O último respiro de futebol que o Estado do RS presenciou, o inédito Gre-Nal da Libertadores, que parecia que jamais aconteceria (e, afinal, por pouco quase não houve, mesmo), deixou dois legados ao torcedor coloradoque podem ser vistos por perspectivas quase que antagônicas.
O primeiro foi instintivo e quase que simultâneo ao fato. Havia um frisson na torcida do Interque, entre todos os escombros que o clube precisou reerguer nos últimos anos, ainda era possível observar resquícios de um emblema que, outrora imponente – haja vista a hegemonia histórica de décadas -, sujeitava-se aos desmandos e provocações do lado azul.
E, talvez, quando Moisés enfrentou Pepê e iniciou a confusão, ver os atletas suplentes correndo para o enfrentamento naquela que se transformou quase que uma batalha campal, tenha provocado mais que um contentamento, um orgulho de milhões de colorados por ver, novamente, o Sport ClubInternacional inquieto, sem resignação e passividade, insurgindo-se diante de um rival que na maioria das vezes – e isso quem diz é a história – saiu de campo derrotado.
Por outro lado, outros milhões de colorados – e eu confesso também me juntar a esse coro – frustraram-se com os rumos da confusão. E por vários motivos. Primeiro porque tratava-se de uma partida histórica, em queos olhos do mundo estavam no clássico. Eu, mesmo, morando em Portugal, assisti ao jogo transmitido pela TV portuguesa em um pub com amigos. E, inegavelmente, não foi uma imagem positiva transmitida ao cenário mundial.
O segundo e mais contundente motivo é que, se tivesse que haver um vencedor naquele Gre-Nal, seria o Inter. Foi um time mais coeso, agressivo, perigoso e consistente. E crescia àquela altura da partida. Ainda restavam alguns minutos e a confusão, além de arrefecer os ânimos, tirou-nos jogadores importantes para a sequência do clássico. E o terceiro e derradeiro motivo que lamentamos são as suspensões anunciadas pela Conmebol.
Enquanto o Grêmio perdeu jogadores coadjuvantes e suplentes, o Inter perdeu aquele que, para mim, tornou-se a referência técnica e de intensidade de Coudet em campo. Falo de Edenilson, que recuperou o seu futebol após aquele fatídico 18 de setembro de 2019. Foram três jogos de gancho para o meia, mais quatro jogos para Moisés, que implica na escalação de Uendel para toda a fase de grupos, além de um jogo para o nosso melhor defensor do elenco, Cuesta e mais um jogo para Praxedes.
Na sua opinião, a Conmebol foi mais rigorosa nas punições com o Inter?
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São prejuízos técnicos irreparáveis que talvez só sejam abrandados com a satisfação de ver o Inter impondo-se como há muito não víamos. Se o elemento anímico se mostra relevante para uma retomada histórica, o prejuízo técnico acentua a gravidade da confusão a curto prazo. Essa conta só vamos saber se será positiva ou negativa quando, enfim, a bola voltar a rolar.