*Nota: o texto abaixo, além de analítico, possui caráter opinativo. Ele reflete apenas a opinião do autor e não do Bolavip Brasil.

ANÁLISE: Kirk Cousins tem culpa sim, mas está longe de ser o único culpado do fracasso

Contratado em 2018 “a peso de ouro” (3 anos, $84 milhões de dólares, todos garantidos), o quarterback Kirk Cousins comanda o ataque do Minnesota Vikings há quatro temporadas. Nestes anos, Cousins manteve uma boa média de produtividade em equipes que tinham potencial para ir longe. Contudo, também ficou marcado por algumas “pipocadas” contra equipes melhores. Mas a pergunta de hoje é: Kirk Cousins é um péssimo quarterback como taxam? Ele é o culpado pela falta de sucesso dos Vikings ao longo desses anos?

A resposta é: não

Entendo quem ache Kirk Cousins um péssimo quarterback, muito se deva talvez pelas populares “pipocadas” em jogos importantes, seja contra equipes acima dos .500 de aproveitamento e/ou nos jogos de horário nobre (os primetimes), além da falta de liderança que se exige de um quarterback na NFL. Mas ele não é ruim como muita gente diz que ele é.

Apesar de já ter tomado algumas decisões muito controversas dentro do pocket, Cousins tem um bom processamento mental e boa visão de campo, combinado com uma boa força no braço, ele consegue estender o ataque e conseguindo big plays com seus wide receivers. O camisa 8 se mostra um jogador preciso e, embora não produza tantas jardas assim como QB, produz o suficiente para ajudar a equipe a vencer.

Desempenho de Kirk Cousins em suas temporadas com o Minnesota Vikings

Ano

% de passes completos (ranking)

Jardas por jogo (ranking)

Passer rating (ranking)

2018

70.1% (2º)

268.6 (15º)

99.7 (10º)

2019

69.1% (5º)

240.2 (18º)

107.4 (4º)

2020

67.6% (9º)

266.6 (9º)

105.0 (8º)

2021 (16 jogos)

66.4 (17º)

264.7 (10º)

101.3 (4º)

Cousins tem sofrido bastante com a precisão dos passes nesta temporada, embora tenha bons números ao longo dos anos. Mais do que isso, seu passer rating mostra que há entrega por parte do jogador, contudo, não acaba salvando do fato de que os Vikings só tiveram duas temporadas positivas com Cousins como QB (2018 e 2019). Ainda sim, não dá pra negar que Kirk Cousins é um cara competente no que se propõe e além disso, tem um elenco muito talentoso ao seu redor.

O elenco dos Vikings possui um dos melhores running backs da liga em Dalvin Cook e uma ótima dupla de recebedores em Adam Thielen e Justin Jefferson. Jogadores como estes ajudam a “aliviar” a pressão em cima dos ombros do QB, mas quando uma equipe com ótimos jogadores e um quarterback, que mesmo sendo limitado, mostra produtividade não conseguem ir além na temporada, se questiona se a culpa não está além do campo.

Os (des)comandos de Mike Zimmer

Mike Zimmer é Head Coach dos Vikings desde 2014, quando deixou de ser coordenador defensivo no Cincinnati Bengals. Zimmer é conhecido pela sua mentalidade defensiva, utilizando um esquema 4-3 que pode variar em um 4-2-5 nickel onde se busca, essencialmente, neutralizar o jogo corrido. O treinador costuma utilizar uma variação de blitzes, montando uma defesa muito agressiva.

O grande ponto do trabalho de Zimmer nos últimos anos vem sendo a dificuldade do técnico em adaptar a sua defesaao que podemos chamar de “revolução ofensiva”, com a liga sendo tomada pelos RPOs (run-pass option). Para o torcedor Henrique Gucciardi, essa dificuldade é sentida desde a derrota para o Philadelphia Eagles, na final de conferência de 2017. “Parece que o técnico não conseguiu adaptar a sua defesa para jogar contra o ataque de spread e RPOs que dominou a NFL nos últimos anos. Essa falta de adaptação consegue ser vista também durante os jogos, quando na maioria das vezes ele falha em fazer mudanças no intervalo, e, quando faz, costumam dar errado.”

Uma outra reclamação vem pelo excesso no jogo corrido. Na era Kirk Cousins, o time teve quatro coordenadores ofensivos diferentes, sendo Klint Kubiak o atual técnico. O abuso no jogo terrestre acaba expondo muito Dalvin Cook e o mesmo já perdeu jogos nesta temporada. A ausência de um jogo aéreo eficaz, a falta de exploração nas rotas dos wide receivers e de play-actions tem sido uma das reclamações dos torcedores. “Como abusa do jogo corrido e não amplia o jogo aéreo, o ataque dos Vikings fica muito limitado, não dá pra por a culpa 100% no Cousins”, diz o torcedor Lucas Félix.

Até a defesa dos Vikings tem sido um problema nesta temporada pela falta de constância. Mesmo vencendo alguns jogos, o time acabou cedendo muitos pontos ao adversário. Um exemplo é contra os Steelers, que até o fim do terceiro período liderava por 29 a 7 e nos últimos 15 minutos sofreu 21 pontos e quase levou a virada. Hoje, os Vikings tem a quarta pior defesa da liga, sendo a 6ª pior contra o jogo aéreo (média de 248.5 jardas/jogo) e a 5ª pior contra o jogo terrestre (média de 130.5 jardas/jogo).

Qual a conclusão disso tudo?

Na minha opinião, Cousins tem sim uma parcela de culpa na falta de sucesso dos Vikings ao longo destes últimos anos. Ele é um cara mediano para bom, que consegue ser produtivo e comandar a equipe a vitória ou pelo menos deixá-la em condição de tal. Contudo, ele mostra muita limitação e em algumas situações faltou presença e pulso de um quarterback, seja para liderar a equipe, seja para comandar o time em voos maiores ou contra adversários que exigem mais.

Entretanto, quando deixamos de olhar somente o quarterback e vemos mais do elenco, vemos que a maior parte dos problemas ao longo destes quatro anos de Cousins em Minnesota cai sobre os ombros de Mike Zimmer e todo o coaching staff, pela falta de mudança no esquema tático do time, pela instabilidade na posição de coordenador ofensivo e até mesmo na falta de entrosamento entre quarterback e Head Coach.

Para Lucas, Zimmer não é um técnico de “pulso”: “Ele não tem pulso firme para comandar a equipe, geralmente o quarterback é quem ‘comanda’ o time e o Kirk Cousins não tem esse espírito de liderança que o Tom Brady, Aaron Rodgers tem. O Zimmer se contentou com o Cousins ser medíocre ou mediano e o Cousins também se contentou em ser assim.”

Seja como for, muitos torcedores pedem a cabeça do treinador principal da franquia e espera-se que alguém com uma mentalidade mais ofensiva possa elevar o patamar do time. Quanto a Cousins, o mesmo deve continuar numa linearidade de produção, tendo as peças que tem à sua disposição. Ele não vai ser um Fran Tarkenton, mas ele não é um Christian Ponder da vida. O camisa 8 tem a sua parcela de culpa, mas está longe de ser o responsável.

Mike Zimmer merece ser demitido do Minnesota Vikings?

Mike Zimmer merece ser demitido do Minnesota Vikings?

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