A crise política no São Paulo ganhou novo capítulo neste fim de semana. A oposição do Conselho Deliberativo avalia que terá, já nesta segunda-feira, as 50 assinaturas necessárias para protocolar o pedido de destituição do presidente Julio Casares. O movimento marca um avanço concreto após dias de tensão interna.

Julio Casares presidente do São Paulo durante partida no Morumbis
© Ettore Chiereguini/AGIFJulio Casares presidente do São Paulo durante partida no Morumbis

Com o número mínimo de conselheiros alcançado, a ideia é convocar uma reunião extraordinária para formalizar o pedido. Esse encontro seria o primeiro passo oficial de um processo que, se avançar, pode mudar o comando do clube ainda durante o mandato atual. Internamente, opositores admitem que o caminho é longo e politicamente desgastante.

Mesmo com o ambiente turbulento, pessoas ligadas tanto à oposição quanto à situação reconhecem que a maioria do Conselho ainda é fiel a Casares. Por isso, a estratégia passa por ampliar o desgaste público da gestão e transformar o descontentamento recente em votos dentro da casa deliberativa.

Como funciona o processo de afastamento

Para que o presidente seja afastado já na primeira etapa, o pedido precisa ser aprovado por pelo menos dois terços do Conselho Deliberativo. Hoje, isso representa 171 votos entre os 255 conselheiros aptos. Caso esse quórum seja atingido, Casares seria imediatamente retirado do cargo.

Na sequência, a decisão ainda teria de passar por uma Assembleia Geral, com participação dos sócios adimplentes do clube. Nesse estágio final, a aprovação ocorre por maioria simples, o que torna o processo ainda mais imprevisível e politicamente sensível para todas as partes envolvidas.

SP – SANTOS – 23/11/2025 – BRASILEIRO A 2025, SAO PAULO X JUVENTUDE – Hernan Crespo tecnico do Sao Paulo durante partida contra o Juventude no estadio Vila Belmiro pelo campeonato Brasileiro A 2025. Foto: Jota Erre/AGIF

O entendimento nos bastidores é de que, mesmo difícil, o movimento ganhou força suficiente para sair do discurso e entrar no rito estatutário. A oposição acredita que o momento é o mais favorável dos últimos anos para confrontar a atual gestão.

Áudio e camarote acenderam o estopim

O estopim da ofensiva política foi a divulgação de um áudio envolvendo Douglas Schwartzmann, diretor adjunto da base, e Mara Casares, ex-esposa do presidente. Na conversa, eles tratam da comercialização de ingressos de um camarote do Morumbis durante um show da cantora Shakira, realizado em fevereiro.

No material revelado, Schwartzmann reconhece que a operação teria ocorrido de forma clandestina e demonstra preocupação com possíveis punições. Ele também cita Márcio Carlomagno, superintendente geral do clube, como alguém que teria conhecimento do caso, o que ampliou ainda mais o desgaste político.

O camarote em questão é o 3A, registrado internamente como “sala da presidência”. Segundo apuração, o espaço teria sido explorado comercialmente, com ingressos vendidos por valores elevados, o que levou o episódio à esfera judicial e aumentou a pressão sobre a diretoria.