Aos22 anos,Alison dos Santos conquistou, nesta terça-feira (19), a medalha de ouro nos 400m com barreiras no Mundial de Atletismo disputado em Eugene, nos Estados Unidos. Feito inédito, ele se torna o primeiro homem brasileiro a ser campeão mundial no atletismo. Com o apelido de Piu, ele ficouconhecidonacionalmente quando conquistou o bronze nos Jogos de Tóquio, no ano passado. Conheça mais sobre a história de Alison!

Alison dos Santos sagrou-se campeão mundial nesta terça-feira (19)
© Créditos: Getty ImagesAlison dos Santos sagrou-se campeão mundial nesta terça-feira (19)

Acidente domésticogerou cicratizes

Nascido em São João Joaquim da Barra, interior de São Paulo, um fato marcou a sua infância.Ainda com 10 meses de vida, uma panela de óleo quente caiu sobre Alison. O então menino sofreuqueimaduras de terceiro grau, necessitando permanecer noHospital do Câncer de Barretos por dois meses. Ele comemorou o aniversário de um ano ainda internado. Isso gerou cicatrizes consideráveis na parte superior da cabeça e, também, um pouco na testa, o fazendo perder os cabelos. Há, também, marcas menores no peito e no braço esquerdo.

Alison durante o Mundial de Eugene. Créditos: Getty Images

Timidez para entrar no atletismo

Por conta das cicratizes, Alison era um menino bastante tímido na infância. Na escola, ele costumava utilizar boné para esconder os sinais na cabeça. Ainda adolescente, ele ganhou o apelidopor ser parecido com outra pessoa conhecida como “Piu” em sua cidade.Aos 14 anos, ele já tinha 1,85m e praticava judô, até queum projeto social de atletismo o “descobriu”. Em visita a escolas, professores doInstituto Edson Luciano Ribeiro notaram o menino e disseram: “Vai conhecer o atletismo, você tem que cara de quem gosta de esporte”, contaAna Fidélis, primeira treinadora de Alison em entrevista aoUOL.

No entanto, Alison não compareceu ao projeto. Após alguns meses, um novo convite chegou a ser realizado para o menino, que aceitou. Um amigo,Alexandre Inocêncio, treinava noatletismo e serviu para Piu superar a timidez. “Mas ele era tão tímido por causa da queimadura, que só ia de boné. Ele morria de vergonha”, relembra Ana. No primeiro torneio, que ocorreuno Centro Olímpico de São Paulo, ele correu usando uma touca amarela após pegar emprestado de um colega deequipe.

Progresso meteórico no atletismo

Piu não demorou a mostrar bons resultados no atletismo. Aos 16 anos, já disputava provas entre adultos nos 400m com barreiras e nos 400m rasos. Desde 2018, ele começou a competir em provas internacionais. No Pan-Americano de Lima, de 2019, conquistou a medalha de ouro nos 400m com barreiras. Naquele ano, fezfinal do Mundial de Doha, chegando na sétima posição com a marca de 48s28. A mudança de patamar começou em 2021 quando, em abril, no Torneio Drake Relays, dos Estados Unidos, marcou o melhor tempo do ano na prova: 48s15. A partir disso, veio o bronze em Tóquio e quatro vitóriasnas etapas da Diamond League deste anoantes de se tornar campeão mundial.