Goleada não apaga problemas
Apesar da vitória por 6 a 0 sobre a Bolívia, o Brasil encerrou a segunda rodada da Copa América Feminina com duras críticas à organização do torneio. As atletas e o técnico Arthur Elias voltaram a denunciar as más condições para o aquecimento pré-jogo. Em duas partidas consecutivas, Brasil e adversárias tiveram que dividir pequenos espaços fechados, sem acesso ao gramado, o que comprometeu a preparação física e causou desconforto entre as equipes.

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Camisa 10 da Seleção Brasileira, Marta foi firme ao comentar os problemas. A jogadora lamentou a falta de estrutura oferecida às atletas e cobrou igualdade de tratamento. “Cobram desempenho das jogadoras, mas também temos o direito de cobrar um alto nível de organização”, disse. Marta também alertou para o impacto do ambiente abafado e da altitude nos preparativos, pedindo sensibilidade por parte da Conmebol.
No jogo contra a Bolívia, a disputa pelo espaço gerou atrito entre as delegações. Marta explicou que não havia espaço suficiente para as duas seleções se prepararem corretamente, o que comprometeu o clima de respeito entre os times. “Ambas queriam se preparar. Não entendo o motivo de não poder aquecer no campo”, comentou. A falta de comunicação clara por parte da organização aumentou a frustração das atletas.

Vestiário brasileiro. Foto: Lívia Villas Boas/CBF
Ary Borges questiona Alejandro Domínguez
A meia Ary Borges também protestou publicamente após a partida. Ela comparou a estrutura da Copa América Feminina à de torneios amadores e apontou o presidente da Conmebol como responsável direto. “Gostaria de perguntar ao Alejandro se ele conseguiria aquecer em um espaço de 5 metros com cheiro de tinta”, ironizou. Ary ainda destacou a diferença de tratamento em relação à versão masculina do torneio, que recebeu investimentos muito maiores.
As declarações das jogadoras escancaram a disparidade de condições oferecidas no futebol feminino. Enquanto a Copa América Masculina conta com estádios modernos, ampla logística e visibilidade, a versão feminina enfrenta limitações básicas. A indignação coletiva das atletas evidencia a urgência por mudanças e respeito à modalidade. “A gente merece coisa melhor”, concluiu Ary, em tom de apelo à Conmebol.
O técnico Arthur Elias já havia criticado a situação no jogo contra a Venezuela e voltou a demonstrar preocupação. Ele relatou risco de lesão em jogadora e defendeu que a organização valorize o futebol feminino com ações práticas. Para Elias, o ambiente de preparação influencia diretamente o rendimento em campo. “O nível técnico também depende da estrutura. Não é só cobrar resultado”, enfatizou em entrevista.

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A Seleção Brasileira volta a campo na terça-feira (22), quando enfrentará o Paraguai pela quarta rodada. Com duas vitórias e nenhum gol sofrido, o Brasil lidera o Grupo B. A expectativa é por mais uma boa atuação, mas também por respostas da Conmebol quanto às críticas. Jogadoras e comissão técnica esperam que o torneio evolua não apenas dentro das quatro linhas, mas também na valorização e no respeito à categoria.








