Após o indigesto Derby de retomada do Paulistão, o Palmeiras se levanta, engole a ira de ver tantos equívocos em uma só partida e segue sua jornada na temporada atípica. Já classificado para a próxima fase, Vanderlei Luxemburgo pode aproveitar a partida deste domingo (26) para ajustar a ligação entre o meio de campo e o ataque, ponto nevrálgico da derrota para o rival, já que com um adversário inoperante, o Alviverde apresentou um esquizofrênico volume de jogo, capaz de trocar passes, mas caótico nas conclusões ao gol.

Lucas Lima x Zé Rafael: Luxa define Palmeiras contra o Água Santa
Lucas Lima x Zé Rafael: Luxa define Palmeiras contra o Água Santa

O Profexô já deu a letra que para a partida contra o Água Santa, pela última rodada da primeira fase do campeonato, vai fazer, no máximo, duas alterações. Para quem acompanhou o desastre de quarta-feira (22), uma das alterações óbvias deve ser na vaga ocupada por Zé Rafael.

O meia apresentou uma atuação de enervar a unanimidade verde e branca pela sua ineficiência em prover o ataque e interligar setores ofensivo e defensivo na patética retranca itaquerense. Entretanto, é importante ressaltar que foi um caminho errado escolhido pelo treinador. Colocar Zé Rafael para atuar pelas pontas e ainda com a missão de criação ofensiva foi um devaneio deLuxa, ainda mais quando o objetivo era que ele ainda apoiasse no setor defensivo.

Lucas Lima e Raphael Veiga são os candidatos a fazer o papel de levar mais ofensividade objetiva na próxima partida. O primeiro leva vantagem, o treinador tem destacado o trabalho específico realizado e gostou de sua movimentação durante o clássico. Há cerca de 10 dias sinalizou que a titularidade só dependeria dele, já que confia no seu talento. Palavras do estrategista, creio que apenas ele saiu otimista com o desempenho apagado de Lucas Lima. Talvez um bom instinto do Profexô que mirabola planos.

Embora a partida que marca a volta dos jogos no Allianz Parque não exija a responsabilidade de classificação, o que pode levar a crer que seja ideal para diversos experimentos a fim de alinhar o poder de fogo palestrino, ainda mais com a possibilidade de 5 substituições, a prioridade para Luxa é que a equipe adquira ritmo de jogo. Ou seja, nãodeve promover rodízio ou testar diferentes formações durante a partida.

Marcos Rocha cumpriu suspensão no dérby e retorna à LD contra o Água Santa (Foto: César Greco / Ag. Palmeiras)

Outra alteração provável seja o retorno de Marcos Rocha na lateral direita. A presença de Gabriel Menino neste setor já é uma tendência que se firma no Palmeiras. Sua entrada no Derby agradou e deu mais mobilidade ao time, mas o camisa 2cumpriu suspensão automática no clássico. Dentro da lógica de conferir rodagem ao elenco nessa retomada, Meninoestá nos planos, já que obteve bom rendimento até a parada, com assistências, cruzamentos e desarmes importantes.

O lateral-esquerdo Matias Viña é carta fora do baralho após se lesionar no clássico.Ele vai cumprir um cronograma de retomada gradual aos trabalhos. Diogo Barbosa deve substituí-lo, já quefoi elogiado por Luxemburgo ao final da fatídica partida de Itaquera. Em meio ao caos, passou a impressão de que, ao menos, cumpriu seu papel defensivo.

A estratégia de manter um time titular para pegar ritmo de jogo é válida, mas, com problemas nítidos, mais alterações e experimentos são necessários para um melhor aproveitamento. No caso da meia cancha alviverde, Patrick de Paula agradou. Seria interessante apostar em uma sequencia do volante, já que a apatia de Bruno Henrique cansa a torcida há um certo tempo. Justo dizer que melhorou na segunda etapa do derby, mas há de se concordar que pouco constrói e não tem presença marcante no setor defensivo. Oportunidade perfeita para tentar novas formações.

Pitaco para a escalação:

Weverton;Marcos Rocha, Felipe Melo, Vitor Hugo e Diogo Barbosa; Patrick de Paula, Bruno Henrique e Lucas Lima; Willian, Rony e Luiz Adriano.

O trabalho de alinhamento da esquadra alviverde está apenas no começo de sua montagem. Luxemburgo quer um Palmeiras ofensivo. Desde antes da saída de Dudu, o técnico acenava que preparava um Palmeiras para frente. Os inverossímeis elogios da coletiva pós-clássicoforam fundamentados justamente no fato do time ter jogado boa parte da partida pressionando o adversário no campo de ataque. Aí a métrica claramente dispensou a objetividade e Luxa relativizou o gol.

Contudo, as definições para o time titular ainda passam pelo fator Gabriel Veron. É fundamental que ele atue no ataque palestrino tanto pelo poder ofensivo, quanto para ajudar no equilíbrio de responsabilidades do quarteto de ataque que nascerá. Mas esse é um quebra-cabeças para depois do Paulista. Lesionado, Veron não joga mais no Estadual.

Esse equilíbrio livrará o Palmeiras de depender de um único nome, algo que já não corresponde a realidade atual do plantel palmeirense, não há ainda um jogador capaz de chamar esse papel de protagonismo.

Ainda no Derby, foi angustiante ver Willian Bigode tentando desempenhar a função do meia que transita em ambos os lados do campo para municiar o ataque. Foi a prova de que está longe de Luxa encontrar alguémcom função de camisa 10 para chamar de seu, nem que seja improvisado, o tão falado “falso 10” que projetava caso Dudu ficasse.