A vitória no clássico diante do Santos, que agradou torcedores palestrinos ao verem o time, enfim, funcionar, credencia o Palmeiras a entrar na semana de seu aniversário de 106 anos com ânimos apaziguados. Ela também permitevivenciar um período de cincodias de recuperação física sem confrontos na tabela. Uma preciosa raridade em tempos de calendário compactado por conta da pandemia do novo Coronavírus.
O triunfo deste domingo (23)foi fruto de um Verdão mais atento e organizado. A primeira vitória em clássicos do ano veio com uma atuação que destacou Lucas Lima na função de criar, algo que há tempos se esperava dele. Bruno Henrique também surpreendeu em desempenho produtivo, com chegadas decisivas no campo de ataque, tanto no apoio quanto em bons arremates para o gol. Dois jogadores muito criticados que oxalá tenham se reencontrado com o bom futebol.
A linha de frente alviverde executoubem a tática de asfixiar a saída de bola santista no primeiro tempo. A falta originária do pênalti que abriu o placarsaiu após roubada de bola de Rony e ligação aLucas Lima, que foi derrubado. No entanto, as limitações de Rony o fizeram não avançar além do apoio aos companheiros de setor. Com erros básicos, o camisa 11quase comprometeu em diversas ocasiões. Sua saída foi fundamental para que o setor ofensivo, em domingo de puro foco, ganhasse movimentação com Willian Bigode.
O Clássico da Saudade, assim chamado por ser o jogo paulista de craques divinos do passado, em sua versão 2020 quarentener viu uma partida magistral de Patrick de Paula. Seguro na marcação, opção referencial na distribuição de jogo, com características de jogador das antigas, seu futebol pela segunda vez demonstra crescer em jogo grande, de responsabilidade.
O golaço de Patrick de Paula é significativo. Ao correr para comemoração, De Paula concluía uma jogada nascida de uma triangulação iniciada com tomada de bola atenta de Lucas Lima, que, ao acionar Willian Bigode, possibilitou a troca de passes até a abertura de espaço da zaga rival e obelo chute de primeira do camisa 5. Finalmente um Palmeiras criativo para romper os obstáculos do adversário.
O domingo de vitória no Morumbi não foi de um Palmeiras impecável, o time sofreu alguns apagões como a pane que originou o gol de empate. De Maike aRamires, recém entrado no jogo, o gol foi tomado por uma certa falta de atenção e posicionamento. Mas se comparado com o caos apresentado nas últimas partidas, é possível dizer que houve um progresso.
Luxemburgo, é bem verdade, mexeu mal no intervalo. Ficou a sensação de que Bruno Henrique foi podado em plena reanimação vivida no primeiro tempo. Porém, a entrada de Ramires ao menos deixou claras as peças necessárias para deixar o Palmeiras com identidades definidas.
Com Bruno Henrique (em dia inspirado, importante ressaltar), o Palmeiras ganha o elemento que chega do meio para pressionar. Trata-se de um plus interessante aos talentosos Gabriel Menino e Patrick de Paula. Ramires deixa o Palmeiras sem a leveza propagada durante a semana pré-jogo, entretantopara ter o poder ofensivo obtido no primeiro tempo, é necessário saber se Bruno Henrique vai manter a postura que teve no clássico. Causa curiosidade em conferir se é interessante utilizar Zé Rafael na formação tática que parece ser a encontrada para o Palmeiras render.
Como o campeonato é extenso, é bom que o Palmeiras defina um time base e que Luxa possa alternar aspeças sem que se perda a objetividade alcançada no clássico. Achada a solidez necessária para se manter no topo da tabela, o desafio será administrar o elenco e os substitutos imediatos.
As ausências de Felipe Melo, Matias Viña e, possivelmente de Marcos Rocha, que se machucou durante o clássico, são as provas de que deixar o plantel em sintonia durante o Brasileirão será o diferencial em uma competição aqual todos os times enfrentaram inúmeras dificuldades.
O Palmeiras teve um domingo propício para um ponto de virada, se estabeleceu no G-4 com um jogo a menos. Não que signifique a qualidade alcançada em definitivo, ainda mais em princípio de Brasileirão, mas confere certa confiança para seguir. Se há poucos dias o time era questionado por não vencer times da Série A, a quebra do jejum de vitórias em clássicos no ano também anotou uma até então improvável invencibilidade de novepartidas.
