O dia seguinte à denúncia sobre a venda clandestina de camarotes no Morumbis é de tensão máxima no São Paulo. Internamente, a avaliação é de que o impacto político foi profundo, exigindo reação rápida da presidência. Por isso, Júlio Casares decidiu se reunir ainda nesta tarde com os seis grupos que compõem sua base de apoio.

Casares vive drama no São Paulo –  Foto: Ettore Chiereguini/AGIF
© Ettore ChiereguiniCasares vive drama no São Paulo – Foto: Ettore Chiereguini/AGIF

A movimentação tem como principal objetivo prestar esclarecimentos e tentar estancar o desgaste causado pelo caso. Pessoas próximas ao presidente relatam que o clima é de preocupação, mas também de tentativa de controle da narrativa. A prioridade é evitar fissuras irreversíveis na coalizão que sustenta a atual gestão.

Entre os grupos chamados está o Movimento São Paulo, considerado um dos pilares da diretoria. Liderado por Antonio Donizete, o Dedé, o MSP ganhou protagonismo involuntário na crise, já que Douglas Schwartzmann, diretor afastado e personagem central dos áudios, faz parte da ala política.

Pressão cresce nos bastidores

Além do MSP, Casares também conversa com Legião, Força São Paulo, Vanguarda e Sempre Tricolor. Cada grupo tem peso específico no Conselho Deliberativo e leitura própria sobre o momento político do clube. A presença de Olten Ayres e Harry Massis como líderes de grupos estratégicos aumenta a sensibilidade das reuniões.

Marcio Carlomagno – Foto: Divulgação/Sao Paulo FC

Embora ainda seja cedo para medir o real impacto da crise, há sinais claros de inquietação interna. Conselheiros admitem, reservadamente, que o episódio teve repercussão maior do que o esperado e gerou constrangimento dentro dos muros do Morumbis. O tema domina conversas e articulações desde ontem.

A oposição, concentrada no movimento Salve o Tricolor Paulista, aproveitou o cenário para agir rapidamente. O grupo protocolou uma carta pedindo o afastamento de Júlio Casares, aumentando a pressão institucional. No entanto, neste momento, a possibilidade de avanço do pedido é considerada remota.

Base ainda resiste, mas cenário inspira cautela

Aliados do presidente avaliam que a sustentação política ainda existe, mas reconhecem que o desgaste não é desprezível. A condução das explicações e a forma como o clube lidará com os desdobramentos da denúncia serão decisivas para manter o apoio dos grupos.

A leitura predominante é de que a crise ainda está em seu estágio inicial. Dependendo do avanço das investigações internas e externas, o impacto pode crescer. Por isso, o encontro desta tarde é visto como um movimento-chave para evitar que o problema se transforme em ruptura política.

No São Paulo, a expectativa é de dias intensos nos bastidores. A prioridade da presidência é ganhar tempo, reduzir danos e preservar governabilidade, enquanto a oposição observa atentamente cada passo da diretoria.