O Flamengo conquistou a Libertadores e a Copa do Brasil em 2022 e ainda assim, decidiu trocar de técnico ao final da temporada. As negociações com Vítor Pereira esquentaram com Dorival Jr. ainda no cargo, e o profissional brasileiro optou por deixar o cargo. O que evidencia uma característica da diretoria Rubro-Negra nos últimos anos: desde a saída de Jorge Jesus, o Clube não se encontrou quando o assunto foi comando técnico e planejamento.
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VP foi anunciado pelo Flamengo no dia 13 de dezembro, um mês após sair do Corinthians alegando problemas familiares. A troca de Dorival pelo português vem se mostrando uma decisão equivocada da diretoria do Fla neste início de 2023. O que ficou escancarado nesta terça-feira (8). O Rubro-Negro não fez jus ao favoritismo e à expectativa da sua torcida na semifinal do Mundial de Clubes, perdeu para o Al-Hilal por 3 a 2 e deus adeus ao sonho de voltar a erguer a Taça do torneio intercontinental.
Em um intervalo de 11 dias, a equipe de VP sofreu sete gols e fracassou em duas decisões. O primeiro título em jogo na temporada ficou para trás na derrota por 4 a 3 para o Palmeiras, na final da Supercopa do Brasil. Agora, resta ao Flamengo brigar pelo terceiro lugar no Mundial e depois voltar ao Rio de Janeiro para retomar a disputa do Campeonato Carioca.
Vítor Pereira é o segundo português e terceiro estrangeiro contratado pelo Flamengo após a saída de Jorge Jesus, em 2020. E o filme vem se repetindo. Deu errado com Domènec Torrent, aconteceu o mesmo com Paulo e vai sendo igual na passagem de Vítor Pereira, ao menos neste início.
Sob o comando de Vítor Pereira, o Flamengo fracassou no Mundial de Clubes e foi derrotado pelo Al-Hilal na semifinal. Foto: Michael Steele/Getty Images
O retrospecto pós JJ no Fla mostra uma “goleada” de técnicos brasileiros sobre os estrangeiros. O espanhol Domènec Torrent, ex-auxiliar de Pep Guardiola, foi o escolhido para assumir a vaga deixada pelo português. Uma missão e tanto, afinal com Jesus o Rubro-Negro ganhou a Libertadores e o Brasileirão, e impressionou pela forma como jogava e passava pelos adversários.
Uma escolha e uma passagem para o Clube e a torcida esquecerem. Domènec caiu após 28 jogos e ficou marcado pelas goleadas sofridas no comando do Fla: 3 a 0 para o Atlético-GO, 5 a 0 para o Independiente del Valle, 4 a 1 para o São Paulo (em pleno Maracanã) e 4 a 0 para o Atlético-MG.
Rogério Ceni chegou e levou os flamenguistas aos títulos do Brasileirão e da Supercopa do Brasil em 2020 e do Cariocão em 2021. O retrospecto não segurou Ceni por muito tempo. Em julho de 2021, ele teve sua demissão anunciada em uma madrugada de sábado para domingo. Renato Gaúcho assumiu, foi vice-campeão da Libertadores – derrotado para o Palmeiras na final – e caiu em novembro do mesmo ano. Rodolfo Landim, Marcos Braz e companhia decidiram então apostar em um novo estrangeiro.
A bola da vez para iniciar a temporada de 2022 foi o português Paulo Sousa, que treinava a Seleção Polonesa. O europeu chegou disposto a fazer mudanças drásticas no elenco, testou formas diferentes de jogo e chamou atenção pela quantidade de escalações diferentes. Algumas improvisações, como deslocar Éverton Ribeiro para a ala esquerda, também tiveram destaque, porém de forma negativa.
Com Paulo Sousa, o Rubro-Negro foi vice do Campeonato Carioca, batido na decisão pelo Fluminense. A equipe fazia boa campanha na fase de grupos da Libertadores, mas as derrotas para o Fortaleza, no Maracanã, e para o Red Bull Bragantino, fora de casa, ambas pelo Brasileiro, derrubaram o treinador – após 32 partidas. Ele chegou a dar um treino ao elenco mesmo após já ter a sua demissão definida.
Dorival Jr. assumiu no meio da temporada passada, retomou a confiança e o melhor futebol do Fla e levou o time a levantar os troféus da Libertadores e da Copa do Brasil. Não bastou para convencer à diretoria e ganhar sequência no cargo. Vítor Pereira chegou e iniciou o trabalho com dois fracassos consecutivos e tornando-se alvo de fortes críticas.
Entre julho de 2020 e dezembro de 2022, o Rubro-Negro fez seis trocas de técnico. Foram três brasileiros e três estrangeiros. Até aqui, só comandantes tupiniquins tiveram experiências vitoriosas pelo Mais Querido após JJ. Rogério e Dorival levaram à sala de troféus do Fla, cinco novas Taças: Libertadores, Brasileirão, Copa do Brasil, Supercopa do Brasil e Campeonato Carioca.