CBF expõe áudios do VAR após pressão do São Paulo no Choque-Rei
Depois da forte pressão do São Paulo e do aval da Fifa, a CBF divulgou nesta quinta-feira (9) os áudios das conversas entre o árbitro de campo Ramon Abatti Abel e o responsável pelo VAR, Ilbert Estevam da Silva, no Choque-Rei do último domingo, pela 27ª rodada do Brasileirão Betano. O Palmeiras venceu o clássico por 3 a 2, de virada, e assumiu a liderança da competição.

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Dos cinco lances que geraram reclamações do Tricolor, quatro foram disponibilizados pela entidade. Em tese, os áudios não precisariam ser tornados públicos, já que se tratam de “lances sem revisão protocolar”, ou seja, sem checagem no monitor. No entanto, diante da grande polêmica e da autorização da Fifa, a CBF decidiu abrir o material para dar transparência ao episódio.
A jogada mais contestada foi o pênalti não marcado em Gonzalo Tapia, derrubado dentro da área por Allan, do Palmeiras. No áudio, Ramon Abatti Abel demonstra convicção ao negar a infração. “Escorregou, escorregou, o jogador escorrega, e os dois estão olhando para a bola! Pode seguir! Não tem nenhum tipo de entrada aqui”, afirmou o árbitro.
Análise do lance
Do VAR, Ilbert Estevam da Silva confirmou a análise do colega e reforçou a tese de acidente de jogo. “É uma bola saindo da área, temos o jogador do Palmeiras que escorrega e ele tem o contato com o adversário, totalmente acidental, que é provocado pelo escorregão. Ramon, é justamente o que você narra. É um contato acidental, o jogador do Palmeiras claramente em um escorregão (…) A bola não está para nenhum dos dois atletas”, relatou Ilbert.
A Comissão Nacional de Arbitragem concordou com o São Paulo sobre o erro na marcação e afastou tanto Ramon quanto Ilbert para um período de reciclagem. O clube acredita que, mesmo sem veto oficial, a CBF não voltará a escalar o árbitro em partidas do Tricolor tão cedo.

SP – SAO PAULO – 05/10/2025 – BRASILEIRO A 2025, SAO PAULO X PALMEIRAS – jogadores do Sao Paulo reclamam com a arbitragem durante partida contra o Palmeiras no estadio Morumbi pelo campeonato Brasileiro A 2025. Foto: Marcello Zambrana/AGIF
Outro lance que gerou discussão foi o cartão amarelo aplicado a Andreas Pereira por uma entrada dura em Marcos Antônio. O São Paulo pediu o vermelho, mas a decisão foi mantida. “Ele pisa na bola e a sola pega depois”, justificou Ramon. Irritado com as reclamações, o árbitro fez um desabafo em campo: “Ah, Luciano! Por favor… Luciano reclama de ter nascido até, é impressionante! Não dá paz. Você vê o que é a complexidade que é apitar no futebol brasileiro?”.
Decisão mantida
Na cabine, Ilbert manteve o posicionamento de campo. “Ele pisa na bola para tentar jogar… Tudo checado. Número 8 (Andreas Pereira), identidade confirmada do cartão amarelo”, disse o responsável pelo VAR, encerrando a checagem.

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Também houve revisão em um pisão de Gustavo Gómez em Tapia, que gerou novas queixas tricolores. Ramon entendeu que o toque não foi proposital. “Pra mim tem o pisão, mas sem intenção. Tem um pisão de disputa”, afirmou o árbitro. O VAR confirmou: “Ele está desequilibrado, vai tentar saltar e não tem onde cair, tudo checado, pode seguir!”.
Por fim, o braço de Gómez no rosto de Tapia, que terminou com o chileno sangrando, também foi considerado acidental. “Quando ele vai levantar, toca o cotovelo. Já foi checado, quando vai levantar, atinge o rosto do atleta, mas nenhum gesto adicional, nenhuma ação de cotovelada no adversário”, explicou Ilbert Estevam da Silva.
Embora a CBF tenha divulgado as comunicações em um gesto de transparência, a divulgação reacendeu o debate sobre a qualidade da arbitragem e o uso do VAR no futebol brasileiro. O São Paulo, que se sentiu prejudicado, espera que a exposição dos áudios sirva de alerta para melhorar os protocolos e evitar novos erros decisivos nas próximas rodadas do Brasileirão.








