Nesta terça-feira (1), o goleiro Danilo Fernandes concedeu sua primeira entrevista coletiva após ser a principal vítima do ataque desferido contra o ônibus do Esquadrão. Danilo passará por procedimento no olho e não tem previsão de volta. Na entrevista, o jogador abordou os momentos tensos e sobre seu futuro no Tricolor. Danilo tem contrato com o Bahia até dezembro deste ano. Perguntado se o atentado sofrido levantou algum desejo de deixar o Maior do Nordeste, o goleiro foi enfático na resposta:

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“Não me passou pela cabeça sair. Eu, minha família, estamos bem adaptados, apaixonados pelo clube, pela cidade e nenhum momento passou isso na minha cabeça. (…) Minha motivação é fazer o que eu mais amo. Não são vândalos que vão mudar isso. O verdadeiro torcedor não faz isso. O verdadeiro torcedor vai ao estádio, mesmo que seja para xingar, para cobrar, mas não faz isso. Minha motivação é fazer o meu melhor, é estar com minha família, com meus companheiros. Estar saudável para fazer o que eu mais amo”, declarou o arqueiro do Baêa.
O goleiro ainda tem ferimentos no rosto e durante a entrevista, se emocionou, ao abordar o fato lamentável ao qual foi vítima, aproveitou para citar casos de violência e de racismo: “Acredito que, antes de tudo, é a entrevista mais difícil da minha vida. Falando coisas que não é o que a gente quer falar. A gente quer falar o que acontece dentro do campo. Uma situação chata, no futebol pentacampeão mundial, que tem tudo para ser o mais bonito do mundo e está virando notícias policiais. Num momento em que o mundo vem passando por guerra e adversidades. (… ) Hoje no futebol brasileiro, não só no Bahia, está complicado para jogar. Não só na Bahia, mas no Brasil todo, a paixão está sendo confundida com agressão. A preocupação é com todos envolvidos nessas situações complicadas dentro do campo. A segurança tem que ser a nível nacional”, afirmou.
Não faltaram detalhes sobre como aconteceu o ataque. Danilo deu detalhes: “Eles relataram que eu demorei para reagir, eu estava de fone de ouvido, então demorei para entender o que estava acontecendo. Quando eu me dei por conta, estava sangrando, pingando, muito sangue no meu corpo. Pediram para eu ir mais para frente, para sair da zona de perigo. Eu não sabia o que estava acontecendo, e ficou estranho de entender o que estava acontecendo”.
O jogador se manifestou sobre possíveis traumas após o atentado: “Na primeira noite após o incidente, eu não conseguia dormir, não vinha sono, tive que pedir medicamento para enfermeira. Então, assim que eu estava caindo no sono, algum barulho no corredor me despertou. Acredito que não vai haver nenhum estresse pós-traumático, minha esposa fica perguntado se eu estou bem, mas são cicatrizes que vão ficar para o resto da vida. Uma coisa é você se machucar dentro do campo, outra coisa é você ser ferido intencionalmente, e que poderia ter sido algo maior, principalmente pelo corte no pescoço, que poderia ter pego numa veia mais complicada que a gente tem no pescoço, o médico falou até que a barba ajudou um pouquinho a diminuir o impacto, que tinha caco de vidro no cabelo da barba. Tenho suporte muito grande da minha família, do clube e vou estar bem para a próxima semana”.
Danilo comentou sobre a expectativa de seu retorno: “Teve o trauma próximo ao olho, nenhum vidro cortou meu olho, mas, devido ao trauma aqui nessa região, passei pelo oftalmologista. Mas isso causa aquele sangramento, e hoje o olho esquerdo tem umas fumacinhas e fica meio desfocado, mas a médica disse que é por causa do sangramento, que o corpo vai absorver. Vamos fazer um procedimento simples e vou recuperar 100%. (…) Eu não sei. Vou fazer procedimento, tenho alguns pontos no corpo, tem que esperar cicatrização, e semana que vem posso estar fazendo alguma coisa na academia, porque a gente não consegue ficar parado. Primeiro quero me recuperar e voltar o mais rápido possível”.
Para finalizar, o atleta fez um relato sobre seu olhar referente aos agressores: “O que me dói é ver que uma parte do ser humano deu errado. Parte física e mental a gente cuida, tem as pessoas certas, que nos dão suporte. Mas tem uma parte do ser humano que deu errado, isso não pode ser normal. A gente só quer fazer nosso melhor, a gente tem família para sustentar. Tem uma parte do ser humano que não evoluiu, pode ser um vazio que ele tem dentro dele, que não é num atleta de futebol que ele vai suprir isso. Não pode descontar na paixão de um esporte onde pessoas buscam fazer o seu melhor. Descontam uma falta de amor próprio e chega a dar dó dessas pessoas. Eles precisam evoluir, se tratar, deve ser alguma doença. Não pode ser assim. Torço para um futuro melhor deles, que encontrem o caminho deles, de luz, um caminho bacana. A gente quer todo mundo vivendo em harmonia, num mundo ideal, com compaixão um pelo outro”.








