância conferiu força ao setor defensivo. Esteve discreto no campo ofensivo, mas mesmo assim cobriu um Patrick de Paula apagado.
A vitória teve em sua construção uma postura atenta por parte do Palmeiras, capaz de aproveitar os erros do adversário, como ficou explícito em dois dos três gols marcados. Foi justamente a postura posicional do Verdão em campo que possibilitou a indução do erro do rival. No gol de Wesley, com o time atento e bem postado na marcação defensiva, possibilitou a arrancada para um contra-ataque letal, bem como, no 2º gol, a marcação para combater a saída de bola possibilitou as pazes de Luiz Adriano com as redes depois de 7 jogos.

Luiz Adriano chega ao 13º gol da temporada 2020. Divide a artilharia com Willian Bigode. O camisa 10 do Verdão tem 6 gols no Brasileirão(Foto: César Greco/Ag. Palmeiras)
O técnico interino Andrey Lopes, mais conhecido como Cebola, demonstra percepção sutil e eficiente em escalar Gabriel Menino na lateral direita. Embora volante de origem, Menino surpreende positivamente na ala, pois consegue apoiar a defesa com marcação vigorosa e ligações inteligentes ao ataque. Sua contribuição incansável no jogo contra o Dragão Campineiro rendeu uma belíssima assistência para que Luiz Adriano fizesse o terceiro gol palestrino, o segundo do atacante na partida.
Na missão de preparar o Palmeiras para o tão esperado modelo de jogo que virá com o novo técnico, Cebola transpira bom senso. Em sua entrevista coletiva, apontou sabiamente que o caminho é o equilíbrio entre um time veloz no contra-ataque e que também procure girar a bola com eficiência em busca de um passe qualificado. Para o treinador, esse equilíbrio virá quando os jogadores souberem utilizar ambas as qualidades através da leitura que têm do jogo. Isso de fato aconteceu em dois gols palestrinos deste domingo.

Gabriel Menino, lateral-direito do Palmeiras e da Seleção Brasileira. Craque versátil, cria da base alviverde (Foto: César Greco/Ag. Palmeiras)
O bom senso do interino também fica nítido quando, sem rodeios, aponta que as carências do time ainda são preocupantes. Para Andrey, a evolução ainda é pouca. De fato, há muito a fazer em um time que, ao apresentar falhas de aproximação entre seus setores, peca na transição ofensiva. Tal deficiência faz com que jogadas sejam brecadas e impede o progredir rápido para o campo rival. Contra o Atlético-GO, apareceram sinais que isso pode ser reparado. Indícios como, por exemplo, a atuação de Rony com menos ansiedade, mais jogadas objetivas e postura mais concentrada.
A palavra “transição” domina a atmosfera palestrina, porque não define apenas a carência do time em aplicar inteligência quando retoma ou perde a posse de bola. O termo também expressa o período de mudança que o Palmeiras vive ao estar em um processo de busca de novas metodologias, à espera de um treinador que comande uma jornada gloriosa.
O caminho parece que começa a ser traçado tanto pela objetividade, que norteia a diretoria na busca de um nome ideal, quanto pelo claro desejo expressado pela nação alviverde. A dificuldade em períodos de mudanças é entender as sutilezas das transições, nuances que precisam de olhares atentos para as melhores soluções.
Certamente, quem chegar terá que atar nós de uma mesma rede, ligando pontos que resultem em um Palmeiras bem definido quanto a identidades e propósitos.








