Noite de desencanto no Allianz Parque, contra o Bolivar, pela 5ª rodada da Taça Libertadores da América. O torcedor não só viu um jogo em que troca de passes, triangulações e avanços ofensivos deram certo, como também viu Rony desencantar. Pelo placar de 5×0, percebe-se que o Alviverde desencantou até quanto a limitação da fluidez de seu jogo, que nas últimas partidas enlouqueceu o torcedor pela sina de empates
Bem expressiva é a palavra desencanto para caracterizar a vitória, seu significado aponta coisas distintas. Pode ser uma desilusão, obvio que não é do que se trata, o sentimento da palavra aflorado no campo de Parque Antártica tem dois sentidos, como quem descobre algo oculto ou como quebra de feitiço.
A descoberta ficou por conta de que enfim o Palestra achava uma maneira de propor uma intensidade produtiva rara de ser vista nos últimos jogos, já a quebra de feitiço tem em seu símbolo maior Rony, o camisa 11 saiu do jejum de gols que o fazia exalar ansiedade, bem como, agoniava o torcedor que não via o atacante render o que despertou o interesse do clube em contratá-lo.
Rony jogou bem, mesmo que ainda apresentasse alguns momentos em que se atrapalhava pela ansiedade, se sobressaiu em uma partida como alguém atento e presente em diversos lances, participou dos gols de Willian e Wesley, que também realizou uma partida impecável, com muita velocidade e jogadas insinuantes.
Na realidade, a segunda etapa da partida foi o momento do universo verde e branco em desencanto, no primeiro tempo, o time padeceu de certa falta de confiança, mesmo com a abertura do placar aos 4min, o Palmeiras inexplicavelmente recuou aceitando o jogo do Bolivar, Weverton trabalhou, mostrando segurança ao ser acionado. A etapa inicial teve ainda inúmeras repetições de vícios que travam o Verdão, como a mania de ao contra-atacar,tocar a bola de lado ou para trásaté o time adversário se recompor.
Matias Vinã simboliza o ponto de virada palestrino no segundo tempo, pois foi um dos que mais errou na primeira etapa e ao voltar para o tempo final de jogo realizou uma partida de muita efetividade, o gol que fez pode ser um estímulo ao lateral voltar a crescer, evoluir seu futebol que é de qualidade, o Uruguaio é craque.
Foi nítido que o atropelo encima do Bolivar era um ato que deixava o time mais leve no decorrer da partida. Viu-se isso nas comemorações compartilhadas, vivenciadas por todos, o gol de Rony pareceu ter sido feito por todo elenco. Luxa gostou do que viu, flagrado aplaudindo diversas iniciativas e também filmado fazendo gesto de “sai zica” ao brincarcom Ramires quando este se preparava para entrar.
Mesmo que quase infartando Palestrinos, o Palmeiras vai no passo a passo se acertando. Sinais disso são as atuações da zaga, que ontem segurou a pressão do Bolivar, ou na efetividade intacta de Patrick de Paula, o jovem da base comfutebol de veterano. Patrick sobra no campo com um futebol assombroso.
Até Bruno Henrique, que talvez seja um dos jogadores símbolos da inconstância verde realizou um primeiro tempo onde foi uma interessante ferramenta de ligação. Na meia cancha Palestrina, Lucas Lima que se cuide, pois cresce o futebol de Raphael Veiga, se prosseguirem com os avanços conquistados, sem dar margem para involuções possíveis, o Palmeiras pode contar com duas opções de armação.
Que a sonora goleada libertadora de ontem sirva de inspiração para que as vitórias também venham no Campeonato Brasileiro. O time vive de contradições no Brasileirão (invicto mas com dificuldades de vencer) e céu de Brigadeiro no campeonato continental. Quando o Palmeirense faz a transição de campeonatos, passando do Nacional para a Libertadores, é como andar de montanha russa, pois em um vive fortes emoções esperançosas (Libertadores), para rapidamente despencar em queda alucinante nas tensões do Brasileiro.
Mas vamos saborear a classificação para a próxima fase da Libertadores. A vitória de ontem não foi apenas uma oportunidade de expurgos e limpezas na aura do Palmeiras, afinal, conferiu números interessantes na história do Verdãoem suas participações na Libertadores. Com 102 triunfos ao longo de suas participações na Libertadores, o Palmeiras é o segundo time brasileiro que mais venceu na competição, à frente do Cruzeiro, terceiro colocado com 95, e atrás apenas do Grêmio, com 103.
É inegável que o nível de dificuldade encontrada na partida contra o Bolivar é diferente do encontrado em embates pelo campeonato Brasileiro, porém, a goleada pode ser o ponto de virada preciso para o prosseguir da jornada palestrina, afinal, a efetividade encontrada no jogo de ontem é a tão esperada pela massa verde e branca.