Carlos Augusto Montenegro, ex-presidente do Botafogo, analisou esse início de trabalho difícil da equipe Alvinegra e os questionamentos que a SAF, comandada por John Textor, vem passando diante do momento. O ex-dirigente não se isentou e defendeu o trabalho que o empresário norte-americano vem realizando no comando da equipe carioca.

Montenegro ‘quebra’ o silêncio e manda a real sobre trabalho de Textor
© Foto: Reprodução/YouTubeMontenegro ‘quebra’ o silêncio e manda a real sobre trabalho de Textor

Durante entrevista ao canal do YouTube Resenha Alvinegra, Montenegro destacou que Textor é a melhor opção para o Botafogo atualmente. “O projeto, até para falarmos o que está acontecendo em campo, é bom falar o que ocorre fora. Vivi isso como diretor, presidente principalmente como auxiliar. Fui presidente uma vez só, graças a Deus deu tudo certo, com volta à sede e o Campeonato Brasileiro de 1995. Mas foi em outra época, até acredito em forças celestiais, meu pai tinha falecido na época, de ajudar a quem se dedicou muito para a sede retornar a nós. Veio aquele título, tudo deu certo, tudo encaixou, não houve contusão, não tínhamos um elenco, tínhamos um time bom, treinador que não conhecia o Brasil, veio com todo mundo desconfiado, deu certo, salários atrasados”.

Apesar de ter tido uma gestão vitoriosa na presidência do Glorioso, o ex-presidente destacou que não deve servir de exemplo já que eram tempos diferentes e além da grande dívida do clube. “Não serve de exemplo para nada. Foi uma das maiores felicidades da minha vida, mas não serve de exemplo. Não era profissionalismo. Depois sempre falei que não queria voltar a ser presidente, mas ajudaria quem precisasse. Depois teve o famoso comitê que deu tudo errado. Você fica manchado, mas não me arrependo de nada. Tudo que fiz faria de novo. Mas era impossível continuar do jeito que estava, seríamos fregueses da Série B, com risco de ir para a Série C. Qualquer empresa com dívida de R$ 1 bilhão, com Selic e juros nas alturas, a 13,75% por ano, com receita pequena, de R$ 120 milhões, não consegue. Basta ver que os juros de R$ 1 bilhão em um ano são quase R$ 140 milhões. Sua receita só paga os juros. Não tem dinheiro para folha, custeio, viagem, contratação, scout, gramado, para nada. É matemática. Você deve R$ 1 bilhão, juros a 13,75%, nossa receita é menor que os juros, não funciona”, completou.

Foto: Thiago Ribeiro/AGIF

Foto: Thiago Ribeiro/AGIF

Carlos Augusto Montenegro analisou a chegada de Textor no Botafogo através da SAF, apontando que alguns ‘erros’ criticado pela torcida é pela não identificação com o clube de maneira imediata. Já que ele não é torcedor do clube, então tem outra visão para o planejamento da equipe. “Veio o Textor e veio a SAF. Fomos um pouco cobaia, estamos sofrendo por isso. Qual foi a culpa do Textor? Primeiro que não é botafoguense de nascença, nunca foi amante do nosso futebol, está aprendendo. Não conhece nossa história, não sofreu, não comemorou. Ele é uma pessoa vaidosa. São pouquíssimos defeitos que ele tem, admiro ele, mas entrou na base do negócio”.

“E aí começou o erro, a torcida, que é muito carente e precisa de um tutor, foi buscá-lo no aeroporto. Um torcedor deu nota de R$ 20, foi um frenesi. Veja se isso aconteceu em outro lugar… O cara da 777 do Vasco ninguém sabe nem quem é. O Textor começou assim, ídolo total, logo depois passou a vir em alguns jogos, teve interação boa com a torcida, começaram as lives, prometeu muita coisa, reforços… Eu acho o seguinte, como não conhecia a história do Botafogo, se apaixonou pela torcida, nunca tinha visto aquilo, virou um Deus. Ao mesmo tempo os problemas foram surgindo fora do campo”, apontou.