Aquecimento em condições precárias
A Seleção Brasileira feminina venceu a Bolívia por 6 a 0 nesta quarta-feira (16), no Estádio Chillogallo, pela segunda rodada da Copa América. Com gols de Luany, Kerolin e Amanda Gutierres, a equipe de Arthur Elias chegou a seis pontos e lidera o Grupo B. Apesar do ótimo desempenho em campo, a partida ficou marcada por protestos contundentes contra a organização do torneio e pelas críticas às condições oferecidas pela Conmebol.

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Antes da partida, Brasil e Bolívia foram impedidos de utilizar o gramado para o aquecimento, por decisão da Conmebol, alegando desgaste do campo. As seleções tiveram que dividir um espaço reduzido, em ambiente fechado, o que gerou tensão e desconforto. Ary Borges classificou a situação como “ridícula” e comparou a estrutura à de torneios amadores. “Até na várzea é mais organizado”, afirmou a meia brasileira ao fim da partida.
Após a goleada, Ary usou sua entrevista para questionar diretamente o presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez. “Gostaria de perguntar se ele conseguiria aquecer em 10 metros quadrados com cheiro de tinta. É desrespeitoso. Tivemos um exemplo na Copa América Masculina. Por que a feminina não tem o mesmo nível?”, desabafou. A jogadora defendeu melhores condições de trabalho e ressaltou que a saúde das atletas está em risco.

Arthur Elias em segunda rodada do Brasil na Copa América. Foto: Lívia Villas Boas/CBF
Arthur Elias endossa críticas à entidade
O técnico Arthur Elias também manifestou preocupação com a logística do torneio. Segundo ele, uma jogadora quase sofreu lesão durante o aquecimento, e outra sequer teve espaço para se preparar. “É uma questão de saúde. Influencia no desempenho e na integridade física”, disse. Elias destacou que, sem aquecimento adequado, o início da partida é prejudicado tecnicamente e pode acarretar maior número de erros.
Outro ponto de insatisfação foi a atuação da arbitragem e o baixo tempo de bola rolando. Dois gols do Brasil foram anulados de forma polêmica, e as paralisações comprometeram o ritmo do jogo. Elias citou que o primeiro tempo teve menos de 40% de bola em jogo, e o segundo, apenas 32%. “A Fifa recomenda 60%. Isso pode interferir no saldo de gols, que é critério de desempate”, alertou o treinador, pedindo mudanças urgentes.
As críticas também apontaram a disparidade entre as versões masculina e feminina da Copa América. Ary Borges lamentou a falta de igualdade na estrutura. “É inadmissível esse tipo de diferença em 2025. Queremos respeito”, afirmou. O Brasil, mesmo vitorioso, foi unânime em cobrar que as condições para as mulheres sejam minimamente profissionais, especialmente em uma competição continental oficial.

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Com duas vitórias, oito gols marcados e nenhum sofrido, o Brasil segue invicto e folga na terceira rodada do Grupo B. O próximo compromisso será na terça-feira (22), diante do Paraguai. Apesar da boa fase, a Seleção segue atenta aos bastidores da competição e disposta a denunciar problemas estruturais que comprometem a integridade e o desenvolvimento do futebol feminino na América do Sul.








